Violência contra deficiente atinge mais quem tem transtorno mental
Atlas da Violência mostra que 11.577 casos de agressão contra pessoas com deficiência ocorreram em um ano
atualizado
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A maior parte das vítimas de violência e que são portadoras de algum tipo de deficiência é composta por mulheres e tem transtorno mental. É o que revela o último Atlas da Violência, pesquisa elaborada partir de dados do Ministério da Saúde.
De acordo com as informações reunidas em unidades de saúde do país, foi registrado um total de 11.577 casos de violência contra pessoas portadoras de deficiência em 2021. São os dados mais recentes para esse tipo de violência.
Desse total, 68% das vítimas são do gênero feminino. Além disso, o tipo de deficiência mais comum entre os alvos de violência é o transtorno mental, que representa uma fatia de 44,6% dos casos.
O Atlas da Violência foi lançado nesta terça-feira (5/12) e é uma parceria do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Tortura e hematomas
Segundo o levantamento dos pesquisadores, o tipo de violência mais comum contra deficientes é a física, o que pode representar crimes de agressão e até tortura.
Foi esse o cenário encontrado em uma clínica religiosa na zona rural de Anápolis (GO), em agosto deste ano (foto em destaque). Segundo investigação policial, pessoas com transtorno mental consideradas “mais problemáticas” eram amarradas, levavam banhos de água gelada e ficavam nuas, como forma de castigo.
Casos como esse são mais comuns do que se pode imaginar. Em maio, uma outra clínica foi fechada após investigação policial no Entorno do Distrito Federal.
No local, havia jovens e idosos com dependência química, que eram amarrados na cama e obrigados a entrar em piscinas com água gelada durante a madrugada. Um interno chegou a morrer e sobreviventes relataram que chegavam a passar fome.
Subnotificação
Em análise do Atlas da Violência, os pesquisadores apontam que as pessoas com deficiência podem encontrar diversas barreiras para acessar equipamentos públicos e serviços de saúde.
“(Essas barreiras) podem esconder um número mais expressivo de violência do que o revelado pelas notificações”, diz trecho do relatório.