Vigilante que matou porteiro em briga por bola de papel morre de Covid
Walles Gomes de Lima foi contaminado pelo coronavírus em unidade prisional de Goiás, onde cumpria pena por homicídio gravado por câmeras
atualizado
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Goiânia – Quase cinco meses depois de ser condenado por matar em serviço um porteiro, colega de trabalho, por causa de uma briga por uma bolinha de papel, em Itumbiara, no sul de Goiás, um vigilante de 29 anos morreu, na quinta-feira (1°/7), por complicações da Covid-19. Ele estava internado em um hospital da cidade.
Como mostrou o Metrópoles, o vigilante Wallas Gomes de Lima foi condenado a 17 anos, 4 meses e 12 dias de prisão, em regime inicialmente fechado, por homicídio duplamente qualificado contra o porteiro Guilherme Alves Pereira, de 23. O crime foi motivado por discussão em torno de uma bolinha de papel, em 13 de outubro de 2018, na cidade.
Veja vídeo, abaixo:
A Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) confirmou ao portal a informação sobre a morte do vigilante por causa da doença. “O preso mencionado estava internado em unidade de saúde do município, recebendo os devidos tratamentos médicos devido a complicações causadas pela Covid-19. Local em que veio a óbito”, diz um trecho da nota.
Goiás foi um dos últimos estados a registrar casos da doença entre a população carcerária, de acordo com a DGAP. A diretoria informou que, diante da constatação de sintomas da doença, imediatamente, foram reforçadas as medidas de combate e prevenção dentro do estabelecimento penal.
Segundo a DGAP, não há indícios de surto de Covid-19 no presídio de Itumbiara. A direção da unidade prisional informou ainda que todos os presos que tiveram contato com os detentos contaminados foram isolados e estão em observação.
Coronavírus em presídios
De acordo com dados oficiais, Goiás já realizou 10.006 testagens de Covid-19 em presos, confirmou 2.572 casos da doença. Outros 2.405 foram recuperados e 93 estão em tratamento. Com a morte do vigilante, subiu para 14 o número de detentos mortos por complicações da doença no estado, segundo levantamento da DGAP.
Relembre o caso
O vigilante foi condenado no dia 12/2/21, durante sessão de julgamento que durou nove horas. A sentença condenatória foi assinada pela juíza Thaís Lopes Lanza Monteiro, presidente do Tribunal do Júri da Comarca de Itumbiara, ligada ao Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO).
Na sentença, a juíza considera o motivo fútil do crime, sem permitir defesa da vítima, além do fato denotar maior censurabilidade social por ter sido praticado por quem deveria, por compromisso profissional, garantir a segurança do local.
Além disso, a decisão considerou o fato de que o crime foi praticado em ambiente público, em horário de expediente e na presença de outros trabalhadores. A juíza também citou o fato de que a vítima já estava deitada ao ser alvejada por tiros residuais e apontou requintes de crueldade no fato.
Um dos aspectos levantados pela defesa do acusado é de que ele teria sido provocado pelo porteiro. No entanto, a juíza considerou que não houve comprovação da alegada provocação ao longo das investigações, o que também não foi reconhecido pelos jurados.
O Metrópoles não conseguiu localizar contatos de familiares do vigilante, para saber informações sobre o local e horário de sepultamento dele.