Vieira no Egito: “Paralisia do Conselho de Segurança prejudica civis”
Chanceler discursou em cúpula sobre guerra em Gaza. Ele condenou ataque terrosita do Hamas, pediu cessar-fogo e intervenção humanitária
atualizado
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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o Brasil “rejeita e condena os ataques terroristas do Hamas a Israel” e cobrou uma ação imediata do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) sobre a situação humanitária na Faixa de Gaza. A declaração foi feita durante a Cúpula da Paz, no Egito, neste sábado (21/10).
Vieira destacou a proposta brasileira vetada pelos Estados Unidos no organismo multilateral, e criticou “a paralisia do Conselho de Segurança”.
“Apesar dos esforços, o Conselho de Segurança foi lamentavelmente incapaz de aprovar uma resolução em 18 de outubro. No entanto, os muitos votos favoráveis que o projecto de resolução recebeu – 12 em 15 – são prova do amplo apoio político a uma ação rápida por parte do conselho. Acreditamos que essa visão é partilhada pela comunidade internacional em geral”, frisou o ministro.
Proposta brasileira
Em reunião na última quarta-feira (18/10), o Brasil apresentou uma proposta de resolução pedindo um cessar-fogo no conflito e a abertura de corredores humanitários em Gaza. O texto acabou vetado pelos Estados Unidos, sob justificativa de ausência de uma cláusula para o direito de Israel de se defender.
Vieira está no Cairo, capital do Egito, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para participar da Cúpula da Paz, convocada pelo país-sede para discutir a crise humanitária decorrente do conflito no Oriente Médio.
Antes da reunião, Vieira destacou que chegou o momento de tomar medidas voltadas para ajuda humanitária a fim de aliviar o sofrimento do povo de Gaza.
“A expectativa é que se crie uma consciência de que é chegado o momento de pôr um ponto-final a esse derramamento de sangue e a essa guerra que, no fundo, afeta todo mundo”, declarou o chanceler.
Veja imagens do conflito entre Hamas e Israel:
Crise humanitária
Neste sábado (21/10), caminhões com ajuda humanitária que estavam retidos no Egito passaram pela fronteira entre Rafah e Gaza, após dias de disputas diplomáticas sobre as condições de entrega da ajuda. O comboio inclui 20 caminhões, com comida, água e remédios.
Ainda não há uma autorização para a retirada dos cidadãos estrangeiros que buscam repatriação. Entre eles, está o grupo de cerca de 30 brasileiros que o Itamaraty tenta resgatar do epicentro do conflito.
No pronunciamento, o chanceler brasileiro citou os três brasileiros vítimas do Hamas, e condenou o ataque a serviços de infraestrutura básica, como o bombardeio que atingiu o hospital al-Ahli Arab, na cidade de Gaza, na terça-feira (17/10).
“Deixem-me ser claro: há um amplo apelo político à abertura de pausas humanitárias urgentemente necessárias, ao estabelecimento de corredores humanitários e à proteção do pessoal humanitário.” Ele também cobrou um esforço para evitar “qualquer possibilidade de repercussão regional do conflito”.
Primeiras reféns libertadas
Nessa sexta-feira (20/10), o Hamas libertou as primeiras reféns, de um grupo de 200 pessoas. Duas americanas, moradoras de Chicago, foram liberadas pelo grupo extremista.
Judith Tai Raanan e Natalie Shoshana Raanan, mãe e filha, respectivamente, foram sequestradas pelo Hamas durante o ataque a Israel no último dia 7. Ambas estavam em Israel para visitas e confraternização com parentes.