Vídeo: Wanderson demonstra frieza no depoimento em que confessa crimes
Caseiro fala de três assassinados sem demonstrar emoção. Ele diz que estava “doido demais” e fica de cabeça baixa em alguns momentos
atualizado
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Goiânia – O assassino confesso Wanderson Mota Protácio, de 21 anos, quase não esboçou reações enquanto era questionado por policiais civis sobre as mortes a facadas da companheira grávida de 19 anos e de sua enteada de dois anos de idade. Ele também matou um fazendeiro de 73 anos no mesmo dia.
Trechos do interrogatório com uma equipe da Divisão de Investigação de Homicídios de Anápolis mostram Wanderson algemado com as mãos para trás e uma corrente prateada no pescoço. Ele descreve a dinâmica do crime sem demonstrar sentimentos.
“Ela pegou a faca. Aí eu disse, então eu vou embora. Aí ela falou “pode ir, não estou nem aí”. Aí ela veio para cima de mim com essa faca, por trás das minhas costas. (…). A faca estava em cima da pia. Ela pegou e veio para cima de mim. Foi quando eu rumei o cotovelo para o rumo dela e ela caiu no chão”, relata Wanderson, descrevendo o momento em que agrediu Raniere.
A motivação do desentendimento entre os dois, conforme o preso teria dito aos policiais, seria os ciúmes que ela sentiria dele. Essa parte não está no vídeo divulgado pela polícia.
Veja o vídeo
Cabeça baixa
Já em outro momento do interrogatório ele fica de cabeça baixa enquanto os investigadores perguntam o motivo dele ter matado a criança de dois anos, filha de sua companheira.
“O motivo. Você matou a mãe dela. Deixar a criança viver, com dois anos, ela até ia esquecer, mas por que tirar a vida da criança daquele jeito?”, questiona o investigador. No entanto, Wanderson continua de cabeça baixa.
Um outro investigador narra o depoimento que está sendo digitado: “Indagado acerca do motivo de ter matado a criança, não sabe.”
Mesmo no momento do depoimento em que pede perdão para a mãe da mulher assassinada, Wanderson não demonstra reação, ficando apenas com o olhar distante enquanto fala.
“Eu não sei. Eu estava doido demais. Eu peço perdão para a mãe dela, que um dia ela me perdoe, mas ela não vai perdoar não. Acabei com a família dela. Acabei com a minha”, diz o suspeito.
Wanderson se entregou para a polícia no último sábado (4/12), com a ajuda de uma moradora da zona rural, após seis dias fugindo entre Corumbá de Goiás e Gameleira de Goiás, passando por Alexânia e Abadiânia. Ele permanece preso em uma cela separada do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia.
Crimes em série
Os crimes em série de Wanderson Protacio foram praticados no fim da tarde de domingo (28/11). De acordo com a polícia, o jovem matou a facadas a própria companheira, Raniere Aranha Figueiró, de 19 anos, e a filha dela, Geysa Aranha da Silva Rocha, de 2 anos.
Na sequência, o caseiro invadiu a casa de um vizinho, roubou o revólver dele e matou a tiros o produtor rural Roberto Clemente de Matos, de 73 anos. Ele teria cometido o crime para roubar uma camionete. Neste mesmo episódio, teria tentado estuprar a esposa da vítima, de 45 anos, não conseguiu e a baleou. A mulher sobreviveu.
A caminhonete roubada foi abandonada em uma rodovia da região. Wanderson vendeu o celular que pertencia a sua esposa a um receptador de Alexânia, que acabou sendo preso. Da cidade, ele fugiu de táxi pelo menos até Abadiânia. Um taxista confirmou ao Metrópoles que fez a viagem e relatou o perigo que enfrentou sem saber.
Crimes no currículo
Essa onda de crimes não é a única passagem de Wanderson pelo mundo do crime. Em 2019, ele esfaqueou várias vezes uma jovem de 18 anos no dia do aniversário dela. O caso foi em Goianápolis (GO). O agressor só parou com os ataques porque a faca quebrou. Ele chegou a ser preso pela tentativa de feminicídio. À época, em uma audiência, ele zombou do episódio. O jovem acabou sendo solto em março de 2020.
Em 25 de novembro aquele ano, Wanderson se envolveu em outro crime, dessa vez em Minas Gerais. Ele é apontado como participante na morte do taxista Maurício Lopes Mariano, de 25 anos, em São Gotardo. Ele foi preso na região junto com outras três pessoas (dois adolescentes) pelo crime. O taxista teria sido amarrado com o cinto de segurança e esfaqueado até a morte.
Chama a atenção o caso de Wanderson e as semelhanças com a história do criminoso Lázaro Barbosa, de 32 anos, que cometeu crimes em série no Entorno do DF em junho deste ano. Após cometer homicídios em sequência, o também caseiro passou 20 dias fugindo das forças policiais na região, até ser morto em um confronto no dia 28 de junho.