Vídeo: surdo toma celular de mulher e é preso; juíza manda soltá-lo
Leonardo Bezerra, 27, estava preso desde o dia 28 de março. Vídeo mostra o jovem pegando o telefone da mulher, mas advogado descarta roubo
atualizado
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Rio de Janeiro – Jovem surdo acusado de roubo por duas mulheres em Nova Iguaçu, baixada fluminense do Rio, foi solto neste sábado (16/4), por volta das 8h50. Acompanhado dos advogados, Leonardo Bezerra, 27, deixou o presídio Evaristo de Moraes, em São Cristóvão, zona norte da cidade.
Imagens das câmeras de segurança mostram Leonardo de bicicleta, puxando o celular do bolso de uma das mulheres. No mesmo instante, ela e a outra, que está com um bebê no colo, tentam impedir a ação.
Elas entram em luta corporal com Leonardo e em certo momento a criança quase cai do colo da mulher. Uma delas, então, pisa no pneu da bicicleta do rapaz, que foge.
Em seguida, ele foi agredido por populares e levado para a delegacia, onde teve a prisão confirmada, sem conseguir se defender, já que não consegue falar, ouvir, ler e escrever.
Defesa
Mesmo após a divulgação das imagens, a defesa de Leonardo descarta roubo:
“O vídeo traz informações de que ele não cometeu roubo, mas sim algo muito menor. As imagens mostram isso. Cabe ao representante do Ministério Público, dizer o que foi conforme o que ele entender, mas fica claro que não houve roubo”, disse o advogado de Leonardo, Daniel Barbosa Marques ao Metrópoles.
A decisão da juíza Viviane Tovar de Mattos Abrahão, diz que Leonardo não estava armado, agiu sozinho e cita o fato dele ser réu primário e ter bons antecedentes. Segundo a juíza, ele está sendo acusado de roubo simples na modalidade tentada:
“Observe-se que apesar de a vítima ter narrado que foi agredida com socos no peito e no braço, de acordo com a dinâmica dos fatos narrados no inquérito policial o acusado praticou os atos de violência no intuito de garantir o sucesso da prática delituosa, eis que a esta o segurou pela camisa impedindo a sua fuga”, diz trecho da decisão.
A juíza completa que, tal conduta, apesar de reprovável, “não é capaz de, por si só, incutir ao réu a periculosidade necessária a justificar a manutenção de sua prisão, especialmente porque de acordo com o que consta nos autos este possui algum grau de comprometimento cognitivo conforme é possível de verificar pelos documentos juntados por sua defesa”.
Laudo
A juíza também fala que não se sabe se sua deficiência cognitiva é capaz de afastar ou não sua culpabilidade. Somente um laudo de sanidade é capaz de atestar ou não.
“A juíza entendeu, presumiu que ele tenha problemas cognitivos, pediu um exame de sanidade. O MP tipificou como roubo apenas por não ter visto o vídeo antes e com base nos relatos das vítimas e dos policiais. Se eles tivessem visto antes, acho pouco provável que eles teriam tipificado como roubo”, disse a defesa do jovem.
Desde a prisão, a família do Leonardo tentava provar a inocência do jovem e mostrar ilegalidades, já que ele foi preso sem intérprete.