Vídeo: professor de GO preso com faixa contra Bolsonaro faz panelaço
Arquidones Bites foi detido pela PM no dia 31/5 em Trindade por se recusar a tirar do carro uma faixa que dizia: “Fora Bolsonaro genocida”
atualizado
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Goiânia – Dois dias depois de ter sido preso pela Polícia Militar de Goiás por levar no carro e se recusar a tirar uma faixa com a frase “Fora Bolsonaro genocida”, o professor Arquidones Bites, de 58 anos, organizou, em casa e ao lado de familiares e amigos, um panelaço em frente ao mesmo veículo enfeitado com a mesma indumentária. Ele se somou ao movimento nacional contrário ao presidente Jair Bolsonaro, que foi registrado em várias cidades na noite dessa quarta-feira (2/6).
No vídeo, é possível ver o professor, que também é sindicalista e dirigente do Partido dos Trabalhadores (PT) em Goiás, puxando o coro “Fora Bolsonaro genocida” e a consequente bateção de panelas. A ação ocorreu no mesmo momento em que o presidente fazia um pronunciamento.
Veja vídeo:
Lei de Segurança Nacional
No dia 31/5, Arquidones Bites levava, pelas ruas de Trindade, em seu carro, a faixa com críticas ao presidente. Ele foi parado por uma guarnição de quatro policiais militares na rua e solicitado a retirar a indumentária do veículo. O grupo era comandado pelo 1º tenente da Polícia Militar Marlon Jorge Albuquerque, que é admirador e apoiador declarado de Bolsonaro.
Conforme o oficial, o professor estaria infringindo a Lei de Segurança Nacional no trecho que proibiria calúnias ao presidente da República. Criada pela ditadura militar, e modificada em 2016, novas mudanças na lei estão em debate no Congresso e sob avaliação no Supremo Tribunal Federal (STF). Em maio, a Câmara aprovou projeto que a revoga, mas ainda falta o Senado decidir sobre o tema.
Bites teria sido um dos organizadores do protesto contra o presidente Jair Bolsonaro em Goiânia no último sábado (29/5), e manteve a faixa no veículo após o evento. E foi justamente a presença dela no carro que levou os militares a efetuarem a prisão.
Professor do ensino médio e dirigente do PT, além de fundador do partido em Trindade, onde foi vereador, além de membro do Sindicato dos Trabalhadores na Educação em Goiás (Sintego), Arquidones Bites é irmão do ex-secretário do Entorno do Distrito Federal e ex-vereador de Valparaíso de Goiás Arquicelso Bites, que morreu vítima da Covid-19 em 30/3.
Agressão
Como o educador se recusou a retirar a faixa, foi preso pela PM. A ação foi toda filmada e ele denunciou ter sido vítima de agressão policial. O homem foi levado para uma delegacia em Trindade, onde os policiais civis se recusaram a prosseguir com a prisão. Não satisfeitos, os policiais militares se deslocaram até Goiânia, para a sede da Polícia Federal, onde também ouviram a negativa de autuar o professor.
Por fim, o oficial da PM pretendia levar Arquivaldo Bites para Trindade, para que ele pudesse ser enquadrado, com o apoio da Polícia Civil de Goiás, por desacato. No entanto, com a mobilização em torno do fato, acabou desistindo do intento. Já era tarde da noite e o professor foi liberado.
Afastamento
O que o policial conseguiu foi uma repreensão por parte da Secretaria de Segurança Pública e da própria PM, com consequente afastamento das funções operacionais. Além disso, ele será investigado pela Corregedoria da PM por conta de sua conduta.
“O policial militar, envolvido nesse fato lamentável, foi afastado de suas funções operacionais. Ele responderá a inquérito policial e procedimento disciplinar para apuração de sua conduta. O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Segurança, informa que não coaduna com qualquer tipo de abuso de autoridade, venha de onde vier. Assim sendo, todas as condutas que extrapolem os limites da lei são apuradas com o máximo rigor, independentemente do agente ou da motivação de quem a pratica”, disse a SSP em nota.
Posteriormente, o próprio governador Ronaldo Caiado (DEM), fez, eco à posição e disse ser contrário a abuso de autoridade e que o caso será investigado.
Defesa
Entidades representativas dos militares no estado se manifestaram a favor da atitude do Tenente Albuquerque. Conforme nota pública, as entidades consideram que o professor foi “abordado pela equipe policial, que agiu em estrito cumprimento do dever legal e nada mais fez do que cessar a prática de delito e, encaminhado à autoridade policial para que fossem tomadas as medidas cabíveis”.
De acordo com a nota, o tenente, comandante da equipe, tinha o dever legal de agir e cessar o delito descrito na Lei de Segurança Nacional. “A ação militar foi devidamente amparada nos princípios legais e realizada conforme as regras estabelecidas no Procedimento Operacional Padrão, não cometendo nenhum excesso”.
Cidade Ocidental
Essa não é a primeira vez nos últimos dias que a PM de Goiás se envolve em polêmica relacionada com abordagem. No último final de semana, repercutiu em todo o Brasil o momento em que uma dupla de policiais abordam um jovem negro em Cidade Ocidental. O youtuber Filipe Ferreira filmava manobras em uma bicicleta para seu canal quando os PMs param a viatura, apontam as armas e o revistam. Ele disse que foi vítima de abuso de autoridade.