Vídeo: Pazuello negociou Coronavac com intermediários pelo triplo do preço
Gravação contradiz depoimento à CPI da Covid-19, no qual o ex-ministro disse que não se reuniu com empresas para discutir compra de vacinas
atualizado
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Em encontro fora da agenda, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, negociou com intermediadores a compra de 30 milhões de doses da vacina Coronavac. Os imunizantes foram oferecidos ao governo pelo preço de 28 dólares por dose, o que corresponde a quase o triplo do valor comercializado pelo Instituto Butantan (10 dólares).
Uma gravação em que Pazuello descreve o compromisso foi obtida pela Folha de S.Paulo. Na ocasião, em 11 de março, o ex-ministro se encontrou com representantes da empresa World Brands, de Santa Catarina. A reunião aconteceu no gabinete do então secretário-executivo da pasta, o coronel da reserva Elcio Franco.
A informação contradiz depoimento do ex-ministro à CPI da Covid-19, em maio. Durante a oitiva, Pazuello declarou que não se reuniu com dirigentes da Pfizer por entender que as conversas deveriam ser travadas pelo setor administrativo da pasta, e não pelo ministro.
Veja:
De acordo com o jornal, metade do valor da compra, cerca de R$ 4,65 bilhões (considerando a cotação do dólar à época), deveria ser depositada até dois dias depois da assinatura do contrato. Um dos assessores do ministro teria o alertado de que a proposta era incomum, acima do preço, e a empresa poderia não ser representante oficial da fabricante da vacina.
Segundo a publicação, o vídeo foi feito pelo aparelho celular do empresário identificado como “John”. Parte da equipe de Pazuello pediu que os demais presentes não divulgassem a gravação.
“Saímos daqui hoje com o memorando de entendimento já assinado e com o compromisso do ministério de celebrar, no mais curto prazo, o contrato, para podermos receber essas 30 milhões de doses, no mais curto prazo possível, para atender a nossa população”, diz o então ministro. O acordo, no entanto, seria realizado diretamente com o governo chinês.
No vídeo, Pazuello afirma que assinou um memorando de entendimento para a compra. Entretanto, mesmo com essa suposta garantia, a negociação não foi finalizada.