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Vídeo: “Não é uma relação fácil”, diz Hamilton Mourão sobre Bolsonaro

Ao Metrópoles o vice-presidente queixou-se por ficar de fora de reuniões ministeriais, mas garantiu que apoiará Jair Bolsonaro em 2022

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Caio Barbieri entrevista Hamilton Mourão
1 de 1 Caio Barbieri entrevista Hamilton Mourão - Foto: Metrópoles

Em entrevista ao Metrópoles, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), afirmou que a relação com o o chefe do Executivo federal, Jair Bolsonaro (sem partido), não é simples, nem fácil. Afastado das reuniões ministeriais e dos eventos do governo, o general disse que “tenta cooperar com o presidente”, mas destacou que “fica difícil” ajudar “sem saber o que está acontecendo” no Palácio do Planalto.

Mourão recorreu à história para justificar o distanciamento do mandatário do país. “O papel do vice-presidente na história da República sempre foi complicado. Começando pelo primeiro, o Floriano Peixoto”, lembrou. “Não é uma relação simples, não é uma relação fácil”, disse (confira a partir de 12’). “O que tenho tentado é cooperar com o presidente, e para isso preciso saber o que está acontecendo. Quando não sei o que está acontecendo, fica difícil cooperar”, queixou-se.

O general, no entanto, afastou a possibilidade de uma ruptura. “Fui eleito para ser vice-presidente do presidente Jair Bolsonaro. Então, vou acompanhá-lo até o dia 31 de dezembro do ano que vem”, disse. Mourão garantiu, ainda, que apoiará o mandatário em 2022.

O vice-presidente afirmou que não conversou com Bolsonaro sobre a composição da chapa que disputará as próximas eleições, mas reconheceu que provavelmente estará fora do grupo. “Os indícios são de que o presidente pode escolher outra pessoa como seu candidato a vice, até por problemas de composição política”, assinalou. “Aguardo, pacientemente, o que vai acontecer”, concluiu (13’).

Mourão revelou que pensa em concorrer ao cargo de senador. Sobre as negociações de Bolsonaro com sua legenda, o PRTB, o general pontuou que seria bom para a sigla. “O PRTB vive um momento difícil, porque não venceu a cláusula de barreira na última eleição. E a vinda do presidente da República com o grupo dele seria uma oportunidade para o partido conseguir, nas eleições do ano que vem, voltar para o jogo.”

Em relação ao apoio de legendas de centro ao projeto de reeleição de Bolsonaro, o vice-presidente avaliou que depende da melhora na economia e da evolução da vacinação contra a Covid-19.

Pandemia
O militar optou por participar da entrevista remotamente por causa da pandemia de Covid-19. Adepto ao uso de máscaras, o general está vacinado contra o novo coronavírus – ele recebeu duas doses da Coronavac. Apesar de adotar postura diferente das ações de Bolsonaro, o vice-presidente evitou criticar o mandatário da República ao falar sobre o assunto e ponderou que há uma “discussão centrada em cima da pessoa do presidente Bolsonaro”.

“As ações do governo vão muito além da retórica. As ações positivas superam algum tipo de retórica que não seja a melhor possível”, disse (1’50”). Mourão relacionou as 500 mil mortes por Covid-19 no Brasil à “desigualdade socioeconômica”. De acordo com o general, a realidade brasileira “obriga que algumas pessoas tenham que estar na rua trabalhando”.

Sobre a CPI da Covid-19, instaurada no Senado Federal para investigar a conduta do governo federal no combate à pandemia, o vice-presidente avaliou que alguns senadores estão sendo “agressivos”. A médica Nise Yamaguchi processou Omar Aziz (PSD-AM) e Otto Alencar (PSD-BA) por “desrespeito” e “humilhação” durante sua oitiva.

Meio ambiente
Presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL), criado pelo governo federal para promover e planejar o desenvolvimento da região, Mourão afirmou que o grupo se reorganizou de acordo com os acontecimentos que envolvem a área ambiental. Apontou, no entanto, que é necessário apoio dos ministros para que os trabalhos sejam feitos de forma correta. Recentemente, o vice-presidente criticou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, após o titular da pasta não comparecer a uma reunião do conselho.

“O conselho foi recriado na esteira dos acontecimentos do segundo semestre de 2019, com a intensificação das queimadas. As Forças Armadas foram empregadas. O próprio ministro do Meio Ambiente, naquela reunião que ocorreu em janeiro do ano passado, propôs ao presidente que criasse uma instância que pudesse enfrentar não só as ilegalidades, mas também todas as situações da Amazônia. Se todos os ministros não cooperarem nesse trabalho, fica difícil para mim levar isso adiante, porque não é uma função executiva, é dos ministérios”, disse (9′).

Mourão garantiu que o governo federal trabalha para cumprir as metas estabelecidas pelo presidente Jair Bolsonaro na Cúpula do Clima, como fortalecer os órgãos ambientais do país e eliminar o desmatamento ilegal até 2030.

“O que eu sei é que está sendo encaminhado ao Congresso uma proposta de crédito extraordinário para compensar as perdas do Ministério do Meio Ambiente no orçamento. Além disso, estamos novamente empregando as Forças Armadas para enfrentar as ilegalidades que vêm ocorrendo, que aumentaram nos últimos três meses. Temos que deixar claro não só para a sociedade brasileira, mas para a comunidade internacional, que nós vamos cumprir as metas assumidas”, afirmou (10′).

O vice-presidente afirmou que tenta trabalhar “da melhor forma possível” com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. “Se o presidente escolheu um determinado ministro e o mantém, é uma decisão dele, e eu tenho que saber jogar esse jogo com a peça que está no tabuleiro”, enfatizou (11′),

Na entrevista, Mourão também falou sobre as manifestações — tanto contra quanto a favor do governo federal –, avaliou sobre os impactos da decisão do Exército de não punir o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello por ter participado de um ato ao lado do presidente Jair Bolsonaro e comentou a busca pelo maníaco Lázaro Barbosa, no entorno do Distrito Federal. Confira:

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