Vídeo: mulher que pulou de prédio para fugir de estupro volta a andar
Juliane Lacerda conseguiu dar os primeiros passos sozinha. “Fiquei sem acreditar”, diz. Ela pulou do 1º andar e sofreu lesão medular
atualizado
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Goiânia – Prestes a completar três meses do dia que mudou sua vida tragicamente, a microempresária Juliane Lacerda, de 36 anos, surpreendeu a si mesma e conseguiu dar os primeiros passos sozinha, depois de viver a incerteza sobre se voltaria ou não a andar. Ela pulou de um prédio no dia 29 de janeiro, em Goiânia (GO), para fugir de um estupro.
“Eu fiquei sem acreditar”, diz ela, quando se deu conta pela primeira vez, no dia 15 de abril, de que estava conseguindo retomar o movimento das pernas e deu os primeiros passos sozinha, durante uma sessão de fisioterapia no Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer).
No mesmo dia, quando retornava para casa, ela conta que passou em uma loja e comprou um andador. Desde então, Juliane treina em casa e nas sessões que segue fazendo para retomar o equilíbrio e a força das pernas. O foco agora é esse, segundo ela.
“Primeiro eu engatinhei, depois consegui ficar de pé. É como se eu nunca tivesse andado antes. É reaprender tudo do zero. Agora, eu preciso ganhar força e equilíbrio. É bem difícil, ainda. O andador é pesado, mas pelo menos estou saindo da cadeira de rodas, porque desde que saí do hospital eu só estava na cadeira de rodas”, relata.
Lesão gravíssima
Juliane sofreu uma grave lesão medular no momento em que caiu no chão, ao pular do primeiro andar do prédio onde fica o salão de beleza que ela possui, no Setor Parque Oeste Industrial, em Goiânia. A queda foi registrada por câmeras de segurança, e é possível notar que ela não conseguia se levantar, devido ao impacto.
Ela quebrou uma vértebra lombar e os dois calcanhares. Os médicos que a atenderam no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) deram alta a ela no dia 11 de fevereiro, depois de duas cirurgias, uma na coluna e outra no calcanhar.
“Eles falavam que minha lesão foi gravíssima e que não sabiam se eu voltaria a andar. Dependeria muito de mim e da fisioterapia”, conta. Juliane, no entanto, nunca perdeu a esperança na possibilidade de voltar a andar. Ela só imaginava que fosse demorar um pouco mais do que esses menos de três meses.
Os primeiros passos surgiram como uma esperança de retomada da liberdade e da vida que ela mantinha antes. “Sempre tive fé, mas achei que fosse conseguir só depois de oito meses a um ano. Não achei que fosse ser tão rápido”, comemora.
Veja o momento que ela conseguiu andar sozinha:
Mudança da rotina
Acostumada à rotina diária de trabalho, Juliane viu a própria vida mudar bruscamente em 29 de janeiro, quando o assaltante e estuprador entrou dando voz de assalto em seu salão de beleza. “A minha vida parou. Ela é dedicada agora à fisioterapia e a voltar a andar”, afirma.
Três vezes por semana, ela faz sessões de acompanhamento no Crer e, em casa, ela contratou os serviços particulares de outra fisioterapeuta para seguir com as atividades em pelo menos mais dois dias da semana. É cansativo, segundo ela, devido a força que precisa fazer.
Pessoas da família se revezam para ajudá-la nos movimentos dentro de casa. Inicialmente, a mãe e a irmã estiveram mais presentes. Hoje, elas dividem a função com mais duas tias de Juliane. “Não fico mais sozinha”, conta ela.
O salão de beleza segue em funcionamento, do outro lado da rua. Uma colega segue prestando serviços no local. Juliane optou por mantê-lo aberto para não perder o ponto, e espera um dia voltar à ativa.
Entenda o caso
A microempresária estava no salão de beleza na manhã de 29 de janeiro, quando ela e a manicure foram surpreendidas por um homem que chegou dando voz de assalto e armado com uma faca. Ele entrou e fechou a porta, sem deixar opção de fuga.
Depois de pegar o dinheiro do caixa e os celulares das duas mulheres, o homem ordenou que elas tirassem as roupas e que subissem para o andar superior, indicando que iria estuprá-las. “O momento que eu mais tenho nojo e não gosto de lembrar é quando ele tira a roupa dela (da manicure) e a dele também”, relembra Juliane.
O medo foi imediato. Ela conta que subiu desesperada para o primeiro andar e já com a certeza na cabeça de que iria pular. E assim ocorreu. Juliane caiu no chão da calçada e começou a gritar por socorro.
O rapaz, Felipe Lopes Maia, de 22 anos, saiu correndo na hora, com medo de que alguém pudesse chegar. Ele ficou foragido por mais de duas semanas e foi preso em Goiânia no dia 17 de fevereiro.
Juliane falou com o Metrópoles nos primeiros dias em casa, após a alta: