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Vídeo: mulher que disse ser autista para não usar máscara se desculpa

Natasha Borges se disse arrependida, mas comparou as máscaras contra a Covid a focinheiras. Ela ainda pode responder por três crimes

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1 de 1 - Foto: Reprodução/Instagram

A bióloga Nathasha Borges usou as redes sociais para se desculpar após se recusar a usar máscara de proteção contra a Covid-19, em um shopping de Recife, com a desculpa de ser autista. Na ocasião, a mulher contou a estratégia nas redes sociais, com a justificativa de que “a lei proíbe o uso” de máscaras em pessoas com autismo.

“Eu errei miseravelmente em falar que era autista sem ser. Não há justificativas para pegar um tema tão delicado e depois fazer uma brincadeira de péssimo gosto. Eu quis me beneficiar de uma lei que não se aplica a mim, para não usar a tal máscara”, disse Natasha, no Instagram.

Alegando não ser amparada por um dispositivo legal que permita que asmásticos e alérgicos não utilizem a máscara, como no caso de autistas, a bióloga compara a máscara a uma focinheira, usada em cachorros e animais domésticos.

“Naquele dia, eu estava com rinite alérgica e seria impossível usar, mas em todos os lugares que fui e que botava o nariz pra fora, era obrigada a colocar o nariz pra dentro. Eu não tenho nenhuma lei que me proteja da minha condição alérgica, de forma que com crise de alergia, ou não, eu preciso usar a máscara, a qual chamo delicadamente de focinheira”, continuou a mulher, em tom de ironia.

O disposisito ao qual ela se refere é a Lei 14.019, de 2 de julho de 2020, que especifica quais públicos estão dispensados de usar a máscara de proteção contra a Covid-19.

De acordo com o § 7º do Art. 3º da 13.979/2020, ficam de fora “pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), com deficiência intelectual, com deficiências sensoriais ou quais outras deficiências que as impeçam de fazer o uso adequado de máscara de proteção fácil, conforme declaração médica, que poderá ser obtida por meio digital”.

Pela conduta, Natasha está sendo investigada pela Polícia Civil de Recife e pode ser indiciada por três tipos de crime: descumprimento de medida sanitária, incitação ao crime e discriminação de pessoa com deficiência. Se condenada, ela pode enfrentar uma pena de detenção e reclusão de mais de três anos, além de multa.

Veja a íntegra do pedido de desculpas de Natasha:

Entenda o caso

A bióloga Natasha Borges, moradora de Recife, chocou internaturas depois de compartilhar um vídeo explicando como burlou a exigência de uso de máscara contra a Covid-19, no Shopping RioMar, no bairro do Pina, na zona sul de Recife. O uso do equipamento é obrigatório em locais públicos de Pernambuco desde maio de 2020.

“Vim na reunião aqui no RioMar e aí eu fiquei sem máscara o tempo inteiro. Teve uma hora que o homem veio me perguntar – aquele segurança do carrinho –: ‘moça, dá pra colocar a máscara?’, aí eu disse ‘não porque eu sou autista’”, contou ela, enquanto caminha no estacionamento.

Na sequência, Nathasha diz que também foi a uma loja de roupas sem a proteção e voltou a ser abordada. “Depois eu fui na C&A e o segurança fez a mesma coisa: ‘moça, a máscara’ e eu disse ‘sou autista, posso não!’, acrescentou, entre risadas.

Com a repercussão, a mulher ainda se mostrou incomodada com a falta de “interpretação” a quem a criticou. Ela teve a conta do Instagram derrubada. “Eu não fui preconceituosa. É que a lei proíbe o uso desse tipo de EPI para pessoas com espectro autista. Vou colocar o link aqui pra você dar uma olhadinha. Estuda antes de falar besteira, ô sem noção”, disse ela.

Ela ainda acrescentou tecendo mais ofensas a pessoas portadoras de alguma deficiência: “Deixa de ser anta, tu tá praticamente escrava do estado, ô debiloide. Eita povo chato e burro. Dá uma estudadinha nessa lei, diga que você é autista e pare de usar essa focinheira, porque é melhor tu ser autista do que ser cachorro”.

Eficácia das máscaras

Estudos comprovaram que a combinação entre o tipo de máscara usada e o tempo de permanência no mesmo ambiente que uma pessoa infectada é crucial para evitar infecções.

Dados da Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais (ACGIH) (no gráfico abaixo) mostraram que, no último ano, o vírus leva cerca de 15 minutos para infectar uma pessoa saudável em contato com uma doente quando as duas estão sem máscara, frente a frente, a uma distância inferior a dois metros.

No entanto, esse cenário pode mudar em ambientes com a presença da variante Ômicron, considerada altamente transmissível, inclusive entre vacinados.

Veja o tempo médio que o coronavírus leva para infectar pessoas com diferentes modelos de máscaras:

tabela colorida que mostra eficácia das máscaras contra coronavírus

Para ser considerada segura, a máscara deve ser suficiente para evitar que o vírus entre em contato com as mucosas do rosto. O modelo N95 se destaca: “Além do poder de barreira, ele tem uma capacidade de filtração muito maior que a máscara de pano ou a cirúrgica”, explica a médica infectologista Ana Helena Germoglio.

O item, que é referência, consegue filtrar até 98% das partículas de aerossol, as partículas mais leves, que têm a capacidade de ficar suspensas no ar por mais tempo. Quando um paciente da Covid-19 usa a N95 próximo a uma saudável, sem máscara (e vice-versa), o tempo médio de infecção sobe de 15 minutos para 2,5 horas.

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