Vídeo mostra seguranças da BRF agredindo haitiano: “Fui sufocado”
A empresa informou que abriu sindicância para investigar as circunstâncias do episódio e afastou os envolvidos
atualizado
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O imigrante haitiano Djimy Coesmeus, de 28 anos, foi imobilizado e agredido por três seguranças de um frigorífico da BRF em Chapecó (SC), onde a vítima trabalha, no último dia 8 de julho. A empresa disse que os funcionários foram afastados, assim como a vítima e seu supervisor, mas sem perda de salário, enquanto o caso é investigado.
O caso foi noticiado neste domingo pelo site do jornal Folha de S.Paulo, que divulgou o seguinte vídeo da sessão de agressões. O empregado haitiano pede ajuda enquanto é segurado e derrubado. Um deles apoia o joelho nas costas do homem. Veja:
A agressão ocorreu após uma discussão do empregado com seu supervisor, identificado apenas como Moisés. Segundo o boletim de ocorrência lavrado no dia, Cosmeus foi chamado ao escritório do supervisor no dia 8 de julho por volta de 13h45.
O supervisor teria então cobrado o empregado sobre uma falta no dia anterior e queria que ele assinasse uma advertência. O imigrante argumentou que teria trabalhado normalmente e se negou a assinar o documento.
Moisés teria então pedido que Cosmeus deixasse o local, mas se seguiu uma discussão e os seguranças foram chamados. No Brasil há seis meses, o haitiano ainda tem dificuldades com o português.
O trabalhador deu entrevista ao site Brasil de Fato e disse que se sentia vítima de racismo e xenofobia na empresa.
“Eu gritava para alguém fazer alguma coisa, eles gritavam que estavam me disciplinando. Eu gritei que esse homem iria me matar, eu sentia dores nas costas e fui sendo asfixiado, não conseguia respirar”, narrou Djimy Cosmeus sobre o episódio.
Outro lado
A empresa BRF informou que abriu sindicância para investigar as circunstâncias do episódio e afastou os envolvidos. Veja a íntegra da nota divulgada pela empresa:
A BRF realiza uma sindicância para apurar todas as circunstâncias do episódio ocorrido em sua unidade de Chapecó (SC). Os vigilantes da empresa de segurança já foram substituídos, e o colaborador e seu supervisor seguem afastados, sem prejuízo de sua remuneração, até o término da apuração.
A Companhia convidou representantes de três entidades sindicais para acompanhar a sindicância, reforçando seu compromisso com a integridade e a transparência. São elas: Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação da CUT (CONTAC-CUT), Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA) e Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Carnes e Derivados de Chapecó (Sitracarnes).
A BRF reforça o seu repúdio a toda e qualquer forma de violência e discriminação dentro e fora de suas instalações. A Companhia destaca ainda que possui um longo histórico de convivência com colaboradores de diferentes culturas e nacionalidades, sendo uma das maiores empregadoras de imigrantes e refugiados do País.