Vídeo mostra Naja do DF no Butantan: “Tem hora que ela tá um inferno”
Serpente ficou famosa depois de picar um estudante de veterinária no DF. A cobra será estrela na reabertura do museu do Butantan
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo – Você se lembra da Naja de Brasília? A cobra ficou conhecida em todo o país após picar um estudante de veterinária no ano passado e desencadear uma investigação sobre tráfico de animais silvestres. Atualmente, a serpente mora no Instituto Butantan, em São Paulo, onde virou uma estrela e, foi carinhosamente batizada de Nadja.
Um vídeo divulgado pelo instituto mostra como está sendo a rotina de Nadja, que será uma das principais atrações do Museu Biológico, na Zona Oeste da capital paulista, com previsão de reabertura para este mês.
Veja o vídeo:
Rotina de cuidados
Segundo informações do Butantan, Nadja exige trabalho redobrado. O técnico responsável pela casa da serpente realiza algumas etapas de manutenção do recinto, como lavar, trocar a água, higienizar o vidro e ajeitar os galhos e plantas.
“Tem hora que ela tá um inferno, destrói tudo. A gente prepara o recinto, todo bonitinho com plantas. Daqui a pouco, à noite, ela destrói tudo”, conta Giuseppe Porto, diretor do Museu Biológico, no vídeo.
Para a alimentação não há um padrão. O instituto oferece comida de acordo com o peso, tamanho e espécie. Nadja, por exemplo, possui 800 gramas e se alimenta de roedores uma vez por mês, em uma quantia de 10% a 20% de seu peso.
Em época de muda, quando entram na fase de crescimento e trocam de pele, as serpentes comem menos. Giuseppe explica que a tensão do animal é maior nesse período e que por isso recusam o alimento.
Temperamento forte
Ainda de acordo com Puorto, a equipe do Butantan segue em processo para lidar com a cobra. Desde que chegou da apreensão, Nadja é constantemente observada pelos funcionários do museu. “Estamos cada vez mais aprendendo a lidar com ela, que está se acalmando muito lentamente”.
De seu recinto, localizado em um dos primeiros corredores do local, a serpente que tem quase dois metros de comprimento parece tranquila. No entanto, se engana, quem se deixa levar pelas aparências. O diretor relata que ela é bastante imprevisível, hora agitada, hora na dela. “Às vezes, nós passamos por aqui, ela está quieta, depois ela levanta, dá susto na gente”, conta.
Relembre o caso
A Naja foi apreendida em julho de 2020, quando o estudante de medicina veterinária com ênfase em animais silvestres e exóticos Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkul foi picado por ela, no bairro Guará, em Brasília (DF).
O jovem de 22 anos chegou a ficar em estado grave e coma induzido na UTI do Hospital Maria Auxiliadora. Mas sobreviveu após ser tratado com soro produzido no Instituto Butantan, de São Paulo.
Durante a investigação do caso, a polícia descobriu que o estudante criava em casa e de forma clandestina, a cobra da espécie naja kaouthia. O rapaz chegou a ser preso, mas acabou solto após seus advogados conseguirem um habeas corpus.
Um mês depois do episódio, um amigo de Pedro, também estudante de medicina veterinária, Gabriel Ribeiro, 24 anos, deixou a Naja no estacionamento de um shopping. A serpente foi colocada dentro de uma caixa de plástico, próximo a um barranco, nas redondezas do Pier 21, no Setor de Clubes Sul. Desde então, a cobra foi conduzida ao Butantan e recebe atenção e cuidados especiais.
Tráfico de animais
O episódio desencadeou uma investigação sobre tráfico de animais silvestres. Em agosto de 2020, a Polícia Civil do DF (PCDF) indiciou onze pessoas por crimes ambientais. Pedro Henrique foi indiciado por tráfico animais silvestres, associação criminosa e exercício ilegal da medicina veterinária.