Vídeo: morador chama porteira de “macaca” e “chimpanzé” em Goiânia
O momento da injúria racial foi registrado em vídeo e entregue à Polícia Civil. Funcionária diz que está com medo de voltar ao trabalho
atualizado
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Goiânia – A porteira de um prédio de luxo no Jardim Goiás, região nobre de Goiânia, registrou em vídeo, nesse domingo (18/4), o momento em que foi alvo de xingamentos racistas por parte de um dos moradores. O homem, raivoso, aparece nas imagens xingando-a de “macaca” e “chimpanzé”.
O caso foi levado à polícia nesta segunda-feira (19/4). A vítima está sendo auxiliada pela administração do edifício (Residencial M Times) e também pela empresa terceirizada, pela qual ela presta serviços como porteira.
“Eu fiquei com muito medo e decidi gravar para realmente registrar que eu estava sendo ofendida, porque, se eu precisasse provar, eu teria um respaldo. Só consegui filmar no finalzinho, porque ele já estava me xingando bem antes. Foi só no final que eu consegui filmar. Eu estava muito nervosa e não conseguia colocar no vídeo”, conta ela ao Metrópoles.
Veja vídeo:
Segundo o síndico do prédio, Anderson Schneider, a porteira cumpriu os procedimentos de segurança recomendados pelo edifício e, mesmo assim, foi desacatada pelo morador.
“Ele tentou acessar o portão do estacionamento sem o controle, sem o dispositivo, simplesmente piscou o farol e a porteira não abriu, que é o procedimento correto”, diz ele.
Insistente, o morador tentou várias vezes, piscando os faróis do carro, e a porteira não cedeu. O correto seria que ele se identificasse, pelo menos. Ele ligou na portaria e a funcionária pediu que ele se identificasse por telefone. “Ele não quis e já começou a xingá-la”, conta Anderson.
Em seguida, o morador desceu do carro, foi até a portaria e seguiu com o xingamentos. “Macaca, você está fudida (sic)”, disse. Ao ver que a porteira estava gravando, ele a chamou de “chimpanzé” e falou: “me encara, desgraça”.
“Estou com medo”
A funcionária do prédio, que pediu para não ser identificada, diz estar com medo de voltar a trabalhar. Ela está conversando com a empresa terceirizada para ver uma alternativa possível, diante do ocorrido, pois precisa do trabalho para pagar um curso que ela está fazendo.
“Eu preciso trabalhar. Faço curso e dependo desse trabalho para pagar meu curso. No momento, não me sinto bem, porque realmente estou com medo”, diz ela.
Essa foi a primeira vez que a porteira diz ter sido vítima de racismo em local de trabalho. “Sempre me trataram bem, e eu sempre tratei todos com respeito, todos por igual”, afirma.
Morador reincidente
No caso do morador, não foi a primeira vez, no entanto, que ele pratica algo do tipo. O síndico conta que situações semelhantes ocorreram nas gestões passadas da administração do prédio. “Ele também ameaçou a síndica”, relata.
O prédio é novo, tem três anos que está pronto e o morador reside no local há cerca de dois anos. A gestão atual está avaliando quais medidas administrativas (multas e autuações) poderão ser tomadas para penalizá-lo.
O caso foi registrado no 8º Distrito da Polícia Civil, em Goiânia e será investigado pelo delegado Gil Bathaus. A identidade do morador não foi revelada.
Agentes estiveram no prédio nesta manhã para intimá-lo e não o encontraram em casa. A intimação foi deixada com uma funcionária do morador e solicita que ele vá à delegacia para depor na manhã desta terça-feira (20/4).