Vídeo: Jean Gorinchteyn diz que posicionamento do CFM “dá suporte” para prescrição de tratamento precoce
Em entrevista ao Metrópoles, o secretário de Saúde de São Paulo criticou médicos que se mantêm favorável à oferta de remédios sem eficácia
atualizado
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Em entrevista ao Metrópoles, o secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, criticou médicos que ainda mantêm posicionamento favorável à oferta do chamado tratamento precoce contra a Covid-19. O infectologista destacou que, apesar das pesquisas científicas apontarem a ineficácia dos medicamentos, a discussão sobre o tema continua, por causa da postura de alguns profissionais de saúde. Gorinchteyn também citou o posicionamento do Conselho Federal de Medicina (CFM).
“Essa discussão [sobre tratamento precoce] já cansou. Mas quem faz essa discussão [continua] não são os gestores, são os médicos. É a inferência, seja do Conselho Federal [de Medicina], seja dos conselhos regionais, que dão suporte a essas situações em que a ciência já mostrou não serem verídicas”, disse (confira a partir de 23’).
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid aprovou, nessa quinta-feira (23/9), a convocação de Gorinchteyn para depor. De acordo com o requerimento, apresentado pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE), o secretário poderá esclarecer o número real de mortes por Covid no estado após as revelações do caso Prevent Senior. A empresa de assistência médica é acusada de pressionar médicos a recomendar remédios ineficazes contra a Covid e de ocultar mortes em estudo sobre a utilização da cloroquina.
“Nós gostaríamos que a cloroquina fosse uma boa droga. Mas os trabalhos mostraram que não era. E que não funcionava não só do ponto de vista antiviral, contra o vírus, mas que, também, como consta em bula, provoca efeitos adversos como alterações cardiológicas. O próprio Covid compromete os músculos, o músculo cardíaco é um deles. Quando se associa os riscos da medicação com os riscos da própria doença, há uma maior chance de morte súbita. E é isso que, infelizmente, acabou acontecendo com vários pacientes”, afirmou Gorinchteyn ao Metrópoles.
Vacinação de adolescentes
O secretário de Saúde de SP defendeu a aplicação de imunizantes contra a Covid-19 em adolescentes e criticou declarações do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, insinuando possíveis riscos da vacinação desse grupo etário.
“Nós tivemos mais de 2,4 milhões de jovens que tomaram. Tivemos o relato de um ou outro evento adverso, como previsto em bula. Nenhum que tenha exigido que a gente tomasse alguma medida de descontinuidade do processo de vacinação para esse público”, frisou (0’30”).
Gorinchteyn destacou que a vacinação dos jovens é importante para conter a disseminação do novo coronavírus. De acordo com o secretário, a contenção da transmissão do vírus entre os jovens pode evitar mutações. “Eles [os adolescentes] acabam se aglomerando, não seguindo todas as normas sanitárias e levam o vírus para casa, para os avós, os tios”, salientou.
O secretário de Saúde de SP defendeu a adoção do chamado passaporte de vacinação. Mas argumentou que cabe aos municípios decidirem sobre a adoção da medida, uma vez que as prefeituras são responsáveis por fiscalizá-la.
Gorinchteyn reclamou da distribuição de vacinas realizada pelo Ministério da Saúde aos estados. “Informações desencontradas, doses sendo entregues a menor. Frustra nossas expectativas e acaba gerando críticas sobre o processo de vacinação. Joga para o estado a responsabilidade por uma dose de vacina que não chegou”, queixou-se.
Durante a entrevista, Gorinchteyn também falou sobre a compra direta de doses da Coronavac pelos estados e da expectativa para a vacinação de crianças contra a Covid-19. Confira: