Vídeo: general Heleno comete transfobia contra Duda Salabert na CPI
O general Heleno se referiu ao masculino durante resposta à deputada Duda Salabert, mulher trans, na CPI dos atos golpistas
atualizado
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Depois de proferir palavrões em reação à senadora e relatora Eliziane Gama (PSD-MA) durante depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, nesta terça-feira (26/9), o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República no governo Jair Bolsonaro (PL), se exaltou novamente. Dessa vez, com a deputada Duda Salabert (PDT-MG).
O militar interrompeu a parlamentar, que é uma mulher transsexual, e se referiu a ela no masculino: “Essa afirmativa. Eu estou querendo proteger vossa excelência. Isso é uma afirmativa mentirosa. Se eu quiser, eu vou para a Justiça, processo o senhor e boto o senhor na cadeia”, afirmou.
Quando a sessão foi retomada, Duda relatou que o general pediu desculpas pelo equívoco.
Assista:
⚠️ General Heleno chama deputada Duda Salabert de “senhor” durante CPMI
Durante o depoimento do General Heleno, a deputada Duda Salabert (PDT-MG), ao citar a operação Punho de Ferro no Haiti, foi interrompida pelo militar. “Vou pra Justiça, processo o senhor”, disse pic.twitter.com/vgo8daCmom
— Metrópoles (@Metropoles) September 26, 2023
Depois, o deputado Abílio Brunini (PL-MT) interrompeu a fala de Salabert, o que fez com que o presidente da CPMI pedisse que ele saísse do plenário. “Se houver justiça no Brasil, o senhor vai sair preso dessa CPI”, havia recomeçado a deputada, se referindo ao general, antes de ser interrompida por Abílio.
“Deputado Abílio, eu estou lhe chamando a atenção pela primeira vez”, alertou Maia. Uma vez que o deputado do PL continuou a falar, o presidente da CPMI se irrita: “Está suspensa a reunião e o deputado Abílio vai ser retirado do plenário”.
O general presta depoimento após tentar, na Justiça, não comparecer. Na noite dessa segunda (25/9), o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu ao militar o direito de permanecer em silêncio diante dos parlamentares. Mesmo assim, ele decidiu responder a perguntas da comissão.
A menos de um mês para o prazo de entrega do relatório final do colegiado, a CPMI se aproxima de figuras próximas ao ex-presidente Bolsonaro na tentativa de relacioná-lo à autoria intelectual dos atos antidemocráticos.
Mais cedo, o general havia dito nunca nem ter ouvido falar da minuta do golpe, deu a entender que o atual presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é um bandido ao dizer que “continuo achando que bandido não sobe rampa”, e que nunca participou dos acampamentos.
Ao chegar à sala da CPMI, Heleno foi aplaudido por diversos parlamentares da oposição. Em seu discurso inicial, ele citou uma reportagem que o acusou de ter “DNA bolsonarista”. À CPMI, ele negou.
“Não ficou DNA bolsonarista do general Heleno porque jamais tratei de política com meus servidores”, disse. “Essa alegação de que meu DNA é bolsonarista não me atinge”, concluiu.
O militar já compareceu na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). No depoimento, afirmou que “jamais participou” de reuniões sobre possíveis ações contra a derrota de Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Heleno chamou ainda de “narrativas fantasiosas” as alegações de que o ex-presidente e aliados queriam anular o resultado das urnas.
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