Vídeo: “Faltou coragem e sobrou interesse”, diz Lobão sobre jogadores do Brasil
Em entrevista ao Metrópoles, o cantor se manifestou contra a realização da Copa América no Brasil e cobrou “atitude” dos atletas da Seleção
atualizado
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O cantor e compositor Lobão criticou, em entrevista ao Metrópoles, a decisão dos jogadores da seleção brasileira de disputarem a Copa América no Brasil mesmo diante do número de casos e mortes em decorrência da pandemia de Covid-19. “Faltou coragem e sobrou interesse”, afirmou. A mudança da sede da competição da Argentina para o Brasil foi realizada às pressas com o apoio do governo brasileiro.
“Faltou coragem porque devem ter sido ameaçados de perderem cargos e outras coisas que nem podemos imaginar. Sobrou interesse porque em troca da ameaça vem o afago e benefícios que também devem ser inconfessáveis. Juntando tudo fica uma salada horrorosa de dejetos”, disse (confira a partir de 21’40”).
Os atletas da Seleção Brasileira divulgaram, na última terça-feira (8/6), um manifesto nas redes sociais criticando a forma como a CBF conduziu a realização da Copa América no Brasil. Os jogadores, no entanto, afirmaram que não deixariam de representar o Brasil na competição.
“Nós somos um povo e temos que agir coletivamente. E a cultura do futebol, que está tão arraigada no Brasil, tinha que ter uma atitude de gente grande”, disse. “Eu só espero que o futebol, como instituição, tenha o mínimo de bom senso”, afirmou o músico.
O músico também criticou a falta de empatia e o silêncio de alguns artistas. “Quem cala consente”, disse. “A classe artística, assim como a política, não difere da sociedade brasileira. Você não pode ter artistas espetaculares, impávidos e corajosos, se você tem uma sociedade covarde, medíocre e corporativa”, sentenciou (17′).
Na última semana, Lobão lançou uma música com críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Como ele mesmo classificou, o “funkinho” se chama “Bunda Suja”, termo que, de acordo com ele, é usado para classificar maus militares. “É aquele tipo de trabalho que a gente pode dizer que qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. Foi todo nessa onda resvalante”, contou.
Apoiador de Bolsonaro durante as eleições de 2018, Lobão mudou de posição e tornou-se crítico à atual gestão em meados de 2019. Na entrevista, no entanto, o cantor negou que tenha se sentido enganado pelo atual presidente. “Eu sabia com quem eu estava lidando”, afirmou. Para o músico, “era hora de experimentar”.
“Seria um atestado de sem vergonha, se depois de toda a miséria que o PT fez, toda a roubalheira, [o partido] fosse agraciado com uma eleição. Eu não sei o que seria pior”, afirmou (12’50”). “O PT deixou o país sem hospitais, todos falidos. Na época da Copa do Mundo as pessoas morriam nos hospitais. A gente não pode, tendo memória, achar que o PT talvez se saísse melhor que o Bolsonaro [diante da pandemia]. Muito pelo contrário.”
Lobão lembrou que já apoiou o Partido dos Trabalhadores (PT) e que foi punido pela Globo por manifestar, durante um programa de auditório da emissora, apoio a Lula nas eleições de 1.989. “Eu me jogo. Eu sei que os dois são canalhas [Lula e Bolsonaro]. Mas eu sou pragmático”, disse. Para 2022, o músico defendeu uma terceira via sem citar o nome de possíveis candidatos. “A gente tem que sair desse loop”, afirmou.
Na entrevista, o cantor também falou da sua rotina criativa, da relação com as drogas e dos trabalhos em andamento. Confira: