Vídeo: “Compra totalmente atípica”, diz Alessandro Vieira sobre Covaxin
Ao Metrópoles, senador destacou pontos suspeitos da compra do imunizante produzido na Índia. “Precisa de esclarecimentos” afirmou
atualizado
Compartilhar notícia
Em entrevista ao Metrópoles, o senador Alessandro Vieira (Cidadania- SE) afirmou que a compra da vacina Covaxin foi “totalmente atípica”. Integrante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, o parlamentar é autor de pedidos de convocação de representantes e sócios da empresa Precisa Medicamentos, intermediária no contrato de aquisição do imunizante indiano pelo governo brasileiro.
“É a única vacina que o Brasil adquiriu através de um intermediário, de um atravessador. E por um custo muito mais alto do que todas as outras. E muito mais alto do que o preço que foi oferecido na embaixada [indiana] pela própria fabricante. É o tipo de coisa que precisa de um esclarecimento maior”, disse (confira a partir de 3’).
Para o senador, o andamento das investigações a cargo do Ministério Público Federal (MPF) indicam um possível caso de corrupção. “O Ministério Público Federal pediu o desmembramento de uma apuração que se dava na esfera civil e agora passou também para a criminal justamente em cima desse contrato”, apontou.
Delegado da Polícia Civil de Sergipe, o senador também solicitou acesso ao contrato firmado entre a empresa intermediária e o laboratório indiano responsável pela produção da vacina contra a Covid-19 para, de acordo com ele, “entender” qual a relação entre a Precisa Medicamentos e a Bharat Biotech — além da quebra de sigilo bancária de nomes envolvidos na negociação.
Pizza
O senador avaliou que os sinais de desinteresse da população pela CPI da Covid-19 deve-se a repetição de alguns assuntos abordados durante as oitivas. “Todo mundo já sabe que o governo poderia ter comprado vacinas e não comprou, todo mundo já sabe que o presidente escolheu ser assessorado por pessoas que ou não são da área ou que defendem teses totalmente diferentes daquilo que o mundo inteiro fez. Isso já tá bem provado, as pessoas cansam de ficar ouvindo esses debate intermináveis”, disse (2’).
Alessandro Vieira afirmou que caso a CPI da Covid não resulte em ações objetivas, a responsabilidade não será do Senado. “Essa pizza, se ela existir, vai ser feita em outro forno”, disse. “A conclusão de uma CPI é um relatório, só isso. Com o relatório, outros atores políticos ou jurídicos podem tomar providências”, argumentou.
O senador fez duras críticas ao procurador-geral da República, Augusto Aras, um dos destinatários das informações coletadas pela comissão. “Augusto Aras tem uma atuação lamentável. Efetivamente omisso, claramente inclinado a buscar uma aproximação política com o presidente da República e seu grupo”, disparou (9’).
Autor de diversos pedidos de quebra de sigilo telefônico e bancário, o senador afirmou que o acesso aos documentos pode revelar um novo Fiat Elba, em referência ao veículo cuja origem dos recursos para aquisição foi decisiva para o impeachment do ex-presidente da República Fernando Collor de Mello.
Alessandro Vieira, no entanto, mostrou-se cético quanto ao possível andamento de pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara dos Deputados. “O presidente, Arthur Lira, é um homem extremamente ligado ao governo federal. Está no centro da distribuição de verbas e cargos e já manifestou várias vezes que não vai dar andamento aos pedidos”, disse (14’).
O senador também criticou o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. “Cada vez mais se parece com a rainha da Inglaterra. Usa a coroa, mas não manda em coisa nenhuma. A equipe é a mesma da época do Pazuello. E é uma equipe que não se reporta ao ministro”, afirmou (12’).
Na entrevista, o senador também falou sobre a decisão da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber que suspendeu a convocação de governadores pela CPI da Covid, avaliou as manifestações populares contra Bolsonaro e comentou as tentativas de construção de uma terceira via para as eleições presidenciais de 2022. Confira: