Vídeo: “Clima de terror”, diz hóspede de resort que pegou fogo em SP

São Paulo – A técnica em segurança do trabalho Michelly Bertoli Amicci, de 33 anos, viajou com o marido e o filho, de apenas 3 anos, para o Mavsa Resort, em Cesário Lange, no interior de São Paulo. O momento de lazer acabou interrompido pela tensão em decorrência de um incêndio no local.  A família, de Indaiatuba, presenciou a propagação das chamas que atingiram o espaço de shows e eventos do local e resultou em um “clima de terror” para os hóspedes .

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O espaço atingido foi o Dragon Bar. O incêndio aconteceu na noite de segunda-feira (21/2), por volta das 23h, e deixou 20 pessoas feridas, além de outras cinco em estado grave. “A brigada de incêndio foi acionada para evacuar o local, enquanto aguardava a chegada dos bombeiros”, disse o Mavsa Resort em nota. O fogo teria sido provocado pelo uso de fogos de artifício dentro de um ambiente fechado.

Falta de comunicação

Ao Metrópoles, Michelly disse que já passava das 23h quando funcionários do hotel começaram a bater nas portas dos quartos para evacuar os prédios. Segundo ela, ao sair do quarto já era possível sentir um cheiro forte de fumaça. No entanto, segundo ela, não houve informações, por parte do resort, sobre o que teria acontecido.

“Nós fomos orientados a seguir para a área das piscinas, mas todo mundo ficou no gramado. Eles não falavam o que estava acontecendo, nós não sabíamos a gravidade da situação, não tinha ninguém para informar”, disse.

“Foi muito assustador, porque tinha muita mãe com criança, muita família e, como já estava tarde, várias pessoas já estavam dormindo quando o prédio foi evacuado. Em razão do horário, já estava frio também e ficamos todos descobertos. Mandaram a gente descer [do quarto] sem levar nada”, completou.

“Só depois de uns 40 minutos que estávamos em pé no gramado é que apareceu um funcionário com algumas toalhas, para que cobríssemos as crianças. Conseguimos pegar umas cadeiras em outro salão para as famílias sentarem, mas não tinha ninguém para nos acalmar. Essa situação se estendeu até por volta de 3h da manhã”, detalhou a visitante.

Fogos de artifício

Michelly relatou que ouviu de outros hóspedes sobre a causa do incêndio. De acordo com ela, o acidente aconteceu já no final do show exibido no Dragon Bar, que tinha duração de 1 hora, entre 22h e 23h. “Quando estávamos no gramado, ouvimos de outros hóspedes que o fogo teria sido provocado pelos fogos de artifício e, desde a tragédia na Boate Kiss, a gente sabe que isso não é permitido em locais fechados. Em momento algum confirmaram que havia pessoas em estado grave”, contou.

“Depois ficou aquele clima de terror, de tensão, muitas pessoas foram embora no momento. Vimos pessoas dos prédios ao lado pegando as malas e indo embora do resort. Nós mesmos cogitamos, mas como estávamos no prédio que foi evacuado, as nossas coisas ficaram presas, a gente não conseguia entrar”, afirmou Michelly.

Atendimento efetivo

Como técnica de segurança do trabalho, Michelly declarou que o socorro prestado pelo resort foi efetivo. Conforme a explicação da hóspede, a resposta de ação foi bastante rápida.

“Acho que os brigadistas estavam muito bem preparados, o sistema de alarme funcionou perfeitamente. Eu dei um olhada nos extintores e estavam todos válidos. A parte de SCI (Sistema de Combate a Incêndio) eu acredito que funcionou, o que faltou foi uma comunicação mais transparente do hotel com os hóspedes”, ressaltou ela.

Feridos

O Corpo de Bombeiros foi acionado e resgatou 11 pessoas, que foram encaminhadas à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Tatuí. Contudo, segundo a corporação, ao chegarem no local, as vítimas mais graves já tinham sido socorridas. Outras duas vítimas do incêndio no hotel de luxo foram levadas ao pronto-socorro local e três ao Hospital Municipal de Cesário Lange.

O Mavsa Resort informou, na tarde desta terça-feira (22/2), que sete vítimas do acidente continuavam hospitalizadas.

Investigação

O Mavsa Resort passou por perícia técnica na manhã desta terça. O boletim de ocorrência foi registrado na delegacia e a Polícia Civil de Cesário Lange investigará o caso.

Segundo o Mavsa, todos os alvarás de funcionamento estão em dia, sendo que a última vistoria ocorreu em dezembro de 2021. “As causas do acidente estão sendo investigadas e o Mavsa está colaborando, efetivamente, com a perícia”, afirmou em comunicado.

O resort anunciou ainda que está prestando suporte para todos os atingidos e seus familiares.