Vídeo: câmeras flagram cenas de violência policial na Cracolândia
As câmeras estavam escondidas desde dezembro do ano passado e o coletivo “A Craco Resiste” divulgou as imagens nesta segunda-feira
atualizado
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Desde o final de dezembro de 2020, câmeras escondidas no topo de prédios flagraram cenas de violência policial na região da Cracolândia, no centro de São Paulo. O coletivo “A Craco Resiste” divulgou nesta segunda-feira (5/4) as imagens capturadas pelos equipamentos. As informações são do UOL.
O coletivo afirmou que “são ataques de surpresa e sem necessidade com spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo. Socos e empurrões quando os guardas não sabem que estão sendo filmados. Isso enquanto as pessoas estão sentadas, distraídas ou simplesmente passando”.
Em defesa, a Prefeitura de São Paulo disse que as imagens são apenas “um recorte” das ações e que há investigações em casos de desvio de conduta ou protocolo de atendimento. A Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP) não se manifestou sobre o caso.
Foram registradas pelo menos 12 ações entre a noite de 31 de dezembro do ano passado e o fim da tarde de 29 de março de 2021. Nas imagens, é notado que, durante as intervenções, não foi verificado que as guardas civis e os policiais estavam num revide com os dependes químicos, mas, sim, que as atitudes eram de iniciativa das autoridades.
“As imagens deixam claro que não existe razão para a imensa maioria das ações do que violentar de maneira cruel as pessoas em situação vulnerável. Não são desvios de conduta de dois guardas ou três policiais. É o projeto da Prefeitura de São Paulo”, destacou a Craco Resiste.
Veja imagens:
Política pública
A prefeitura gastou cerca de R$ 60.247,12 em munições ditas não letais, no período de setembro de 2020 e março de 2021, segundo dados do relatório obtidos pela Lei de Acesso à Informação (LAI). O montante poderia ser revertido em mais de 6 mil refeições para à população vulnerável durante a pandemia.
“No fundo, não é o policial que jogou o spray o culpado. É uma lógica, uma política pública. A gente sempre mostrou e sempre foi dito que era um caso isolado. Agora, dá para dizer que não é nem que a Prefeitura deixa acontecer, mas sim uma política pública”, afirmou Roberta Costa, militante da Craco Resiste, sobre a dinâmica da situação.
Inquérito
A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) enviou na tarde desta segunda um ofício ao Ministério Público com as gravações divulgadas no dossiê e pediu abertura de inquérito civil público, pois, de acordo com a OAB, as imagens mostram usos excessivos das forças, além de suposta prática de tortura.
Por meio da Secretaria Municipal de Segurança Urbana, a Prefeitura de São Paulo afirmou que as imagens divulgadas não permitem uma análise profunda, já que “não mostram toda a dinâmica das ocorrências, mas apenas um recorte da ação dos guardas”.
“A Corregedoria da Secretaria Municipal de Segurança Urbana apura situações em que há desvio de conduta ou protocolo de atendimento, impondo medidas disciplinares específicas. Os agentes em campo devem obedecer estritamente aos protocolos estabelecidos para uso progressivo da força”, completou.