Vidente “anti-Bolsonaro” prevê: “Campos Neto não acaba mandato no BC”

Autodeclarado “anti-Bolsonaro e progressista”, o vidente carioca de 27 anos Pedro Baldansa tem se popularizado nas redes sociais pelas previsões que faz para o governo Lula (PT) e outros assuntos políticos. Uma das principais apostas do cartomante é que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, não ficará no posto até a conclusão de seu mandato, em dezembro de 2024.

Campos Neto foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e tem sido alvo de pressão pelo atual governo. A fritura reduziu sensivelmente em agosto, após o primeiro corte na taxa básica de juros, a Selic — de 13,75% para 13,25% ao ano.

“Campos Neto está conseguindo reverter o que nós prevíamos. Acho até que ele está vendo nossas lives, porque ele deu uma guinada antibolsonarismo”, disse o vidente a seu público em 9 de agosto. Ao Metrópoles, ele vai além: “Eu ainda vejo ele não finalizando o mandato no final de 2024. No entanto, ele tem melhorado a forma de se comunicar. Vejo ele tentando se safar, entre aspas”.

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“Vamos aguardar os acontecimentos, porque ele está dialogando um pouco mais com o governo. Mas ainda vejo que ele não fica até o final do mandato, não”, continua ele.

Baldansa antevê que, após o término da gestão de Campos Neto, vão ser investigadas algumas irregularidades com relação a balanços e à negociação de interesses. “Não vejo exatamente como ilegais, mas um pouquinho antiéticas, talvez”.

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Ele prevê a prisão de Bolsonaro, mas apenas no próximo ano. “Eu acredito que (a prisão) fique para 2024. E não vejo ele ficando muito tempo preso, não, sendo sincero. Vai ser tipo o (ex-presidente Michel) Temer, que ficou preso um tempinho”, revela.

Para ele, Bolsonaro não vai concorrer em outras eleições, mas os filhos dele, sim.

O vidente também vislumbra o Brasil “crescendo bastante nos próximos anos e um tanto acima da média do que os analistas projetam”, subida na aprovação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, além da entrada de mais partidos na base governista e novas revelações pela CPMI do 8 de Janeiro.

Anti-Bolsonaro

O vidente se coloca como anti-Bolsonaro, e chama o ex-presidente de “ser das trevas”. O cartomante entende que poderia ter o dobro ou até o triplo de inscritos em seu canal se fosse como colegas “isentões” ou bolsonaristas.

“Bolsonaro só serviu para gerar ódio entre as pessoas, brigas nas famílias por conta de política, um mal-estar generalizado a nível energético no país, má condução da pandemia, palavras de baixo calão proferidas por um presidente, estímulo à violência de várias maneiras, intolerância, preconceitos. Fora a grosseria, rispidez, enfim. Tudo isso me coloca sempre contra o Bolsonaro. Ele está nos valores do ódio, por isso eu o chamo de ser das trevas, e eu de um lado que eu considero mais luminoso, modéstia à parte, que tenta pregar o amor e o respeito ao próximo”.

Baldansa ainda pede que seu público “não dê palco” a políticos como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o governador Romeu Zema (Novo-MG), ambos ligados a Bolsonaro.

Questionado sobre como se define no espectro ideológico, ele responde:

“Meu posicionamento político é progressista. Acredito que eu esteja pela centro-esquerda, sendo sincero. Não sou nem essas esquerdas radicais, revolucionárias, comunistas, mas também não sou a pessoa de centro ali, de ficar em cima do muro. Acredito que a política deve ser utilizada para melhorar a vida das pessoas”.

Segundo ele, as visões não são contaminadas por torcida ou análise política. “Se eu vir algo que me desagrade, eu vou falar o que estou vendo, não vou falar coisa porque eu gosto ou porque eu quero”.

Ele garante, por exemplo, que acertou a eleição de 25 prefeitos das 26 capitais nas eleições municipais de 2020. Em 2022, confirmou 60% dos senadores e os governadores eleitos em 24 estados e no Distrito Federal (só errou as previsões para os governos estaduais de Sergipe e Rondônia).

“E muitos (candidatos) eu não gostava, obviamente. Eu vi que eles iam ganhar, o que eu podia fazer?”, reforça. “A previsão não é feita pela paixão.”

Sobre previsões de atentados contra políticos, como quando soou o alerta para Lula na campanha de 2022, ele diz: “Eu não sou vidente trágico, que acha que a previsão é algo imutável. Pelo contrário, se eu estou vendo algum ruim, vou recomendar para a pessoa ir para outro caminho, fazer algo para tentar combater. Assim como ajo nas minhas consultas.”

Pregando contra videntes bolsonaristas e veículos de imprensa que classifica como “parciais”, Baldansa acumula 81,5 mil inscritos em seu canal no YouTube. No Instagram, soma mais 23,6 mil. O público dele é formado de pessoas com mais de 35 anos.

Do lado das previsões que não se confirmaram, Baldansa errou ao dizer que a Selic só começaria a cair em setembro. O primeiro corte foi feito neste mês de agosto pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. “Realmente eu via um posicionamento mais acentuado a partir de setembro, mas torci muito e gostei de ter acontecido em agosto”, diz sobre o equívoco.

Para os próximos meses, ele aposta em novas quedas, mas não tão fortes:

“A Selic vai continuar caindo, evidentemente. Não vai ser essa queda vertiginosa que o pessoal gostaria. Eu ainda acredito em dois dígitos para a Selic este ano e chegar a um dígito no próximo ano”.

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Outras previsões

Arriscando muito em assuntos políticos e econômicos, a gama de previsões feitas pelo vidente vai do rei Charles III ao futuro da Netflix, passando também pelo caso Larissa Manoela.

Perguntado se o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), será bem-sucedido em sua empreitada pela reforma administrativa, diz: “Não como ele quer”, e prevê mudanças apenas para futuros servidores.

Baldansa ainda chama o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), de “horroroso” e faz previsões para a disputa à Prefeitura de São Paulo em 2024: Guilherme Boulos (PSol) pode vencer  pleito se ampliar o leque de alianças.

Além das previsões, Pedro Baldansa produz outros conteúdos, como vídeos com mantras, rituais e simpatias, em uma“ pluralidade de energias espirituais”, como ele mesmo classifica.