Vice-governador do AM é alvo da PF por fraude na compra de respiradores
Segundo as investigações, ele tinha influência na gestão da Secretaria de Saúde, pasta que atuou durante os três primeiros meses do governo
atualizado
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O vice-governador do Amazonas, Carlos Alberto (PTB), foi alvo de uma operação do Ministério Público Federal (MPF), da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) que investiga a atuação de uma organização criminosa instalada no governo estadual para desviar recursos destinados ao combate da pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
Os investigados são suspeitos de práticas como peculato, lavagem de dinheiro e também de promover a dispensa de licitação fora das hipóteses previstas em lei.
Ao todo, a Polícia Federal cumpre, nesta quinta-feira (8/10), mandados de prisão temporária contra cinco pessoas, além de buscas e apreensões contra seis investigados na Operação Sangria.
O vice-governador, segundo as investigações, tinha grande influência na gestão da Secretaria de Saúde — pasta na qual atuou durante os três primeiros meses de governo. As provas apontam que a cúpula do órgão se reportava frequentemente ao vice-governador para tratar de contratos da área de saúde, inclusive sobre pagamentos.
Outro investigado, apontado como homem de confiança do governador Wilson Lima (PSC), também é alvo de um mandado de prisão. De acordo com as investigações, ele teria sido destacado pessoalmente pelo governador para intermediar as aquisições fraudulentas de respiradores e financiá-las, tendo sido responsável por indicar a loja de vinhos que vendeu os aparelhos ao estado.
O esquema de compra fraudulenta de 28 respiradores teria movimentado R$ 2,9 milhões, com envolvimento direto da cúpula do poder do estado. Um laudo pericial da Polícia Federal atesta sobrepreço de 133,67% na compra feita pela Secretaria de Saúde do estado com dispensa de licitação. Os respiradores foram fornecidos por empresa especializada no ramo de bebidas alcoólicas.
Em uma manobra conhecida como triangulação, uma outra empresa vendeu os respiradores à adega por R$ 2,4 milhões; essa, por sua vez, repassou os equipamentos ao governo do Amazonas por R$ 2,9 milhões. A suspeita de superfaturamento de R$ 496 mil foi registrada pela CGU, assim como o direcionamento da venda.
Provas reunidas na primeira fase da Sangria mostram que o governador Wilson Lima exercia domínio completo não apenas dos atos relativos à aquisição de respiradores para enfrentamento da pandemia, mas também das demais ações governamentais relacionadas à questão, no bojo das quais atos ilícitos teriam sido praticados.
As medidas cautelares, que incluem o sequestro de bens e valores dos investigados, foram determinadas pelo ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e requeridas pela subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo.
Os nomes dos investigados que não têm foro por prerrogativa de função devem ser mantidos sob sigilo, a pedido do STJ, assim como os autos desta segunda fase da operação.