#Verificamos: Guiné Equatorial não teve obras bilionárias com o BNDES
Governo do país não teve acesso a recursos do banco. Não houve como, portanto, nação africana ter dívida perdoada pelo Brasil
atualizado
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Circula na internet a “informação” de que o vice-presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Mang, foi preso no Brasil “com mais de US$ 50 milhões em dinheiro” e que esse país teria feito “várias obras bilionárias” com dinheiro do BNDES. A “notícia” acrescenta ainda que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria perdoado “uma dívida bilionária” da Guiné Equatorial quando estava no poder.
Por meio do projeto de verificação de notícias, usuários do Facebook solicitaram que esses dados fossem analisados. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:
“O Vice-presidente da Guiné Equatorial foi preso ao tentar entrar no Brasil com mais de 50 milhões de dólares em dinheiro”
Texto de postagens (aqui, aqui, aqui e aqui) que já tinham quase 50 mil compartilhamentos no Facebook até as 19h do dia 18 de setembro de 2018
Uma ação conjunta realizada pela Polícia Federal e pela Receita Federal no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), no dia 14 de setembro apreendeu malas de dinheiro e relógios da comitiva do vice-presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Mang. A delegação, que não veio ao Brasil em missão oficial, carregava cerca de US$ 1,5 milhão e R$ 55 mil, em espécie, e relógios de luxo avaliados em US$ 15 milhões. A cifra está bem abaixo da citada na postagem avaliada pela Lupa. Ninguém foi preso no momento, e a comitiva retornou para a Guiné Equatorial.
“Por coincidência [Guiné Equatorial] é o país que o Lula perdoou uma dívida bilionária e teve várias obras bilionárias feitas com dinheiro do BNDES”
Texto de postagens (aqui, aqui, aqui e aqui) que já tinham quase 50 mil compartilhamentos no Facebook até as 19h do dia 18 de setembro de 2018
Em nota oficial, o BNDES negou que tenha realizado qualquer empréstimo à Guiné Equatorial e que o governo Lula tenha perdoado dívidas com esse país. Textualmente, o banco escreveu o seguinte:
“O governo da Guiné Equatorial não é nem foi cliente do BNDES. O país não é nem foi destino de financiamento do banco à exportação de bens e serviços brasileiros de engenharia. Não há obras na nação africana realizadas por empresas brasileiras com financiamento do BNDES”, diz a nota, publicada no dia 17 de setembro. “O Banco, portanto, não perdoou nenhuma dívida da Guiné Equatorial, uma vez que não há operações entre o BNDES e o governo do país”.
Existem três países africanos com Guiné no nome: além da Guiné Equatorial, há Guiné-Bissau e República da Guiné. Em 2013, a então presidente Dilma Rousseff anunciou que perdoaria ou renegociaria a dívida dessas duas últimas nações, além de outros dez países do continente. O valor total da dívida perdoada era de US$ 900 milhões.
*Nota: esta reportagem faz parte do projeto de verificação de notícias no Facebook. Dúvidas sobre o projeto? Entre em contato direto com o Facebook.