Vereadores de São Simão (GO) cassam prefeito acusado de pedofilia
Francisco de Assis Peixoto (PSDB) chegou a ser preso. Ele é acusado de ter praticado crimes sexuais contra crianças e adolescentes da região
atualizado
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Goiânia – O prefeito licenciado de São Simão, Francisco de Assis Peixoto (PSDB), foi cassado em sessão extraordinária realizada nesta segunda-feira (25/10) pela Câmara Municipal da cidade do sudoeste de Goiás, a 370 km da capital. O político é suspeito de crimes sexuais contra várias crianças e adolescentes da região.
Ele chegou a ser preso e foi denunciado pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) e indiciado pela Polícia Civil por pedofilia e outros crimes.
Ampla maioria
A sessão do Legislativo durou mais de quatro horas. Ao final, 9 vereadores votaram pelo impeachment. Apenas dois foram contrários.
A maioria dos vereadores acompanhou a posição da comissão processante, que analisou o caso durante pouco mais de dois meses de trabalho. Os poucos vereadores que fizeram a defesa do prefeito em plenário acusaram cerceamento de defesa.
Votaram a favor da cassação: Adriano Pimenta (PTB); Ailton Lopes (PSC); Evaldo Elefante (PTC); Professor Fernando Rogério de Castro (DEM); Ildo Alexandre, o Vilarinho (PSC); Lucas Vasconcelos (PSL); Ludgero Neto (PSL); Raufi Jones (DEM); e Wellington Carvoeiro (MDB). Votaram contra: Fábio Moura, o Kebinha (PTB), e Laerte Nogueira (PP).
O vice-prefeito Fábio Capanema (PP), que respondia interinamente pela prefeitura, agora será efetivado no cargo.
O Metrópoles não conseguiu contato com a atual defesa do prefeito cassado. Os advogados que representavam o Assis Peixoto anteriormente deixaram a função na última sexta-feira (22/10).
Abusos
O prefeito Assis Peixoto foi preso em 28 de julho, por suspeita de envolvimento em crime contra a dignidade sexual de menores. A prisão atendeu a um pedido do Ministério Público de Goiás (MP-GO). Ao todo, quase dez vítimas procuraram as autoridades para denunciar abusos.
Após seis anos de abuso e cinco em tratamento psiquiátrico, o jornalista e servidor público Luís Manuel Lima de Araújo decidiu quebrar a barreira do silêncio e da vergonha para denunciar os crimes sexuais dos quais foi vítima na infância e adolescência em uma cidade do interior de Goiás. Foi ele, inclusive, que protocolou o pedido de impeachment contra o gestor.
Ele é uma das oito pessoas que procuraram o MPGO para denunciar o prefeito. A vítima contou que tomou a decisão depois que um vídeo mostrando o prefeito se masturbando em uma videochamada com um menor de idade começou a circular na internet. Ele explica que não fez a denúncia antes pois tinha vergonha e não havia provas dos abusos.
Chuva de denúncias
A primeira denúncia formalizada contra o prefeito foi feita em 19/7, depois que o Conselho Municipal de Segurança Pública de São Simão recebeu imagens e vídeos de uma mãe, que teve o filho de 15 anos assediado pelo prefeito e passou a monitorar as conversas.
Desde então, mais sete pessoas fizeram denúncias oficiais contra o prefeito, segundo o MPGO. As vítimas tinham entre 8 e 15 anos na época dos abusos e são todas do sexo masculino.
“Quer ver?”
A mãe do adolescente, que não foi identificada, conta que o prefeito se aproximou de seu filho por mensagem no WhatsApp. O mandatário teria se identificado como Assis. Quando a vítima perguntou se era o prefeito, o assediador teria confirmado.
Uma cópia de uma das conversas pelo aplicativo mostra que o suspeito diz: “Quer ver?”. O adolescente então responde: “Vou ligar e você mostra”. Em seguida, o assediador diz: “E você também”.
O prefeito então exibiu suas partes íntimas para o adolescente durante uma videochamada. As imagens foram gravadas e um dos trechos do vídeo mostra o rosto de Assis Peixoto.
“Infundadas”
À época, por meio de nota, a assessoria de imprensa da prefeitura de São Simão afirmou que as acusações contra Assis Peixoto eram “infundadas” e que seriam esclarecidas ao longa da apuração do caso.
Francisco de Assis Peixoto, de 58 anos, foi eleito com 4.277 votos, o que representa 40,65%. Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele declarou como ocupação técnico em contabilidade, estatística, economia doméstica e administração. Ele tem ensino médio completo. O patrimônio declarado é de R$ 1,4 milhão. Ele já teve outras passagens pela prefeitura da cidade.