Vereadora Benny Briolly recebe novas ameaças: “Durma de olhos abertos”
Vereadora de Niterói, negra e transexual, recebeu mais de 20 ameaças no último ano; até agora ninguém foi responsabilizado
atualizado
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Rio de Janeiro – A primeira vereadora transexual eleita em Niterói, na região metropolitana do Rio, recebeu novamente ameaças de morte e tortura por meio de seu e-mail. As mensagens são de cunho racista e transfóbico.
Em 3 de março, às 20h15, Benny Briolly que já precisou sair do Brasil por ser alvo de violência política, recebeu uma ameaça com o título “Venha. Venha, macaco”.
A mensagem retrata uma série e ameaças de morte, violência e tortura contra a parlamentar. Na quarta-feira (9/3), ela vai registrar mais uma queixa na Delegacia de Crimes Raciais (Decradi)
“Vou te dar tanta surra que irei arrancar sua pele” e “durma de olhos abertos” fazem parte do conteúdo da mensagem que não teve o autor identificado até o momento.
A parlamentar afirma que recebe ameaças desde 2016, mas diz que ficou mais intenso a partir do ano passado. De lá para cá, foram mais de 20. Ela recebe acompanhamento do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos do Ministério da Mulher e Direitos Humanos
“Existe uma série de ameaças, registros de ocorrência e o estado brasileiro nada faz. É impossível ter mais de 20 ameaças, uma série de registros há um ano e não ter uma resposta de quem fez, de onde veio. Isso significa que o estado está corroborando para isso”, disse Benny Briolly ao Metrópoles.
O Instituto Marielle Franco, Movimento Mulheres Negras Decidem, ONG Criola e IDPN são instituições que também acompanham Benny desde quando ela começou a ser alvo de violência política.
Benny foi a primeira vereadora transexual eleita na cidade, com 4.458 votos, a quinta mais votada da cidade de Niterói.
“Ameaçada, sem resposta e sem proteção. Ou seja, como dar continuidade? A gente se organiza através do movimento negro e dos movimentos sociais sem aceitar ser interrompida. Mas alguma providência precisa ser tomada. Sigo firme na atuação legislativa, no território, mas cobrando cada vez mais para que essas medidas sejam asseguradas”, disse a parlamentar.