Venezuela: chanceler do Brasil espera por caminhões na fronteira
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, acredita que os militares na divisa deixarão a ajuda humanitária passar
atualizado
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O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, está na cidade de Pacaraima (RR), na fronteira com a Venezuela, para acompanhar a passagem de dois caminhões com ajuda humanitária para o país vizinho. Ele fez um apelo às forças militares instaladas na divisa para garantir que o carregamento seja entregue. Os veículos saíram de Boa Vista na manhã deste sábado (23/2) e podem chegar ao local a qualquer momento.
Araújo afirmou que não há possibilidade de conflito na divisa. “A expectativa é de que as Forças Armadas venezuelanas permitam a passagem do carregamento”, disse. Para ele, o governo do país tem “tanto o dever moral de permitir que os cidadãos tenham acesso à ajuda como um dever político de obediência constitucional”, completou.
Caso os militares na fronteira não abram a passagem para os primeiros dois caminhões, o ministro disse que vai consultar os representantes venezuelanos e opositores a Nicolás Maduro que estão no Brasil para tratar do assunto. “Insisto que, no momento da chegada dos caminhões, esperamos que uma luz se acenda e se abra a fronteira”, disse.
Posicionamento brasileiro
O ministro reiterou o posicionamento brasileiro de reconhecer Juan Guaidó, líder da oposição, como presidente interino da Venezuela. “Nós somos contra um regime ditatorial e usurpador, que usa elementos de crueldade e brutalidade contra o povo. Cooperamos a favor da democracia e de um povo irmão. Estamos interinamente dentro das tradições brasileiras”, disse.
A representante do governo opositor da Venezuela Maria Teresa Belandria, que está na cidade de Pacaraima, disse que o grupo encontrou dificuldades para conseguir transportar a ajuda humanitária do Brasil para a Venezuela. “(Nicolás) Maduro ameaçou tirar as licenças das empresas de transportes, essas cadastradas no Brasil que cruzam a fronteira todos os dias”, relatou.
Maria Teresa disse que o povo venezuelano sofre com a falta de medicamentos básicos, mas afirmou que há um esforço conjunto para garantir o acesso da população a esses itens.
Os dois primeiros caminhões levam quatro kits emergenciais, doados pelo Ministério da Saúde. Eles contém medicamentos para doenças de baixa complexidade, como antibióticos, analgésicos e insumos hospitalares básicos. Os itens poderão servir para atender 6 mil pessoas por mês.
O outro veículo leva mantimentos: arroz, doado pelo governos dos Estados Unidos, leite em pó, oferecido pelo Brasil.