Veja quantas doses de vacina contra a Covid-19 estão disponíveis por estado

Desde que a enfermeira Mônica Calazans recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19 no Brasil, no dia 17 de janeiro, pelo menos 3,06 milhões de brasileiros foram imunizados até as 20h dessa quinta-feira (4/2), segundo balanço do projeto CoronavirusBra1, que alimenta o Our World in Data, portal da Universidade de Oxford sobre o avanço da pandemia no mundo.

O número representa 1,45% da população total do país e 20,4% das pessoas previstas na primeira fase do plano de vacinação, que pretende atender 15 milhões de pessoas dos grupos prioritários, que inclui profissionais de saúde, pessoas com comorbidades, idosos e indígenas.

Mesmo com avanço, o ritmo dos 19 primeiros dias em que as vacinas estiveram disponíveis, além da quantidade delas, preocupam especialistas. Para efeito de comparação, pouco mais de um terço das doses distribuídas foram aplicadas em todo o país. Nessa velocidade, seriam necessários quase 4 anos para imunizar todos os 210 milhões de brasileiros.

Veja:

“A principal preocupação no momento é a falta da própria vacina. Com poucas doses, necessita-se maior gerenciamento e organização. Esse controle é importante, mas acaba atrasando todo o processo”, explicou Valéria Paes Lima, professora de infectologia da Universidade de Brasília (UnB).

“Precisamos ir mais rápido para vermos resultados. Nesse primeiro momento, foram priorizados os profissionais de saúde, mas ainda existe uma grande parcela da população vulnerável que não está vacinada. E nós temos estrutura de SUS e de rede básica de saúde para isso. Teríamos condição de acelerar o processo”, continuou.

Realidade por estado

Cerca de 6 milhões de doses da Coronavac — parceria do Instituto Butantan com a Sinovac — estavam disponíveis no início da vacinação no país, em 17 de janeiro. Somadas à isso, a importação de 2 milhões de doses da vacina Astrazeneca/Fiocruz e a liberação de um novo lote da Coronavac com 900 mil no dia 22 e mais 1,8 milhão no dia 29, resultou em 10,7 milhões de imunizantes disponíveis no Brasil até o fim de janeiro.

Para avançar com a vacinação, o Ministério da Saúde seguiu o Plano Nacional de Imunizações (PNI), que garante a municípios e estados “autonomia para montar seu próprio esquema de vacinação e dar vazão à fila de acordo com características de sua população, demandas específicas de cada região e doses disponibilizadas”. Com isso, cada canto do Brasil caminha em um ritmo diferente.

Entre os 27 estados, por exemplo, apenas três distribuíram a primeira dose da vacina para pelo menos 2% da população: Distrito Federal, Roraima e Amazonas. O mais populoso do país, São Paulo, alcançou 1,43%. Na ponta oposta, estão Tocantins e Pará, com pouco mais de 0,75%.

Aqui, é importante ressaltar que, por orientação do governo federal, a distribuição aos municípios é só da metade do lote disponível, para garantir estoque para a segunda aplicação.

Veja gráfico:

Em relação ao número de doses aplicadas, levando-se em consideração o montante de vacinas recebido por cada estado, o total não ultrapassa 33%. Distrito Federal, atual campeão do ranking, aplicou 56,1% das vacinas estocadas. Depois dele, vem Rio Grande do Norte, Paraná, Alagoas e Bahia, todos com mais de 46% das doses usadas.

Os números são do projeto CoronavirusBra1, que alimenta o Our World Data, e do painel do Ministério da Saúde.

Novas doses

O governador de São Paulo, João Dória, afirmou nessa quarta-feira (3/2) que as novas doses da Coronavac ficarão prontas a partir do dia 23 de fevereiro. Essas unidades do imunizante contra a Covid-19 serão produzidas com os 5,4 mil litros de matéria-prima que chegam da China na noite de quarta em São Paulo.

A previsão é de que sejam produzidas mais 8,6 milhões de doses da vacina. Com essas unidades, o Instituto Butantan terá entregue 17,3 milhões de doses ao governo federal. O contrato final é de 46 milhões até abril.