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Veja, na íntegra, a entrevista com o ministro Wellington Dias

Em entrevista ao Metrópoles, Wellington Dias falou sobre combate à fome, cortes no Orçamento e as eleições municipais

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Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto
Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias
1 de 1 Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias - Foto: <p>Hugo Barreto/Metrópoles<br /> @hugobarretophoto</p><div class="m-banner-wrap m-banner-rectangle m-publicity-content-middle"><div id="div-gpt-ad-geral-quadrado-1"></div></div> </p>

O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, conversou com o Metrópoles Entrevista na última quinta-feira (22/8). Entre os assuntos debatidos, o titular da pasta falou sobre a meta de tirar o Brasil do Mapa da Fome e as restrições orçamentárias, que, segundo o ministro, não vai afetar benefícios sociais. “Não há nenhum plano de cortar o benefício por cortar”, garantiu.

Além disso, Dias detalhou como será o processo de atualização do Cadastro Único, porta de entrada para acesso a programa sociais, como o Bolsa Família. O novo sistema deve incluir biometria, reconhecimento facial e integração com outras bases de dados. O ministro também falou sobre a expectativa para as eleições municipais deste ano.

Confira a entrevista completa:

Confira a página especial sobre as Eleições de 2024

Leia a íntegra da entrevista:

Metrópoles: Para começar, a gente queria falar sobre a Aliança Global Contra a Fome, que é um tema muito forte nessa Presidência do Brasil no G20. Queria perguntar para o senhor quais países já deram uma sinalização de que vão aderir e como está essa situação e se esse tema do combate à fome e à pobreza continua quando o Brasil for assumir a Presidência para sediar a COP30 no ano que vem.

Wellington Dias: Então, nós temos notícia boa. Os países do G20, que são na verdade 21, agora entrou mais a África do Sul, que representa na verdade um bloco de países e os países da União Africana, e tomaram já uma decisão que vão participar, porque nós temos duas formas de participação. A participação com um plano maior, a partir de toda essa discussão que foi feita na Presidência do Brasil no G20, o presidente Lula, sempre defendendo há muitos anos uma tese. Alguém que já saiu da pobreza, alguém que deixou de passar fome, teve ajuda de alguém e, a partir daí pôde caminhar com suas próprias pernas.

Então, a ideia dele [Lula] é que só é possível o mundo alcançar a condição de uma meta, de um mundo com fome zero, ou seja, todo mundo podendo tomar café, almoçar e jantar todo dia, e também saindo da extrema pobreza, saindo da situação de risco por conta da renda que se tiver, se tiver ali a participação dos mais ricos. Então, no foro dos mais ricos, que é o G20, os 20 países mais ricos do mundo, ele propõe na Índia que se tenha essa retomada da chamada meta um e dois dos objetivos para sustentá lo.

E o bom é que, e agora cada um faz o seu plano. Ainda tem pobreza nos Estados Unidos? Sim. Então, qual é a meta para poder superar? Ainda tem pobreza no Brasil? O Brasil Sem Fome e o plano de redução da pobreza são dois planos que a gente trabalha.

Então cada país faz o seu plano. A partir daí, quem tem melhores condições e os mais desenvolvidos, além de fazer cumprir o seu plano, ajuda a cumprir o plano de outros países. E com isso, o que se espera é chegar em 2030 com a redução da insuficiência alimentar, a insegurança alimentar, e também melhorando as condições de acesso à renda. É o acesso à renda em geral, que garante as condições de acesso ao alimento.

Mas não é só o comprar a comida, fazer e comer. Como é que o mundo também, em meio às mudanças climáticas, garante a produção de alimento suficiente e bem distribuído dentro do planeta? Então, isso passa por uma macro organização do comércio mundial, do comércio distribuidor, onde aqui você tem que parar um pouco a ganância que muitas vezes pela especulação aumenta muito o preço de alimentos.

Metrópoles: Esse tema do combate à fome ele continua na COP 30 no ano que vem também?

Wellington Dias: Sim, a COP 30, ela é parte de uma outra meta. E quando você olha ali, a gente estava se aproximando do final do último milênio e tinha ali uma ideia das Metas do Milênio. E o mundo tem problemas que precisa superar. Dentre os problemas, o risco do mundo alcançar uma temperatura que poderia desequilibrar o planeta. Desde a Revolução Industrial, quando começou a ter queima fóssil, passou a ter muita emissão de crédito de carbono, muita emissão de CO2, melhor dizendo, nós passamos a ler até um risco e passamos em 2021 essa temperatura assim do que era, vamos dizer, recomendado. Todo o esforço era para não subir a temperatura do mundo acima de um grau e meio e em 2021 ele alcançou. E o resultado disso? Mudanças climáticas. Então, agora, como é que em meio a mais esse desafio, a gente vai tratar?

O Brasil sediando a COP quer resgatar os compromissos, o compromisso com a transição energética, o compromisso com a garantia de que se tenha ali, por exemplo, o replantio. No Brasil, é uma meta de, até 2030, ter 12 milhões de novas árvores. Não só nós temos que conter desmatamento, mas ainda garantir reposição de novas árvores para ter mais produção de oxigênio, captação de CO2, e uma das metas e também esse olhar para os mais pobres.

Porque aqui precisam de ajuda e estão ali queimando lenha, então é possível trabalhar com energia e são pessoas que têm ali, vamos dizer, a necessidade do apoio para cumprir também a sua parte.

Metrópoles: Ministro, ainda falando sobre combate à fome, o governo tinha o plano para tirar o Brasil do mapa da fome até 2030. Hoje, o presidente fala de alcançar essa meta até o fim do mandato, ou seja, 2026. O que o governo está fazendo para alcançar essa meta? O que vai fazer? E também, se é possível fazer uma política que seja duradoura para que o Brasil não volte ao Mapa da Fome, independente de governo?

Wellington Dias: Vocês são muito jovens. Eu vivi um período do Brasil, sou do Piauí como vocês sabem, da região Nordeste, eu vivi um período em que a fome e a pobreza, elas eram também ali um fator que causava a instabilidade, a fome. A fome, eu lhe digo, nós somos um animal, a gente esquece, nós somos um animal e com fome, nós somos tão racionais assim.

Então, eu vivi situações na minha região em que o governo não tinha um plano. Tinham umas frentes de emergência, que cadastravam as pessoas para fazer estrada, mas era assim, muito limitado. Resultado: as pessoas que passavam fome, as pessoas na extrema pobreza, invadiam os armazéns para saquear, invadiam os supermercados, enfim. Então isso causava uma instabilidade para todo mundo. Aquela escola tinha lá a merenda escolar e o pessoal entrou lá e levou e agora fica sem merenda os alunos.

Eu conto isso para dizer que quando o presidente Lula assume, ele vem dessa, vem do Nordeste, vem dessa experiência que eu também vivi, de insegurança alimentar, de viver de uma família na pobreza. Ele assume isso como uma verdadeira obsessão. Então, qual é a lógica? Transferência de renda. Então, quando a gente faz a transferência de renda a partir de um cadastro, um cadastro que hoje tem 95 milhões de pessoas, quem são dessas pessoas que o problema é fome?

São os 54 milhões que estão no Bolsa Família. Ali transfere um valor per capita, um valor por pessoa. Onde ela está? Ela com dinheiro acessa a compra de alimento. Por isso tem que ter produção e tem que ter alimento chegando a todos os lugares e garantindo ali uma condição também de condicionalidade. Recebe o dinheiro, tem acesso ao alimento e o da necessidade, mas cuida da saúde.
A gestante tem que fazer o pré natal, vacinação das pessoas, as crianças têm que estar matriculadas, frequentando aula. Saiu agora uma pesquisa que mostra o resultado disso. A geração da primeira leva do Bolsa Família, 64% dos filhos e filhas daquelas famílias e elas já completaram ali, em 2009, 64% saíram da pobreza, saíram da fome e não voltaram mais.

Não dependem mais de nenhum programa, de nenhum benefício governamental. Então, a proposta é complementar também alimento. A gente tem uma família maior e você tem que complementar. Então daí vem a cozinha solidária, a alimentação escolar. Ali, a gente tem o programa de aquisição de alimento. Isso é integrado o município, estado, governo federal, uma rede de entidades extraordinária. O que também fazemos é como dar a mão para sair da pobreza?

A educação e saúde são fundamentais, mas a qualificação profissional. Nós mudamos as regras no sentido de estimular o emprego e o empreendedorismo. Lançamos agora o programa Acredita. O que a gente faz aqui é um dar as mãos com o setor privado, faz o curso de qualificação desse público que está ali na população economicamente ativa e o resultado ele chega.

Tem muita gente que está no Bolsa Família, mas é uma pessoa que se formou, está com diploma na mão e não consegue o emprego. É a outra ali que tem experiência como empreendedora, trabalhou no salão de beleza, trabalhou em alguma coisa e não consegue uma colocação. Quando a gente chega e dá a mão, ela trabalha. No ano passado, 9 milhões de pessoas do Cadastro Único do Bolsa Família celebraram um contrato de trabalho.

4 milhões seiscentos e trinta mal passaram a ter ali um CNPJ. Então, assim, hoje quando entra no Bolsa Família, só sai quando sai da pobreza, quando a renda ultrapassa por pessoa da família meio salário mínimo. Uma família de cinco pessoas precisa a renda elevar e chegar acima de R$ 3.530 para poder sair do Bolsa Família. Sai do Bolsa Família, mas não sai do Cadastro Único.

Então se perder o emprego, já não entra mais na fila, já volta para o Bolsa Família. Então, eu estou bastante animado. É 71% das vagas do saldo positivo do Caged. O saldo positivo do emprego do ano passado foi o público do Cadastro Único e do Bolsa Família. Este ano já fechamos até julho 76% das vagas. O público do Cadastro Único Bolsa Família.

Então, é falso esse negócio de ‘ah, esse povo não quer trabalhar’. Quer trabalhar, aliás, trabalha e trabalha muito e quer sair da pobreza.

Metrópoles: Então, com todo esse trabalho que o governo federal tem feito, o senhor acredita que é realista essa meta realista até 2026 ou mais para 2030?

Wellington Dias: A meta oficial do Brasil é a mesma dos outros países do mundo, é dos objetivos de sustentar até 2030. O que significa um país sair do Mapa da Fome? É quando você reduz para um patamar abaixo de 2,5%. Você tem uma parcela da população que tem problema de, vamos dizer assim, de desnutrição em razão de saúde, às vezes é um problema que não tem a ver propriamente com o acesso ao alimento.

Então, o mundo padronizou esse patamar. O Brasil tinha saído do Mapa da Fome. Por quê? Porque durante pelo menos três anos seguidos, ali foi 2011, 2012, 2013, o Brasil abaixo de 2,5%. Então, ali recebeu a certificação de país fora do Mapa da Fome. Quebrou toda a estrutura que tinha e infelizmente, em 2021, voltamos ao Mapa da Fome.

Agora, quando o presidente Lula assume, ele abraça essa meta e com transferência de renda, com complementação alimentar, também pelo emprego, pelo crescimento da economia, o aumento do salário mínimo pelo empreendedorismo está dando resultado. E agora, em 2023, a gente teve uma queda. Por isso a animação. A gente caiu para 2,82%. Então, todo o esforço é para em 2023, a gente reduzir ainda mais.

Para lembrar ali, nos cálculos do IBGE e do Ipea, a gente tinha em 2022, a Rede Penssan fez um estudo, 33 milhões e 100 mil pessoas na insegurança alimentar. Em 2023, a gente tirou 24,4 milhões com essas políticas que adotamos, passaram a ter a condição de tomar café, almoçar e jantar. Mas ainda abrimos o ano de 2024 com 8,7 milhões na insegurança alimentar.

Este ano, até o mês de julho, a gente já alcançou mais de 4 milhões de famílias que estavam fora, a gente faz uma busca ativa, vai lá na floresta e vai lá e em Alagoas, vai lá em cada canto do Brasil e lá no Sul, agora estão preocupados com Rio Grande do Sul para não voltar a crescer nem a insegurança alimentar e nem a pobreza.

E quando a gente vai dar a mão aqui também há preocupação com o emprego, para que a pessoa possa ter sustentabilidade, já tiramos também mais de 3 milhões e quatrocentos da pobreza, sai da pobreza. Outra parte ela sai da extrema pobreza. Então, ali ela já não… Tem um complemento de renda e não mais 50% que a gente paga quando a renda também dá esse passo.

E, com isso, eu acredito que em 2026, sim, nós vamos tirar de novo o Brasil do Mapa da Fome e reduzindo muito a extrema pobreza, a gente alcançou já o mais baixo o patamar de extrema pobreza da história do Brasil, mais baixo nível de desigualdade.

Metrópoles: Bom, trocando um pouquinho de assunto, a gente queria conversar também sobre aquele contingenciamento de contas que foi de R$ 15 bilhões. E aí no orçamento do senhor vai atingir o Auxílio Gás. Isso afeta o pagamento das famílias que são beneficiadas?

Wellington Dias: Não. Nós temos um compromisso. Acho que todo mundo compreende, um compromisso direto do presidente Lula. Não faltará dinheiro para os mais pobres. Coloca o pobre no orçamento com total prioridade. Na verdade, a gente, no caso da área social, foi feito um bloqueio, onde a gente já tem empenhado o valor de agosto, o valor de setembro. Em setembro nós vamos ter uma revisão.

Eu estou otimista. Eu acho que a economia segue crescendo, nós vamos ter condições de fechar esse ano. Eu estou dizendo desde o início do ano, eu estou mais otimista que o ministro Fernando Haddad. Até eu brinco muito com ele. Por quê? Porque a economia dos pobres também tem um papel importante no crescimento do PIB. Ali, aquela pessoa que trabalha ali vendendo espetinho, aquela outra que trabalha lá na agricultura familiar, a produção de todo mundo em meio a milhões de pequenos, ela tem uma força muito grande.

É isso. Eu estou andando pelo Brasil, está acontecendo bem forte. Eu acho que o Brasil vai crescer acima de 3%, acredito eu que vamos seguir com o saldo positivo de emprego. Veja que o ano passado a gente fechou com 1 milhão e seiscentos e cinquenta mil novos empregos em relação ao ano anterior. Este ano, já no mês de junho, a gente já tinha alcançado 1 milhão e trezentos mil.

Então é, a tendência é esse ano a gente ter aí próximo de 2 milhões de novos empregos. Quando você tem mais emprego e mais renda, o que acontece? Mais consumo, mais consumo, mais indústria, mais produção, mais serviço. Significa também mais oportunidade. O presidente Lula usa um termo assim, “é a roda da economia girando” e quando ela gira no sentido do crescimento, é nessa direção.

Claro que quando ela despenca, não é com uma queda, aí também é uma ladeira abaixo. Não é fácil segurar. O que a gente fez foi garantir essa integração do social com o econômico, é essa preocupação da sustentabilidade. O Brasil é um país que, ao mesmo tempo, reduziu a população na insegurança alimentar, reduziu a extrema pobreza, reduziu pobreza, cresceu a economia, saldo positivo de emprego e reduzindo desmatamento, reduzindo emissão de CO2. Então isso é fundamental.

Metrópoles: Mas esse bloqueio, ministro, não vai chegar lá na ponta?

Wellington Dias: Eu estou bastante otimista que em setembro, na revisão, a gente tenha uma condição, de não transformar esse bloqueio em cancelamento. Está certo? E eu digo isso porque tem também uma situação de sazonalidade, a economia brasileira, ela tem aquele período do ano que cresce mais, o outro que reduz mais. Eu fui governador e ali eu acompanhava isso de modo muito forte, no mês de julho, agosto, é um período em que normalmente você tem uma queda na receita.

Agora é com o crescimento da economia, a vantagem é que você tem uma sustentabilidade, tem uma estabilidade e ainda o crescimento mais oportunidade.

Metrópoles: Mas, ministro, além desses, desse bloqueio de R$ 15 bilhões no orçamento, desse ano, para ano que vem, está previsto um corte de R$ 25 bilhões, que segundo o governo, vai afetar ali, vai vir a partir de um pente-fino em benefícios sociais. Eu queria saber se nesse contexto de corte dá para pensar em reajuste ou em ampliar benefícios como o Bolsa Família, por exemplo?

Wellington Dias: Olha, você usa a palavra pente-fino e eu tenho assim um horror a essa palavra. Sabe por quê? Eu sou de uma geração que viveu um problema grave, que era piolho, mas isso também era doença, era doença do século. Lembro que os egípcios que raspar a cabeça para poder botar uma peruca para poder se livrar do piolhos. E tinha aquelas mulheres ali penteando.

Mas o que o ministro Fernando Haddad está anunciando é que nós estamos trabalhando em várias frentes. Uma delas, o próprio Bolsa Família, é talvez o melhor exemplo. A gente tinha de um lado, milhões de pessoas que estavam passando fome e estavam na pobreza e não conseguiam acessar. A gente criou uma busca ativa, fomos lá e trouxemos para dentro.

Para você ter uma ideia, 4 milhões e 400 mil. Ora, se a gente estava em 22 milhões quando a gente assumiu, então passou para 26 milhões e 400? Não, foi diminuir, porque também, quando a gente foi fazer a atualização do cadastro, de um lado nós encontramos muita fraude, muita fraude. Eram pessoas com renda de R$ 160 mil por mês e ganhando o Auxílio Brasil. Pessoas que falsificavam um documento, falsificavam o CPF e tinha ali gente que já tinha morrido, lembra da história de uma moça que levou uma pessoa morta no banco?

Então, você tinha de tudo. Então, quando a gente vai para dentro e ali busca eficiência no cadastro, encontramos 3 milhões e 700 mil benefícios. O Tribunal de Contas precificou em R$ 34 bilhões de prejuízo ao país por ano. E ali a gente garantiu, não é toda regularização fácil, não é fácil.

Ao mesmo tempo, o crescimento da economia. Cresce a economia, outras pessoas saem pelo crescimento da renda. Então eu aposto em dois caminhos do Bolsa Família. Ainda tem irregularidade? É possível, mas muito pouco, porque a gente chegou a um patamar de 95%, aproximadamente, de atualização do cadastro. Mas aqui estamos ainda modernizando o Cadastro Único para ter biometria, para ter leitura facial, para garantir que a gente tenha ali uma integração de dados gigante.

Hoje, se tem uma ideia, a gente consegue cruzar 1,3 penta bytes de informação. Então é uma base gigante de informações, onde a gente tem ali a condição de garantir o direito a quem tem o direito, mas também é quem está cometendo fraude botar para fora.

Então nós temos vários programas, o Benefício da Prestação Continuada, o BPC, o Seguro Defesa, o próprio Seguro Desemprego, a Licença Doença, que muitas vezes também estão fraudando, a própria aposentadoria, a pensão. Então o Brasil passou novamente a olhar de modo técnico científico, enfim, para combater fraude. Mas não só isso. E eu digo que quando cresce a economia, a gente garante uma condição de redução de despesa em várias áreas.

Veja que quando alguém está no Bolsa Família, ela também tem o direito ao BPC. Ela também tem o direito ao Auxílio Gás, a tarifa social de energia. Então, quando ela supera o que cresceu a renda ou sai porque estava fraudando, ela sai de todas essas vantagens e daí reduz a despesa. Então o país olha como fazer crescer a economia para crescer a receita, mas também como cortar despesas e combater fraude. Isso nós vamos fazer.

Metrópoles: Essa reforma do Cadastro Único, então, além de tirar essas pessoas que estavam fraudando o sistema, ela também interliga alguns benefícios de forma diferente? Ou é só essa limpa de pessoas que não deveriam estar recebendo?

Wellington Dias: Ela interliga, ela tem um olhar de beneficiar também as pessoas. Veja só, ali o presidente Lula é muito claro direito a quem tem direito. Se tem o direito ao Bolsa Família, não quero ninguém de fora. Se tem direito ao BPC, se é uma pessoa com deficiência que não tem condição de trabalhar porque não é qualquer deficiência, é uma deficiência que é impeditivo para a pessoa trabalhar e garantir, com isso, acesso a um conjunto de benefícios.

Um exemplo: o programa Minha Casa, Minha Vida. A gente tem aqui um olhar especial para esse público do Cadastro Único, do Bolsa Família, do BPC, porque quando eu faço uma transferência de renda ali… Eu fui visitar uma família, ela recebe R$ 1.050 por mês ali para aquela família, mas ela não tinha casa, precisava pagar o aluguel, pagava R$ 600 — desse dinheiro, ela tirava mais da metade pra pagar o aluguel.

E claro que o que sobrava não era o suficiente para alimentação. Então, quando a gente chega e entrega para ela a chave de uma casa, de um apartamento, e diz: “Está aqui também a quitação, você não vai pagar”. Ela tem uma casa, tem uma moradia que é dela. Olha só. E ainda não tem a prestação. Aquelas que já tinham o Minha Casa, Minha Vida foi feita a quitação também.

Então, da mesma forma, têm pessoas doentes, precisam de medicamento, medicamento de uso contínuo. Eu agora cheguei na idade que tem que usar remédio, para controlar pressão, para o colesterol, para pressão alta. São as doenças que têm remédio de uso contínuo, é caro. Então o que se faz ali? Ela é atendida na Farmácia Popular. Então, com isso você garante a condição de acesso sim, a vários benefícios.

O Bolsa Família, ele é hoje olhado pelo mundo como um modelo, tanto que na Aliança Global, a transferência de renda no modelo do Bolsa Família está na cesta das alternativas que são consideradas eficientes. Porque não é só transferir renda. Transfere renda, mas traz a promoção da dignidade e o apoio para a pessoa crescer. Então, eu acredito que o Brasil, nós vamos ter este este mandato até 2026, uma quantidade grande de milhões de pessoas que vão acessar o emprego, vão botar um negócio, vão crescer e não vão precisar mais do benefício.

Metrópoles: Ministro só para tranquilizar as pessoas que estão assistindo. Então, apesar desses cortes no orçamento e todo esse rearranjo financeiro, esses benefícios Bolsa família, BPC e auxílio gás, eles não vão ser mexidos?

Wellington Dias: Então olha aqui, aqui, bem, de forma bem clara: não há nenhum plano de cortar o benefício por cortar. A recomendação do presidente é o contrário. Tem o direito, garante o direito. Ao mesmo tempo, quem ainda está fora e está passando fome e está numa situação de extrema pobreza, nós vamos alcançar.

Nós estamos aqui atrás para poder trazer para o benefício. Agora, também um aviso aqui aos fraudadores: quem arriscar fraudar vai pagar na forma da lei. Nós vamos atrás. Muita gente, inclusive, responde com processo de esquemas. Enfim, aí é Tribunal de Contas, Polícia Federal, Ministério Público, combater fraude. Isso aqui é dinheiro de impostos que o povo paga.

Então a gente quer que cada centavo chegue para quem precisa e ao mesmo tempo combater a fraude.

Metrópoles: Ministro e tem previsão de reajustar valores de benefícios?

Wellington Dias: Então, o reajuste do benefício, ele leva em conta o poder de compra. Veja só. Ao mesmo tempo, a gente fixou a lei no ano passado, mais ou menos 40 dólares é a base para entrar no Bolsa Família, per capta. Ou seja, ali ficamos em R$ 218 per capita. Aquela família quando divide a renda que ela tem por um número de pessoas, dá abaixo de R$ 218, ela tem direito ao Bolsa Família e agora quando ela tem um emprego, tem a carteira assinada, ela também pode seguir ganhando o Bolsa Família, porque o que conta é a renda.

Uma família de seis pessoas ganha salário mínimo, além de um contrato de trabalho. Quando eu divido a renda líquida, dá R$ 200, tá abaixo dos R$ 218, ela passa a receber o do salário e também o do Bolsa Família.

Nós temos cerca de 6 milhões de pessoas que são de famílias que recebem Bolsa Família e recebem o do salário e outras que recebem do negócio. Então, agora isso aqui garante uma condição do estímulo ao emprego. Temos uma situação em que o poder de compra, ele é medido de acordo com o custo da cesta básica.

A cesta básica teve agora, neste segundo semestre, uma ligeira queda. A queda do dólar, a queda da Bolsa e o aumento da produção, o Plano Safra, que é subsidiado, tudo isso permite o produtor ganhar o dele, mas também aqui, com um preço mais adequado. A gente teve aquela situação do arroz ali e de vez em quando é um produto que a gente está agora, inclusive, criando um plano especial.

A Embrapa acaba de dar uma boa notícia: é possível produzir o arroz também em regiões altas, o que garante aí uma condição de ampliar no Brasil mais produção. Então, eu coordeno uma câmara com 24 ministérios, por confiança do presidente Lula, que é a Caisan, onde a gente planeja o que o Brasil vai produzir de alimentos, o que vai produzir para exportar? O que vai produzir para a mesa de brasileiros? O que está chegando em cada região de acordo com a cultura alimentar de cada região?

Então, ali a gente traz para a nossa responsabilidade esse acompanhamento junto com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Ministério da Pesca, a Conab, o Ministério da Agricultura, junto com as entidades dos produtores, os pequenos, os médios e os grandes. Então é uma orquestra, não pense que é fácil, mas essa decisão ela vai ser tomada no próximo ano.

A rigor, para o ano de 24 não há nenhuma previsão, porque, na avaliação feita, o poder de compra, ele se sustenta. Ele garante a condição da pessoa ter o combate à desnutrição, ter a condição da alimentação saudável e adequada.

Metrópoles: Quando o senhor fala para 2024, está falando do orçamento, da peça orçamentária que está sendo formulada [para 2025]?

Wellington Dias: Até dezembro de 24 não há nenhuma previsão de reajuste. No próximo ano, na conjuntura do próximo ano, como é que está o preço do alimento? Como é que está toda essa situação? A lei já autorizou o governo. O governo tem autorização para a qualquer momento, preenchendo determinadas condições, fazer ali o reajustamento. Eu lhe digo que na realidade de hoje, se a gente chegar em 25, na realidade que estamos nesse semestre de 2024, não há, a rigor, a necessidade desse reajustamento.

Mas eu acho que esperar para ver como é que vai se comportar, eu espero que seja com inflação baixa, com o preço do alimento adequado, que também beneficia a toda a sociedade. Os mais pobres impactam mais, mas todo mundo ganha com o preço estabilizado. Um outro.

Metrópoles: Ministro, para falar um pouquinho de eleições agora, queria saber como o senhor avalia as chances do PT de ganhar algumas prefeituras, inclusive em Teresina? E como que o senhor avalia toda essa questão, esse contexto que a gente tem de polarização do PT com o PL esse ano?

Wellington Dias: Saímos de uma eleição em 2022 bastante polarizada, e ali teve realmente uma mudança do ponto de vista da disputa nacional. Ali, o presidente Bolsonaro estava no PL e ele formou ali um bloco de partido de lideranças. E isso permaneceu. E eu digo que nas eleições de 24 nós já começamos a colher frutos do projeto que começamos em 2023.

De um lado, fazer o país garantir a entrar no eixo de uma boa relação internacional, de controle de inflação, a economia crescer e saldo positivo de emprego funcionar, educação, saúde, vacinação, garantia, ou seja, coisas da normalidade que não estavam funcionando. O resultado disso eu acho que representará um ganho para o nosso campo político, não só para o Partido dos Trabalhadores.

Assim, eu olho para o meu Piauí, por exemplo. Lá nós temos hoje 50 prefeitos e prefeitas do nosso partido e, em 2020, a gente, no nosso campo político, e foi assim na eleição de 22, a gente tinha 143 prefeitos prefeitas, com mais o MDB, o PSB, o PCdoB, o PSD, ou seja, os vários partidos dessa frente.

E agora nós vamos crescer, nós vamos crescer, tanto o Partido dos Trabalhadores como os outros. Nós acreditamos que chegar entre 65 a 70 prefeituras. Em Teresina é o deputado estadual Fábio Novo, um líder muito destacado, um bom executivo, uma pessoa que tem uma capacidade de articulação e hoje tem um time muito forte, mais de 300 vereadores ali, 14 partidos e é real a possibilidade, inclusive, de vitória no primeiro turno.

Hoje já tem pesquisas sinalizando a possibilidade de vitória no primeiro turno. Eu sempre digo: em eleição, nada de sapato alto, tem que ter muita humildade, é como se estivesse lá em último lugar e aí é muito trabalho, respeitar sua excelência, o povo, como eu sempre digo. E os outros partidos também. Lá a gente estima chegar a 180, 190, dos 224 municípios do nosso campo político.

Então todo mundo com chance de crescer. Eu estou andando pelo Brasil. Eu acho que tem várias capitais que nós temos nomes que estão na disputa para com chance de vitória aqui, a Adriana, a deputada Adriana, aqui em Goiânia e a Natália lá no Rio Grande do Norte, em Fortaleza, enfim, em várias cidades em Porto Alegre, enfim, nós temos uma condição real em Blumenau, ou seja, são várias cidades maiores que a gente entra com condições de ir pro segundo turno e de vitória, e cresce também em pequenos municípios e não só o Partido dos Trabalhadores.

Ou seja, esse campo político liderado pelo presidente Lula, pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, por outros líderes, têm uma condição muito boa de sair da eleição com vitória da eleição municipal. Ela é o alicerce para as outras eleições seguintes. Ela é importante para eleição estadual, eleição federal, eleição de senador, senadora, e também de governador e presidente. Então, a gente está aqui respeitando a lei, não pensa que é fácil. Lá no meu estado, o pessoal se acostumou com o Wellington Dias a semana inteira lá.

Agora é só o fim de semana que eu estou indo e olha lá de vez em quando. Agora mesmo, domingo, eu estava lá com a programação, tive uma emergência. A gente está cuidando dessa situação da seca na Amazônia. Ainda ontem tivemos uma agenda tratando sobre a seca na Amazônia, o Rio Solimões, o próprio rio Amazonas, enfim, baixando muito e todo o apoio para alimentação, combustível, medicamento.

Como é que a gente vai garantir que as pessoas sejam atendidas? Então tem um quê de um lado, toca assim, de acompanhar, processar. Não é fácil.

Metrópoles: Ministro, para fechar, a gente está estourando o tempo aqui, eu queria saber se o já tem planos para 2026, se pretende concorrer de novo ao Senado, se vai voltar para o Piauí. O que pensa?

Wellington Dias: Eu sou agora, graças a essa confiança do povo do Piauí, o que tem menos ansiedade agora, porque o meu mandato vai até 2030 e eu quero contribuir de verdade por toda a minha história de vida, tudo aquilo que eu pude aprender e tudo aquilo que eu conquistei. Eu olho para trás, filho de Dona Terezinha, uma professora lá do interior do Piauí, que vive na roça.

Ela é de origem indígena. Ainda essa semana meu irmão me mandou a imagem, ela lá no meio da roça, fazendo cerca, para você ter uma ideia e o meu pai, um caminhoneiro, uma pessoa de poucas letras. E ali ajudado por muita gente, com as oportunidades que o país me deu, o Partido dos Trabalhadores é o único partido da minha vida, eu pude alcançar a condição de ter sido vereador, deputado estadual ou federal, senador.

Fui governador por quatro mandatos, 16 anos, quatro vezes no primeiro turno. Então eu quero contribuir com toda essa minha experiência de vida e de trabalho. Eu sou bancário de carreira, quero garantir que a gente possa dar conta de dar a mão a quem precisa. O Brasil, realmente eu estou andando pelo Brasil.

Ainda é muito grave essa situação da população em situação de rua, os indígenas, essa rede. Ontem eu estive conversando com os vicentino, eu fui vicentino, cuidando ali de milhares de pessoas que são muitas vezes abandonadas, idosas, crianças, adolescentes, mulheres que são violentadas. E ter o privilégio de trabalhar com uma rede muito competente, o Sistema Único da Assistência Social, o sistema de segurança alimentar, uma equipe muito dedicada, integrado com os estados, com os municípios.

Ou seja, eu quero, na verdade, poder chegar em 2026, olhar para trás e se Deus quiser a gente comemorar aqui, sabe? Vir aqui dizer ‘lembra do que eu disse?’. O Brasil fora do Mapa da Fome, reduzimos a extrema pobreza para o mais baixo patamar, reduzimos a pobreza. Eu acho que para qualquer ser humano poder contar uma história como essa, e mais a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza.

Você imagina o que é convencer os países do mundo inteiro, a América Latina e o Caribe? Essa semana mesmo, aqui no Itamaraty, fizemos mais uma agenda com os países da América Latina e do Caribe, a União Africana, a Liga Árabe, União Europeia, os países da América do Norte, os países da Ásia. Ou seja, garantir que a gente nessa concertação possa também melhorar o mundo. Para quem quando era criança o sonho era ser vaqueiro, acho que é uma vitória muito importante.

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