Veja lista de quem já teve sigilos quebrados pela CPI do 8/1
CPI já aprovou 118 pedidos de quebra de sigilo. Maioria dos requerimentos foi apresentada pela relatora Eliziane Gama (PSD-MA)
atualizado
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Instalada em maio deste ano, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8/1 no Congresso Nacional tem avançado nas investigações sobre os ataques golpistas às sedes dos Três Poderes. Uma fase considerada fundamental para as apurações é a quebra de sigilo dos acusados.
Até o momento, a mesa da CPMI já aprovou 118 requerimentos desse tipo. Os pedidos englobam diferentes esferas, como relatórios de inteligência financeira elaborados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), além de dados bancários, telemáticos, fiscais e telefônicos.
A maior parte das transferências de sigilo aprovadas foi solicitada pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora do colegiado. Dos 118 pedidos, 111 são da parlamentar, que busca informações para construir o parecer a ser apresentado ao fim da CPMI.
Alguns nomes listados por Eliziane estão na mira de outros órgãos, como a Polícia Federal (PF) e o Supremo Tribunal Federal (STF). É o caso de Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro; Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal; e Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Os demais sete pedidos de quebra de sigilo aprovados foram apresentados por Soraya Thronicke (Podemos-MS), Fabiano Contarato (PT-ES), Jorge Kajuru (PSB-GO), Magno Malta (PL-ES) e Rogério Correia (PT-MG). As informações foram coletadas pelo Metrópoles na página do colegiado.
Veja a lista dos principais alvos de quebra de sigilo da CPMI do 8/1:
- Mauro Cid
O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro é alvo de quatro pedidos de transferências de sigilo na CPMI. Parlamentares requerem informações telemáticas, bancárias, fiscais e telefônicas de Cid. Além disso, foi solicitado um relatório de inteligência financeira (RIF) sobre o militar ao Coaf.
Cid é investigado pela Polícia Federal em uma série de casos. Entre eles, o que trata de conversas entre o tenente-coronel e militares da ativa para traçar o roteiro para um golpe de Estado com a participação das Forças Armadas. Ele compareceu à sessão da CPMI em 14 de julho, mas permaneceu calado durante o depoimento.
- Anderson Torres
Até o momento, Anderson Torres foi alvo de apenas um pedido de quebra de sigilo, sobre informações telefônicas e telemáticas do ex-secretário. Ele é investigado por suposta omissão no enfrentamento aos atos golpistas do dia 8 de janeiro. À época, Torres era responsável pela pasta da Segurança Pública no Distrito Federal, mas viajou para os Estados Unidos na véspera do incidente.
Além disso, a Polícia Federal investiga uma minuta com teor golpista encontrada na casa do ex-secretário durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão. Torres prestou depoimento à CPMI em 8 de agosto.
- Silvinei Vasques
O ex-diretor da PRF teve os sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático transferidos à CPMI, além de um relatório de inteligência financeira elaborado pelo Coaf. Vasques é investigado pela PF por organizar um plano de obstrução de rodovias na data do segundo turno eleitoral de 2022.
O objetivo dele seria impedir que eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegassem aos locais de votação, favorecendo o então candidato Jair Bolsonaro. Vasques foi o primeiro depoente da CPMI, em 20 de junho.
- George Washington de Oliveira
George Washington de Oliveira teve os sigilos telefônico, telemático, bancário e fiscal transferidos à CPMI. Ele é o autor da tentativa de atentado a bomba no Aeroporto de Brasília, em dezembro de 2022.
Oliveira prestou depoimento à CPMI em 22 de junho e admitiu que frequentou o acampamento bolsonarista montado em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília.
- Jean Lawand
O coronel do Exército Jean Lawand Júnior teve os sigilos telefônico e telemáticos transferidos à CPMI. Ele é investigado pela troca de mensagens telefônicas com Mauro Cid, em que defenderam uma intervenção militar contra o resultado das eleições de 2022. Lawand prestou depoimento à CPMI em 27 de junho.
- Jorge Eduardo Naime Barreto
O ex-chefe de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal Jorge Eduardo Naime Barreto teve relatórios de inteligência financeira elaborados pelo Coaf compartilhados com a CPMI. Naime é investigado por participação e omissão nos atos golpistas de 8/1.
O militar foi alvo de nova operação da Polícia Federal nessa sexta-feira (18/8). A corporação aponta que Naime deu de ombros quanto à ação de policiais militares no acampamento bolsonarista em frente ao quartel-general do Exército. Ele prestou depoimento à CPMI em 26 de junho.
- Walter Delgatti Neto
O hacker Walter Delgatti Neto teve relatórios de inteligência financeira compartilhados com a CPMI. Ele confessou reuniões com o ex-presidente Jair Bolsonaro, a deputada Carla Zambelli (PL-SP), o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, além de marqueteiros do PL, para questionar o resultado das eleições.
Delgatti prestou depoimento à CPMI na quinta-feira (17/8) e citou que Bolsonaro teria pedido que ele simulasse a manipulação de uma urna eletrônica em 7 de setembro de 2022. O ex-mandatário teria oferecido indulto ao hacker, caso ele fosse condenado pelo crime.
Além disso, Delgatti afirmou que foi pago por Carla Zambelli para invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e acusar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, de atos ilícitos.
Outros alvos e próximos pedidos
Outras pessoas estão na mira da CPMI, como militares do Exército e agentes da PRF. Além disso, a relatora do colegiado pediu a quebra de sigilo de uma série de empresas que estariam ligadas a financiamento dos atos antidemocráticos.
A próxima reunião deliberativa do colegiado está prevista para terça-feira (22/8). Na sessão, parlamentares devem votar uma lista de novos requerimentos, com outros pedidos de quebra de sigilo.
Veja lista completa: