Moraes quebra sigilo de reunião de Bolsonaro e ministros; veja íntegra
Moraes usou vídeo da reunião de Bolsonaro com ministros como uma das justificativas para operação da PF contra suposta tentativa de golpe
atualizado
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O vídeo de uma reunião em julho de 2022, entre o o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ministros e assessores, foi usado no inquérito que baseou operação da Polícia Federal contra uma suposta tentativa de golpe de Estado. A gravação estava em computador apreendido na casa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-chefe da ajudância de ordem de Bolsonaro.
No encontro, Bolsonaro questiona as urnas eletrônicas e fala de opções em caso as pesquisas se confirmassem e o petista Luiz Inácio Lula da Silva ganhasse as eleições, como de fato ocorreu.
Essa reunião, indicam os dados da PF, aconteceu no dia 5 de julho de 2022, antes das eleições presidenciais em que Bolsonaro perdeu para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O vídeo foi citado em documentos da operação da PF desta quinta-feira (8/2), que cumpriu mandados de prisão e busca de suspeitos de arquitetar a tentativa de golpe.
Veja a íntegra da reunião:
Reunião com “dinâmica golpista”
Na decisão que autorizou a operação deflagrada nesta quinta, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, escreveu que a reunião “nitidamente, revela o arranjo de dinâmica golpista no âmbito da alta cúpula do governo”.
Estavam na reunião, entre outros, o ministro da Justiça, Anderson Torres, o então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno e o ex-chefe da Casa Civil, Braga Netto, que seria candidato a vice na chapa de Bolsonaro.
Segundo a PF, na reunião houve a cobrança para que os ministros tivessem uma conduta ativa de ataque à Justiça Eleitoral. Essa narrativa serviria para manter forte entre apoiadores a narrativa de fraude eleitoral.
“Hoje me reuni com o pessoal do WhatsApp, e outras também mídias do Brasil. Conversei com eles. Tem acordo ou não tem com o TSE [Tribunal Superior Eleitoral]? Se tem acordo, que acordo é esse que tá passando por cima da Constituição? Eu vou entrar em campo usando o meu Exército, meus 23 ministros”, diz Bolsonaro, em trecho do diálogo transcrito pela PF.