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Veja como evitar o abuso de álcool na pandemia: “Não é fuga nem remédio”

Aumento no consumo é relatado por 18% da população em pesquisa e especialista alerta para a elevação dos riscos em tempos de coronavírus

atualizado

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A sensação de estar consumindo mais bebida alcoólica desde o início da pandemia de coronavírus foi citada por 18% dos entrevistados em uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Esse aumento muitas vezes está ligado à angústia trazida pela presença da doença e pelo isolamento social necessário para lidar com ela, mas especialistas alertam que usar a bebida como fuga para essa frustração pode levar ao abuso e piorar a situação.

Registrar o quanto se bebe, em uma agenda ou no celular, é um dos passos sugeridos pelo Centro de Informações sobre Álcool e Saúde (Cisa) para ajudar a identificar sinais de abuso e saber como lidar com eles. “Parece chato ter que anotar o que se está bebendo, mas é importante inclusive para evitar um equívoco na percepção de quanto você está consumindo, se tomou uma garrafa de vinho sozinho sem perceber que foram 5 taças”, explica a coordenadora da instituição, doutora Erica Siu.

A especialista diz que compreende o papel social do álcool “para relaxar, comemorar. Consideramos que não há níveis seguros de consumo, mas tem o consumo de risco baixo”.

O risco de abusar da bebida neste momento, segundo ela, é agravar problemas de saúde pré-existentes e causar outros. “Ninguém quer passar por uma pandemia com a imunidade baixa e o álcool em altas doses pode levar a isso. Também há os efeitos negativos a longo prazo que serão um dos resultados que essa pandemia trará para a saúde pública no futuro”.

Para a doutora Siu, que é pesquisadora do Núcleo de Epidemiologia Psiquiátrica do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), é preciso buscar outras medidas de enfrentamento para este momento complicado, para além do álcool. “Como praticar exercício físico e reforçar laços de amizade”, exemplifica.

As dicas
O Cisa listou quatro medidas para ajudar a identificar e lidar com o possível abuso do álcool durante a pandemia de coronavírus. Uma delas, como já dissemos, é anotar quantas doses se consome e em quanto tempo.

Esse dado pode ajudar a seguir outra orientação da lista: se programar para beber em dias e horários planejados, sem atrapalhar outras atividades do cotidiano. “Se uma pessoa bebe todos os dias, pode se propor a não beber dois dias na semana, trocar por outra atividade”, exemplifica a doutora Siu.

“Não conseguir cumprir esse planejamento é um sinal de que as coisas não vão bem”, adverte ela, que diz que há vários caminhos para procurar ajuda: “Um médico, ainda melhor se for amigo da família. Psicólogos e psiquiatras também são profissionais preparados para ajudar com essa situação”.

Outro ponto da lista do Cisa é identificar os gatilhos que levam ao consumo de bebida e tentar evitá-los ou minimizá-los. “É aquele ponto: bebida não é remédio”, alerta Siu.

Por fim, é preciso conhecer as medidas e limites para o consumo de baixo risco.

O consumo moderado
O Cisa realiza uma pesquisa sobre o perfil de consumo de álcool pelos brasileiros e identificou, na última edição, que grupos como mulheres e idosos têm abusado mais da substância, apesar do consumo geral estar caindo.

Com base em orientações de uma entidade norte-americana que é referência mundial no estudo do álcool, o NIAAA (National Institute ok Alcohol Abuse and Alcoholism), o Cisa estima que o consumo moderado não deve exceder 14 doses por semana no caso de homens e 7 no de mulheres. Veja em detalhes:

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O consumo padrão de álcool no Brasil
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Doses recomendadas como consumo de baixo risco

CISA, Álcool e a Saúde dos Brasileiros - Panorama 2020
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O consumo padrão de álcool no Brasil

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