Teich sobre sair do governo: “Vida é feita de escolhas. Eu escolhi sair”
O agora ex-ministro pediu a demissão do cargo no fim da manhã desta sexta-feira. Seu substituto ainda não foi anunciado
atualizado
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Em um curto discurso de apenas oito minutos, o agora ex-ministro da Saúde Nelson Teich despediu-se do cargo alegando que a vida é feita de escolhas. “Eu, hoje, escolhi sair”, disse.
O médico oncologista permaneceu apenas 28 dias na gestão do ministério e anunciou, nesta sexta-feira (15/05) a sua saída após desentendimentos públicos com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Dei o melhor de mim. Não é uma coisa simples estar a frente do ministério em um período tão difícil”, destacou. “Nesse período, a gente auxiliou estados e municípios a enfrentar essas dificuldades [do coronavírus]. São duas questões, respiradores e recursos humanos. Isso em meio à crise mundial. É uma luta diária para que a gente consiga auxiliar estados e municípios”, prosseguiu.
Mesmo após os desentendimentos com o presidente, Teich agradeceu Bolsonaro pela “oportunidade” de assumir o cargo em uma época como a atual. “Isso era uma coisa muito importante para mim. Seria muito ruim na minha carreira não ter tido a oportunidade de trabalhar no ministério, no serviço público”, afirmou.
Em sua defesa, Teich disse que, ao longo da sua breve atuação como ministro, conseguiu montar a estrutura de um sistema de testagem da doença no país. “A gente iniciou as visitas nas cidades mais atingidas. Isso foi fundamental. Entender melhor o que acontece na ponta. Esse entendimento foi fundamental para desenho de ações. Cada cidade que a gente vai a gente tá melhor preparado para enfrentar o desafio”, pontuou.
Demissão
A informação sobre a demissão foi anunciada pela manhã por meio da assessoria de imprensa do Ministério da Saúde.
Teich assumiu a pasta no último dia 17, ou seja, há 28 dias. Ele entrou no lugar do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta – exonerado após desavenças com Bolsonaro sobre a crise de coronavírus. Veja a sua despedida:
Pautas de Bolsonaro
Desde o início da pandemia, Bolsonaro sempre defendeu a retomada das atividades econômicas no país e o isolamento vertical – quando apenas pessoas do grupo de risco ficam isoladas.
Ao assumir o comando da pasta, Teich demonstrou posicionamento semelhante ao adotado por Mandetta na defender o isolamento horizontal no território nacional para conter o avanço do novo coronavírus. Esse foi o primeiro ponto de embate entre Bolsonaro e o então ministro.
Teich também divergia do presidente quanto ao uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. O chefe do Executivo afirmou a jornalistas, no decorrer da semana, que era ele quem resolveria a questão e avisou nesta sexta-feira que o protocolo sobre o medicamento seria alterado.