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Veja a íntegra da carta em defesa da democracia, lida em todo o país

Documento elaborado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) já conta com 942.070 assinaturas

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Carta em defesa da democracia é lida na UnB
1 de 1 Carta em defesa da democracia é lida na UnB - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Diferentes atos para a leitura da Carta em Defesa do Estado Democrático de Direito são realizados em todo o país. O documento foi elaborado por juristas e pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP).

A carta já foi assinada por 942.070 pessoas e remete a ato semelhante realizado em agosto de 1977, quando houve uma forma de protesto contra a ditadura militar que afligia o país no período.

Além da leitura principal, feita na USP nesta manhã, outras 21 instituições, como a Universidade de Brasília (UnB), aderiram à mobilização. Movimentos sociais também organizam atos em todos os 26 estados e no Distrito Federal.

O documento começou a receber apoio em 26 de julho. Entre os signatários estão políticos, entidades sindicais, empresários, professores, artistas e demais cidadãos.

Na quarta-feira (10/8), artistas divulgaram um vídeo recitando a carta. Entre as personalidades, estão Fernanda Montenegro, Marisa Monte, Anitta, Juliette, Seu Jorge, Caetano Velloso, Wagner Moura e Gal Costa.

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Carta pela democracia é lida em ato na USP
Carta em defesa da democracia, elaborada por acadêmicos da USP, foi apresentada em ato público na Faculdade de Direito da universidade
Evento contou com a participação de estudantes, intelectuais, economistas, empresários e sindicalistas
Da esquerda para direita: Maria Arminda do Nascimento Arruda (vice-reitora da USP), Carlos Gilberto Carlotti Junior (reitor da USP), Celso Fernandes Campilongo (diretor da Faculdade de Direito) e Ana Elisa Liberatore Silva Bechara (vice-diretora da Faculdade de Direito)
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Carta em defesa da democracia, elaborada por acadêmicos da USP, foi apresentada em ato público na Faculdade de Direito da universidade

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Evento contou com a participação de estudantes, intelectuais, economistas, empresários e sindicalistas

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Da esquerda para direita: Maria Arminda do Nascimento Arruda (vice-reitora da USP), Carlos Gilberto Carlotti Junior (reitor da USP), Celso Fernandes Campilongo (diretor da Faculdade de Direito) e Ana Elisa Liberatore Silva Bechara (vice-diretora da Faculdade de Direito)

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Fernando Haddad

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Leia a íntegra do texto:

Em agosto de 1977, em meio às comemorações do sesquicentenário de fundação dos Cursos Jurídicos no País, o professor Goffredo da Silva Telles Junior, mestre de todos nós, no território livre do Largo de São Francisco, leu a Carta aos Brasileiros, na qual denunciava a ilegitimidade do então governo militar e o estado de exceção em que vivíamos. Conclamava também o restabelecimento do estado de direito e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.

A semente plantada rendeu frutos. O Brasil superou a ditadura militar. A Assembleia Nacional Constituinte resgatou a legitimidade de nossas instituições, restabelecendo o estado democrático de direito com a prevalência do respeito aos direitos fundamentais.

Temos os poderes da República, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, todos independentes, autônomos e com o compromisso de respeitar e zelar pela observância do pacto maior, a Constituição Federal.

Sob o manto da Constituição Federal de 1988, prestes a completar seu 34º aniversário, passamos por eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para país sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular.

A lição de Goffredo está estampada em nossa Constituição “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral.

Nossa democracia cresceu e amadureceu, mas muito ainda há de ser feito. Vivemos em país de profundas desigualdades sociais, com carências em serviços públicos essenciais, como saúde, educação, habitação e segurança pública. Temos muito a caminhar no desenvolvimento das nossas potencialidades econômicas de forma sustentável. O Estado apresenta-se ineficiente diante dos seus inúmeros desafios. Pleitos por maior respeito e igualdade de condições em matéria de raça, gênero e orientação sexual ainda estão longe de ser atendidos com a devida plenitude.

Nos próximos dias, em meio a estes desafios, teremos o início da campanha eleitoral para a renovação dos mandatos dos legislativos e executivos estaduais e federais. Neste momento, deveríamos ter o ápice da democracia com a disputa entre os vários projetos políticos visando convencer o eleitorado da melhor proposta para os rumos do país nos próximos anos.

Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições.

Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional.

Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão.

Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática.

Imbuídos do espírito cívico que lastreou a Carta aos Brasileiros de 1977 e reunidos no mesmo território livre do Largo de São Francisco, independentemente da preferência eleitoral ou partidária de cada um, clamamos as brasileiras e brasileiros a ficarem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições.

No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições.

Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona:

Estado Democrático de Direito Sempre!!!!

Interessados em assinar o documento podem acessá-lo neste link.

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