Vara curta: Soraya questiona por que Bolsonaro não pediu direito de resposta
Mesmo após fim de debate, senadora ironizou atual presidente, que não se pronunciou sobre a polêmica
atualizado
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Após o debate da noite deste sábado (24/9), a candidata à Presidência da República e senadora Soraya Thronicke (União Brasil) provocou o também candidato e atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), citando o momento em que ela ironizou o mandatário, afirmando que ele teria “vara curta”. “Ele pediu várias vezes o direito de resposta, mas para o que eu falei, ele não pediu, né?”, desdenhou.
Veja o vídeo:
Soraya Thronicke sobre frase de “vara curta” para Bolsonaro: “Ele pediu várias vezes o direito de resposta, mas para o que eu falei ele não pediu, né?”
Candidata do União Brasil afirmou que foi surpreendida com ‘falta de educação’ do presidente.
📹: @SamPancher pic.twitter.com/wVsdAsXCAE
— Metrópoles (@Metropoles) September 25, 2022
Ao longo da noite, Bolsonaro teve três direitos de resposta concedidos pela organização. O evento foi uma parceria entre o SBT e um pool de veículos formado por Estadão/Rádio Eldorado, CNN, Terra, Veja e Rádio Nova Brasil.
Tudo começou quando a senadora provocou o presidente fazendo uma pergunta parodiando o jogo conhecido como O que é o que é. “O que é o que é: não reajusta a merenda escolar mas gasta milhões com leite condensado, tira remédio da farmácia popular mas mantém a compra de viagra, não compra vacina pra Covid, mas distribui prótese peniana para seus amigos. O que é o que é?”, disse a candidata. Em seguida, ela criticou o uso do orçamento secreto no atual governo.
O candidato pediu direito de resposta, que foi concedido, e usou o tempo para atacar a senadora. “Soraya fez uso de R$ 114 milhões do orçamento. Senadora Soraya, todo seu material de campanha [na eleição anterior] tem meu nome. A senhora é uma estelionatária”, afirmou.
Em resposta, Thronicke alertou ao mandatário para que “não cutuque onça com sua vara curta”. “Quero dizer ao candidato Jair Bolsonaro: não cutuque onça com a sua vara curta. Respeito. Primeiro, que nós não votamos como Vossa Excelência disse. Segundo, que todas as minhas indicações do Congresso Nacional estão nas suas mãos, públicas”, afirmou.
“Eu desafio o senhor a mostrar e a abrir todas as indicações de emenda de relator dos demais parlamentares do nosso Congresso. As minhas estão na sua mão, na mão de todos os brasileiros, de toda a imprensa, há muito tempo”, continuou.
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Orçamento secreto
O orçamento secreto é como ficaram conhecidas as emendas de relator, identificadas também como RP9. É uma ferramenta que permite que parlamentares façam o requerimento de verba da União sem detalhes como identificação ou mesmo destinação dos recursos. Criado em 2019, no Projeto de Lei do Congresso Nacional número 51, o mecanismo ajuda o presidente a negociar com as bancadas do Congresso Nacional em busca de apoio político.
Nos últimos meses, o assunto ganhou notoriedade ao ser atrelado a suspeitas de fraudes e corrupção utilizando o dinheiro público, como nas compras de caminhão de lixo e a licitação bilionária do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a aquisição de ônibus escolares.
Entenda o que é e como funciona o orçamento secreto
Nas redes sociais, o orçamento secreto se tornou tema de posts de apoiadores de Bolsonaro, seguindo suas afirmações no debate: que ele vetou o mecanismo e que o PT votou para derrubar o veto.
Porém, as alegações de Bolsonaro não são totalmente verdadeiras. Ele vetou em parte o projeto. Inicialmente, o Congresso tentou viabilizar a RP9 e o presidente vetou a medida. Mas, depois, ele recuou do veto e encaminhou ao Congresso o texto que criou o mecanismo.