Vale é condenada pela primeira vez por tragédia em Brumadinho
Foi mantido bloqueio de R$ 11 bilhões para garantir reparação de danos. Rompimento da barragem deixou 248 mortos e 22 desaparecidos
atualizado
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A mineradora Vale foi condenada, pela primeira vez, a reparar todos os danos provocados pela tragédia ocorrida em Brumadinho. A condenação ocorreu nessa terça-feira (09/07/2019) pela Justiça de Minas Gerais. O rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em 25 de janeiro deste ano, deixou, até agora, 248 mortos e 22 desaparecidos.
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), a decisão do juiz Elton Pupo Nogueira, da 6ª Vara de Fazenda Pública e Autarquias de Belo Horizonte, não define um valor fixo a ser pago, justificando que a definição “não se limita às mortes decorrentes do evento, pois afeta também o meio ambiente local e regional, além da atividade econômica exercida nas regiões atingidas.”
Foi mantido o bloqueio de R$ 11 bilhões para garantir a reparação. A Justiça também determinou que metade deste valor deve ser substituído por outras garantias, como fiança bancária ou depósito em juízo. No processo, segundo o TJMG, a Vale disse que está realizando um amplo estudo para avaliar todos os impactos do desastre.
Em comunicado, a Vale declarou que a decisão “reconheceu a cooperação, inclusive financeira, com todas as ações requeridas em juízo durante audiências de conciliação” e afirmou que está comprometida com “a reparação de forma célere e justa dos danos causados às famílias, à infraestrutura das comunidades e ao meio ambiente.”
Resgate de vítimas continua
De acordo com o Corpo de Bombeiros, 248 pessoas morreram e 23 continuam desaparecidas devido ao rompimento da barragem, totalizando 271 vítimas. Na semana passada, as equipes de resgate encontraram dois corpos, depois de quase um mês sem localização de novas vítimas.
Na quinta-feira (04/07/2019), o corpo de um homem foi localizado praticamente intacto, com um documento de identidade no bolso da calça, o que possibilitou a identificação. Trata-se de Carlos Roberto Pereira, de 62 anos, líder de almoxarifado da Reframax. O segundo corpo foi encontrado na sexta-feira (05/07/2019), e estava incompleto, sem os membros inferiores e com parte da arcada dentária, que foi usada para tentar identificar a vítima. A lista de mortos só é atualizada quando há a confirmação de identificação dos restos mortais. A Defesa Civil de Minas Gerais ainda não atualizou o balanço.
Além da tragédia humana, quase 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério que despencaram com o rompimento da barragem atingiram diversos animais, entre silvestres, domésticos e de fazendas, chegando ao Rio Paraopeba, que percorre várias cidades do Estado e onde havia captação de água para abastecimento da região metropolitana da capital.