“Vale assassina”: famílias de vítimas protestam no IML de BH
Os familiares colaram imagens dos desaparecidos no muro do Instituto Médico Legal. Além da falta de informações, laudos demoram a sair
atualizado
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Nesta terça-feira (12/3), placas com os nomes dos 200 mortos e 108 desaparecidos no rompimento da barragem da Vale de Brumadinho (MG) foram colocadas no muro do Instituto Médico Legal de Belo Horizonte (IML). O ato fez parte de protesto organizado por familiares das vítimas. As informações são da Folha de S. Paulo.
Com gritos de “Vale assassina”, o grupo pedia justiça 47 dias após a tragédia. Segundo os familiares, faltam informações organizadas e há demora na emissão dos laudos de identificação dos mortos.
“Eu vou até o fim, não vou parar até que a Vale seja responsabilizada pelo crime que ela cometeu. Porque não aconteceu uma vez, foram duas”, diz Jéssica Evelyn Soares, irmã de Francis Erik Soares Silva, funcionário terceirizado da companhia, referindo-se às tragédias de Brumadinho e de Mariana, ocorrida em 2015 e que deixou 19 mortos.
Segundo José Roberto de Rezende Costa, diretor do IML de Belo Horizonte, o tempo para identificar vítimas tem sido mais rápido do que o previsto em protocolos, já que o normal é levarem até quatro meses.
“Quando a gente tem uma amostra que é sabidamente de um determinado indivíduo, esse exame de DNA é bem rápido, dura em torno de cinco a 10 dias. No entanto, como temos um universo muito grande de segmentos, [isso] faz com que [o trabalho] seja muito mais complexo, porque o universo de dados é muito grande”, explica Rezende Costa em relação à dificuldade de identificação das 900 amostras de DNA no banco de dados.
O diretor ressaltou que a lama do local tem feito com que os corpos fiquem “mumificados”. “Em geral, os corpos soterrados têm sido resgatados em estado de conservação melhor que o habitual”, disse ele.
Após a identificação do corpo, assistentes sociais do IML entram em contato com a família e encaminham o nome para listas atualizadas.