Vacina da UFRJ se mostra eficaz contra variante Delta, diz pesquisador
De acordo com presidente da Faperj, a proteína usada na UFRJvac é a mesma da produção de soro com cavalos e tem mostrado resultado positivo
atualizado
Compartilhar notícia
Rio de Janeiro – Estudos em animais com a UFRJvac, imunizante contra a Covid-19 desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), indicam eficácia contra a variante Delta e outras mutações do coronavírus.
Em entrevista ao Metrópoles, o presidente da Faperj e docente do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ, Jerson Lima, disse que a tecnologia usada no composto é inovadora e facilita a adaptação no combate a diferentes formas do vírus.
Segundo Lima, poucas instituições no mundo têm acesso à mesma metodologia. “É importante para a UFRJ, para o Brasil e para o mundo como um todo”, ressalta.
Além da Delta, os pesquisadores conseguiram adaptar o imunizante para combater outras seis variantes, incluindo a Gama e a Beta.
Lima explica que o composto é produzido com a proteína S do SARS-CoV-2, conhecida como a espícula do vírus.
“Essa proteína já mostrou grande potencial antigênico. Foi ela que usamos para estimular os cavalos a produzir soros, e o resultado foi muito positivo. Os cavalos produziram uma alta quantidade de anticorpos e deram à luz a potros que também apresentaram imunidade”, relata.
Em artigo publicado no site da universidade, a coordenadora da pesquisa, Leda Castilho, ressalta a capacidade do imunizante de induzir a formação de anticorpos.
“Quando comparamos os níveis de anticorpos neutralizantes obtidos nos animais, estes foram superiores aos níveis encontrados em 90% dos soros de 20 indivíduos que tiveram Covid e também a todos os soros de 13 indivíduos vacinados que testamos”, frisa.
A vacina está em fase de análise do dossiê levantado nos testes pré-clínicos (em animais) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde segunda-feira (9/8). Assim que receber autorização da agência, a UFRJ deve começar os testes clínicos. A previsão é que isso ocorra ainda este ano, com expectativa de início dos testes em humanos para outubro ou novembro.
Investimentos
O pesquisador comemora o sucesso da vacina em desenvolvimento pela universidade, mas lamenta a falta de incentivo financeiro.
“A ciência requer investimentos. Quando a gente fala de grandes investimentos, precisamos lembrar que não são tão grandes assim. Geralmente, países desenvolvidos investem cerca de 3 ou 4% do PIB em pesquisa e desenvolvimento. O Brasil investe em torno de 1%, é muito pouco”, argumenta o docente.
Lima afirma que pesquisas são feitas por um conjunto de fatores, incluindo pessoas. “A gente depende de recursos humanos. Precisamos investir na formação de pós-graduandos e doutorandos. Estamos há muitos anos sem correção no valor da bolsa para estes alunos. Elas continuam com o mesmo valor de 2012”, acrescenta.