Vacina brasileira contra a Covid começa a ser testada em Salvador
Primeira fase de testes do imunizante desenvolvido pelo Senai Cimatec terá 90 voluntários. Pesquisa tem verbas do governo federal
atualizado
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Noventa voluntários de Salvador (BA), entre 18 e 55 anos, podem fazer parte da história do desenvolvimento de uma vacina brasileira contra a Covid-19. Nesta quinta-feira (13/1), eles receberão doses do imunizante desenvolvido pelo Senai Cimatec em parceria com a empresa norte-americana de biotecnologia HDT Bio Corp.
É a primeira fase de testes de um imunizante com tecnologia inédita, e a expectativa dos desenvolvedores é de que uma única dose produza resposta imunológica robusta, além de proteção contra todas as variantes conhecidas. Uma empresa da Índia, a Gennova Biopharmaceuticals, também participa do desenvolvimento da vacina e produziu as doses que serão usadas nos testes.
Nesse projeto, cuja fase 1 de estudos custará R$ 6 milhões, a parte brasileira do investimento é bancada pelo governo federal, por meio do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou os testes.
Nesta primeira fase, o objetivo é avaliar a segurança da vacina e a possibilidade de que ela gere reação adversa local ou sistêmica no organismo. A resposta imune também será pesquisada, por isso três concentrações diferentes de dose serão testadas. A expectativa é de que uma dose baste para gerar resposta imune suficiente, segundo a equipe técnica do centro de tecnologia e inovação Senai Cimatec.
Se a vacina passar pela fase 1, a fase 2 deverá contar com 400 voluntários, e a 3, se houver, terá entre 3 mil e 5 mil participantes. Todo o período de ensaios clínicos deve durar 1 ano.
Além de útil na estratégia brasileira para lidar com a pandemia, o desenvolvimento dessa vacina traz ao país a oportunidade de ter tecnologias que facilitam a pesquisa de imunizantes e remédios para outras doenças.
O médico infectologista Roberto Badaró, pesquisador do Senai Cimatec, diz que a tecnologia à qual o Brasil agora tem acesso poderá ajudar na produção nacional de vacinas para a prevenção de doenças como dengue, zika e febre amarela. “O impacto na morbidade das doenças que avassalam a humanidade vai ser muito grande, a ciência dá um salto muito grande para criar medicamentos específicos para as pessoas utilizarem”, ressalta ele.
A vacina brasileira, segundo os desenvolvedores, consiste em uma nanopartícula chamada de Lion (do inglês Lipid InOrganic hybridized Nanoparticle) e uma molécula de repRNA que codifica a proteína spike (S) do vírus Sars-CoV-2. Em contato com o organismo, o repRNA teria a capacidade de se autorreproduzir, gerando então o RNA mensageiro, que ensina o corpo humano a produzir os anticorpos específicos.