Universidade expulsa alunos suspeitos de fraude em curso de medicina
Universidade de Rio Verde, Goiás, expulsou 19 estudantes por fraudes no ingresso em curso de medicina; eles teriam usado documentos falsos
atualizado
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Goiânia – Os 19 estudantes suspeitos de fraudar documentos para conseguir transferência para o curso de medicina na Universidade de Rio Verde (UniRV), no sudoeste goiano, foram expulsos da instituição de ensino superior. Alguns dos alunos confessaram ter pagado até R$ 60 mil para conseguirem documentos falsos que os beneficiavam no processo de seleção.
Nesta sexta-feira (29/10), em audiência de custódia, a Justiça de Goiás manteve a prisão dos 19 suspeitos. No total, a Polícia Civil prendeu 17 estudantes em Formosa, no Entorno do Distrito Federal (DF); 1, em Goianésia, a 175 km de Goiânia; e 1, em Barreiras, na Bahia.
Também nesta sexta, a UniRV divulgou a lista dos alunos que tiveram a matrícula cancelada.
Veja abaixo:
- André Luiz Martins Diniz
- Antônio Carlos Alves da Silva Júnior
- Cláudia Rose Conceição de Oliveira
- Clevia Maria de Sousa
- Fabiana Barro Lescano Campos
- Fabiano Alexandre Lanziani das Neves
- Igor Oliveira da Costa
- Leonardo Moraes Bogas Marques
- Leonardo Siqueira Campos
- Letícia Karoline Menezes da Costa Alves
- Marjorie Christine Medeiros Silva
- Pedro Lopes Pratti Vieira
- Raianne Sartório Diniz
- Raphael Alves Pereira
- Rodrigo Ferreira Silva Cabral
- Stenio de Souza Matos
- Vanessa Borges Lima Lanziani
- Victor Luis Vicente Batista Alencar
- Weber Moisés Rodrigues Rezende
Por meio de nota à comunidade, publicada no site da instituição, a UniRV alega que a decisão foi tomada após identificar “inconsistência nos documentos apresentados por candidatos às vagas de Transferência Externa”. Além disso, citou que o inquérito policial trouxe “robusto conteúdo probatório, revelando a gravidade dos fatos”.
A fraude
O delegado Danilo Fabiano, do 2º Distrito Policial de Rio Verde, no sul de Goiás, disse que parte dos alunos cursava medicina no Paraguai. Eles conseguiram transferências para instituições de ensino superior, mediante apresentação de documentos falsos que beneficiavam os suspeitos no processo de seleção.
Outros estudantes são investigados, segundo o delegado. “Temos informações que algumas dessas pessoas pagaram entre R$ 40 mil e R$ 80 mil por documentação falsificada”, ressaltou Danilo Fabiano, acrescentando que a maioria deles estudava antes no Paraguai.
“Grande parte desses alunos é [de cursos] do Paraguai e foi cooptada com a utilização desses documentos falsos para ingressar em universidades brasileiras, principalmente, aqui, em Goiás”, disse. Segundo o delegado, os alunos entravam a partir do quinto ou sexto período, já na metade do curso, sem ter estudado em qualquer faculdade no Brasil.
A investigação identificou que quatro estudantes são da mesma família, sendo uma mulher, seus dois filhos e seu irmão. Outro caso que chamou a atenção da polícia foi a presença de quatro casais que estão entre os estudantes presos.
Risco à população
Todos os suspeitos conseguiram vagas em processos seletivos de transferência externa nos períodos finais do curso de medicina. Alguns deles, inclusive, já estavam na fase internato, ou seja, atendendo à comunidade na prestação pública de serviço médico. Para a polícia, isso causaria risco à vida ou à saúde das pessoas atendidas.
“Parte desses alunos estava no internato, em atendimento à população assistido pelo médico preceptor, que é o professor, podendo induzi-lo a diagnóstico errado”, destacou o delegado. Ele ressaltou que os investigados não estudaram nenhum período no Brasil, motivo pelo qual fizeram a transferência do Paraguai, de forma criminosa, com falsificação dos documentos.
A investigação começou há cinco meses após a receber de uma das instituições a informação de que alunos estariam usando documento falso para ingressar no curso por meio da transferência externa.
De acordo com o delegado, os alunos presos serão interrogados e outros ainda são alvos da investigação. “A Polícia Civil avançará nas investigações para identificar outros universitários que eventualmente estão com documentos falsos e inclusive nos bancos escolares aqui no Brasil para que sejam responsabilizados”, asseverou.
O Metrópoles não conseguiu contato com a defesa dos alunos que foram presos na operação.