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Únicas peças do acervo indígena do Museu Nacional estão em Brasília

Coleção veio do Rio de Janeiro para exposição no Memorial dos Povos Indígenas antes de a instituição carioca ser destruída por incêndio

atualizado

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Valter Campanato/Agência Brasil
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1 de 1 exposição - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

As únicas peças que restaram da coleção do acervo antropológico do Museu Nacional do Rio de Janeiro estão em Brasília, onde ficarão expostas até o dia 16 de dezembro. A exposição Índios: Os Primeiros Brasileiros, em exibição no Memorial dos Povos Indígenas, reúne a única coleção restante, com mais de 40 mil peças, do museu localizado na Quinta da Boa Vista, na zona norte da cidade carioca, consumido pelo incêndio de domingo passado (2/9). As chamas destruíram grande parte dos 20 milhões de itens mantidos no local.

As peças não se perderam porque já estavam em exposição desde o dia 29 de agosto na capital brasiliense. Entre os itens expostos, há uma série de imagens dos raríssimos Mantos Tupinambás e um conjunto de praiás (vestimentas rituais) do povo indígena Pankararu, maracás, arcos e flechas, cocares, todos de povos indígenas do Nordeste, como os Xucuru, Kiriri, Tupinambá e Fulniô.

Professor de antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e curador da exposição, João Pacheco comemora a sorte em ter os objetos integrando uma mostra fora do Rio. “Se o material não estivesse nessa exposição, provavelmente teria sido destruído também, com o restante da coleção. É o que resta de memória das atividades antropológicas do Museu Nacional”, disse.

De acordo com Pacheco, as peças em exibição foram reunidas por ele dentro de um projeto de pesquisa. “O aspecto muito triste é que essa é a única coleção restante de todo o acervo do Museu Nacional. Todo material foi destruído, todo nosso acervo. Quarenta mil itnes de todos os povos indígenas do país, peças de mais de 100 anos, recolhidas por viajantes no tempo do Brasil Império, elementos mais recentes, material do Brasil, África e Oceania… Material arqueológico muito precioso também foi perdido”, destacou.

Segundo o professor, alguns artefatos que não vieram para Brasília ficaram guardadas em um galpão anexo ao museu. “Essas peças também se salvaram”, disse.

Entre as peças em exposição, Pacheco destaca os praiás, que representam seres encantados para os índios Pankararu. “Eles (seres encantados) ocupam essas regiões e vêm para participar das festas dos indígenas. São figuras referenciais para a vida dos Pankararu. Eles usam como usamos o crucifixo. É um elemento de proteção do corpo e da vida de cada um dos indígenas Pankararus”, explicou.

As imagens e documentos expostos permitem que o público viaje pela história do Brasil e dos povos indígenas. A maior parte do acervo traz registros sobre os povos da Região Nordeste e retrata a colonização, as narrativas indígenas e os desafios atuais.

A exposição já foi vista por um público estimado em mais de 230 mil visitantes de seis cidades: Recife, 2006 e 2007; Fortaleza, 2008; Rio de Janeiro, 2010; Córdoba-Argentina, 2013; Natal, 2014; e Salvador, 2016-2017.

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