Unafisco considera gravíssimas falas de advogada de Flávio Bolsonaro
Associação vai tentar responsabilizar “civil e criminalmente” Juliana Bierrenbach pelas declarações que questionam a conduta de auditores
atualizado
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A Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco) tentará responsabilizar civil e criminalmente Juliana Bierrenbach, ex-advogada do senador Flávio Bolsonaro (PL), por declarações que vieram à tona após gravação clandestina feita pelo ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem.
Bierrenbach participou de uma reunião no Planalto com Jair Bolsonaro (PL) e acabou tratando sobre o caso das “rachadinhas”. A suspeita é que ela tenha pedido uma “devassa” contra auditores da Receita Federal que supostamente acessaram dados do senador. A investigação da PF apontou que a “Abin paralela” monitorou auditores fiscais e atuou para descobrir “podres e relações políticas” desses servidores.
A Unafisco considerou que as afirmações “de que uma organização criminosa atuava dentro da Receita Federal, supostamente agindo contra desafetos políticos são extremamente graves e potencialmente danosas à reputação dos auditores fiscais e da instituição”.
Por isso, diante da gravidade das acusações, “a Unafisco Nacional assegura que não hesitará em tomar todas as medidas legais, civil e criminalmente, para proteger a reputação dos auditores fiscais”, diz nota da entidade.
A Unafisco considera que as declarações de Bierrenbach ocorreram em contexto público e “que a advogada não estava protegida pela imunidade profissional da OAB, uma vez que, como a ela própria admitiu, não representava mais o senador Flávio Bolsonaro”, diz ainda a nota.
Na terça-feira (16/7), Juliana Bierrenbach concedeu entrevista à coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles e negou qualquer pedido de investigação contra os auditores. A advogada afirmou que nem sequer saberia como fazer o pedido. “Nem caberia a mim pedir, jamais pedi. Não sei nem como faria esse pedido”.
Bierrenbach e a ex-sócia Luciana Pires foram gravadas por Alexandre Ramagem em uma reunião no Planalto em agosto de 2020, quando Ramagem chefiava a Abin. A reunião também contou com a presença de Jair Bolsonaro e Augusto Heleno, e buscou estratégias para tentar anular a investigação das rachadinhas, conforme o áudio do encontro apreendido pela PF em um aparelho de Ramagem.
Após a reunião, a Abin produziu relatórios com vistas a auxiliar a defesa de Flávio Bolsonaro. O sigilo do relatório foi derrubado pelo ministro Alexandre de Moraes e as informações vieram à tona.