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Um mês após sofrer ataque transfóbico, cabeleireira é encontrada morta

Crismilly Pérola, de 37 anos, estava desaparecida desde domingo após ir até uma festa. Ela foi encontrada morte em um rio nessa segunda (5)

atualizado

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Reprodução/ Redes sociais
Crismilly Pérola
1 de 1 Crismilly Pérola - Foto: Reprodução/ Redes sociais

A cabeleireira Crismilly Pérola, de 37 anos, não retornou para a casa onde morava em Beira-Rio, no Recife, no último domingo (4/7), após uma festa. Nessa segunda-feira (5/7), a mulher trans foi encontrada morta com uma perfuração provocada por arma de fogo.

O assassinato de Cris, Bombom ou Piu-Piu, como era conhecida por amigos, aconteceu um mês após a vítima ter sofrido um ataque transfóbico em um bar. De acordo com Izabelli Soares, prima da vítima, um homem não identificado a xingou sem motivos.

“Ela não deu detalhes sobre o primeiro desentendimento, nem explicou como foram os xingamentos. Só disse que o homem começou a falar coisas com ela do nada”, explicou, em entrevista ao portal UOL.

A prima relatou que, no bar, o homem pediu cigarro e bebida, mas a cabeleireira se recusou a dar. “Foi o bastante para ele ir para cima dela. Acreditamos que ele só queria confusão por ela ser trans.”

Na ocasião, Cris ficou internada por alguns dias por conta de lesões no corpo e um braço quebrado.

De acordo com Izabelli, Crismilly passou o último domingo com familiares. Ela morava em uma casa atrás da residência onde viviam mãe, avó, tios e primos. Solteira, Crismilly Pérola trabalhava como cabeleireira havia mais de 10 anos.

Por volta das 21h, ela saiu sozinha para ir em uma festa no bairro e, a partir daí, a família não teve mais notícias. “Um tio da gente ficou sabendo e nos ligou umas 7h30”, disse Izabelli. “Não temos ideia de quem pode ter feito isso com ela. A única coisa que a polícia disse é que investigarão o homem com quem teve a confusão do mês passado.”

Crismilly foi encontrada por populares às margens do rio Capiberibe, perto do local onde ocorreu a festa, já sem vida, vestida com short jeans e blusa, as mesmas roupas que havia saído no dia anterior. Ela tinha um ferimento no pescoço. Os familiares contaram que, segundo peritos criminais que estiveram no local, não havia indícios de violência sexual.

A Polícia Civil instaurou inquérito policial para apurar a morte de Crismilly e ainda desconhece a autoria e motivação do crime. A investigação está sob comando do Departamento de Homicídio e de Proteção à Pessoa (DHPP).

Mais casos

Em menos de um mês, Pernambuco registrou três casos de violência contra mulheres trans. Em 18 de junho, Kalyndra Selva foi encontrada morta com sinais de asfixia; em 24 de junho, Roberta Silva foi atacada no centro da cidade.

O principal suspeito do assassinato de Kalyndra é o companheiro dela. A Polícia Civil informou ao UOL que o autor do crime foi preso em flagrante no dia 19 de junho e que investigações seguem em sigilo até a conclusão do inquérito policial.

Já Roberta Silva, que estava em situação de rua, teve o corpo queimado por um adolescente de 16 anos. Ela está internada no Hospital da Restauração, intubada e em estado grave.

Roberta teve 40% do corpo queimado e dois braços amputados, um totalmente e outro acima do cotovelo.

De acordo com a polícia, o adolescente responsável pela tentativa de homicídio foi apreendido no mesmo dia e está em uma Unidade de Atendimento Inicial da Secretaria de Criança e Juventude.

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