Um dos filhos sonhou com a morte do pastor, diz deputada Flordelis
Anderson do Carmo de Souza foi assassinado em casa, em Niterói, com diversos tiros
atualizado
Compartilhar notícia
O velório do pastor Anderson do Carmo de Souza, 42 anos, marido da deputada federal Flordelis (PSD-RJ), executado a tiros dentro de casa, em Niterói (RJ), ocorre desde a noite desse domingo (16/06/2019), no bairro Mutondo, em São Gonçalo.
Muito abalada, a cantora e deputada federal Flordelis dos Santos Souza chegou ao local por volta das 19h. A parlamentar sentou-se ao lado do caixão e chegou a desmaiar durante o culto fúnebre. Ela precisou receber atendimento médico. Durante a cerimônia, Flordelis disse que um dos filhos, Ramon, havia sonhado com a tragédia.
“Essa semana o Ramon sonhou com a vinda de Jesus. Sonhou que uma foice cortava as coisas boas. Ele não disse se subia. Perguntei para ele o que subia e ele me disse que apenas uma rosa vermelha subia. Então, eu disse: ‘Deus vai levar alguém da nossa casa’. Agora, está aí, nosso pastor. Se tem uma coisa que ele não iria gostar é que hoje, domingo, as portas estivessem fechadas. E o combinado era, se um de nós fôssemos embora, o outro faria o culto mesmo assim, chorando”, disse a deputada em entrevista para o Jornal O Dia.
Flordelis também fez uma homenagem ao marido e cantou uma música. Segundo a liderança da igreja, mais de 2,5 mil pessoas acompanharam o velório do pastor durante a noite desse domingo (16/06/2019). Muitos fiéis foram ao local se despedir de Anderson.
A alta cúpula da igreja não autorizou que fiéis dessem entrevista. Apenas um sobrinho da parlamentar, que foi orientado pela assessoria de imprensa, deu declarações aos jornalistas. O homem negou que Anderson viesse recebendo algum tipo de ameaça.
O crime
A Delegacia de Homicídios de São Gonçalo e de Niterói investiga a possibilidade de o assassinato ter sido motivado por uma desavença em família. As informações são do jornal O Globo.
De acordo com uma fonte ouvida pela reportagem, os assassinos chegaram a dopar o cachorro do casal para chegar à residência. Investigadores da delegacia vão analisar imagens das câmeras de segurança para descobrir a identidade dos autores.
A deputada federal e pastora evangélica Flordelis relatou à Polícia Militar que, ao voltarem de um evento de confraternização, ela e o marido tiveram a sensação de estarem sendo seguidos por duas motocicletas. Essas são as informações que constam no registro feito por ela à polícia, ao qual a reportagem teve acesso.
“A deputada teve a sensação que estava sendo seguida por duas motos. Quando já alojados em sua residência, foi relatado que o mesmo (a vítima) voltou na garagem dizendo que ia buscar algo que havia esquecido no carro e que logo depois foram ouvidos os tiros. Em seguida, familiares desceram e o encontraram baleado próximo ao carro”, diz um trecho do registro.
O corpo do pastor Anderson do Carmo foi velado nesse domingo (16/06/2019). O enterro está marcado para a segunda-feira (17/06/2019). Ele e Flordelis são pais de 55 filhos, sendo quatro biológicos. Eles moravam na comunidade do Jacarezinho quando adotaram, de uma vez, 37 crianças, que sobreviveram a uma chacina que ocorreu na estação Central do Brasil. De acordo com a deputada, essa é a sua maior bandeira.
Perda grande
A deputada, mesmo em primeiro mandato, concorreu, em 2019, à presidência da bancada evangélica da Câmara, em eleição vencida por Silas Câmara (PRB-AM). O presidente anterior, pastor Marco Feliciano (Podemos-SP), não concorreu. Em conversa com a reportagem, ele disse estar chocado com o assassinato. “Estou em estado de choque. O pastor Anderson e a deputada Flor representam o que há de mais humano na sociedade, pais adotivos de dezenas de filhos. A violência no Rio assusta”, disse.
O líder do partido na Câmara, André de Paula (PSD-PE), também lamentou a morte de Anderson. Ao Metrópoles, ele disse que o pastor era muito querido na liderança da sigla e que estava sempre ao lado de Flordelis em todos os compromissos. “Ele participava de tudo com a Flor, é uma perda muito grande”, lamentou o deputado.
Segundo André de Paula, Anderson ajudava na coordenação das atividades de Flor, como é conhecida entre os correligionários. “Estamos todos muito abalados. Ele era uma pessoa muito prestativa, do bem”, disse. O líder comentou ainda a estrutura familiar da deputada. “A construção da família deles é bonita demais. Toda a liderança percebia que a vida de Flor era construída ao lado de Anderson”, lembrou.