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UE anuncia embargo de carnes de 20 frigoríficos do Brasil

Empresas entraram na lista negra da entidade em razão de “deficiências detectadas no sistema oficial de controle brasileiro”

atualizado

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A Comissão Europeia confirmou, nesta quinta-feira (19/4), o embargo de carnes e produtos derivados fabricados por 20 estabelecimentos brasileiros. As empresas entraram na lista negra da União Europeia por unanimidade, em razão de “deficiências detectadas no sistema oficial de controle brasileiro”. A suspensão atinge principalmente a exportação de carne de aves das unidades da BRF, dona das marcas Perdigão e Sadia.

A proibição deve entrar em vigor 15 dias após a publicação da medida no Diário Oficial da União Europeia, o que deve acontecer nesta sexta-feira (20). Em um comunicado, Bruxelas afirmou: “Nós confirmamos que os países-membros votaram, por unanimidade, em favor de retirar da lista 20 estabelecimentos brasileiros dos quais carne e produtos derivados são hoje autorizados”.

A decisão foi tomada após parecer do Sistema Especializado de Controle de Mercado da União Europeia (Traces). Desde 2017, o órgão estudava as medidas a serem tomadas após o escândalo revelado pela operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que apontou fraudes no sistema de controle de qualidade brasileiro.

Entenda
A BRF teve oito unidades com exportação suspensa de produtos de aves para a União Europeia há cerca de um mês pelo próprio ministério da Agricultura. A medida foi adotada pelo Brasil para se antecipar aos países europeus, que já haviam ameaçado suspender todas as importações após a Operação Trapaça, que revelou um esquema de fraudes na análise da bactéria salmonela em lotes.

Esta semana, porém, a pasta suspendeu o autoembargo e disse que o Brasil vai recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a decisão da União Europeia.

Ministro
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou nesta quinta-feira (19) que as 20 plantas exportadoras de carne de frango suspensas pela UE correspondem a uma parcela de 30% a 35% das vendas do produto brasileiro para o bloco. Em Campo Mourão (PR), onde participou de reunião com dirigentes da Cooperativa Coamo, Maggi considerou que o veto europeu “traz impacto bastante grande” às companhias, as quais terão de buscar outros mercados enquanto os procedimentos de reabertura para a União Europeia terão de ser feitos.

“Os frigoríficos têm mercado interno e em vários lugares do mundo, não só na União Europeia. Temos um problema que não é o fim do mundo, e as empresas têm capacidade de superar”, disse o ministro. Segundo Maggi, apesar de o Ministério da Agricultura ser um “órgão regulador”, a pasta poderá auxiliar as companhias que tiverem dificuldades financeiras com uma intermediação junto a bancos para o problema não se agravar.

O ministro explicou que, após a suspensão, o processo de reabertura recomeça “o mais breve possível”, com a elaboração de um plano de contingência e a solicitação de uma nova missão da UE para auditorias nas plantas suspensas. Ele não deu prazo para a reabertura ocorrer, mas técnicos da pasta calculam que a retomada do mercado demorará mais de um ano. “O Brasil terá o direito de pedir uma nova missão da União Europeia em frigoríficos e teremos de estar sem qualquer problema, porque, se comprovado algo novo, poderemos ser penalizados”, afirmou.

Segundo Maggi, o bloco não acatou os apelos do governo na semana passada e anunciará, entre hoje e amanhã, o descredenciamento de nove unidades da BRF da lista de exportadores. Maior processadora de alimentos do país, a empresa é também a maior exportadora de carne de frango do mercado brasileiro.

Correções
A versão anterior da reportagem afirmava que, na lista da União Europeia, estavam incluídas três plantas da JBS e três da Aurora Alimentos. No entanto, não há confirmação se as empresas citadas fazem parte do embargo.

Em nota, a JBS afirma que não faz parte da lista.

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