Uber diminui mortes no trânsito em até 10%, segundo pesquisa
Os dados estão ligados ao perfil dos usuários de Uber (mais jovens), ao tipo de viagens (inclusive para lazer) e ao consumo de álcool
atualizado
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Um estudo inédito revela como a entrada da Uber no mercado de transporte brasileiro mudou índices de mortes no trânsito e hospitalizações causadas por acidentes. Segundo a pesquisa Uber e segurança no trânsito: evidências de cidades brasileiras, dos economistas Yuri Barreto, Raul Silveira Neto e Luís Carazza, os óbitos caíram 10% e as internações, 17%.
Baseados em dados trimestrais de 2011 a 2016, os pesquisadores concluíram que “os efeitos têm aumentado” desde o lançamento do aplicativo, com a crescente “popularidade do aplicativo ao longo do tempo”, medida por buscas no Google pelo termo Uber.
“O Uber reduziu as taxas gerais de mortalidade e hospitalização no trânsito nas cidades brasileiras. Os resultados são robustos para diferentes especificações e testes de falsificação, e no melhor de nosso conhecimento são as primeiras estimativas desse efeito em um país em desenvolvimento”, ressaltam.
Os autores pontuam que os dados podem ajudar a traçar políticas públicas para melhorar o trânsito. Eles citam dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo. Em 2016, a taxa de mortes no trânsito no Brasil chegou a 19,7 mortes por 100 mil habitantes — mais alto que nos Estados Unidos, no Canadá e na Alemanha.
Eles pontuam que entre 2000 e 2012 o número de veículos no país saltou de 19,9 milhões para 40 milhões. “Este contexto destaca a relevância de estudar as intervenções de transporte urbano no Brasil. O país é o segundo maior mercado do mundo para a Uber, atrás apenas dos EUA”, explicam.
Os dados, segundo os economistas, estão ligados ao perfil dos usuários da Uber (mais jovens), ao tipo de viagens (inclusive para lazer) e à associação entre consumo de álcool e acidentes de carro no Brasil.
Na próxima semana, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) julgará uma ação de vínculo empregatício que envolve um motorista e a Uber. Em setembro, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que os motoristas não têm vínculo empregatício e, por isso, não podem reivindicar direitos na Justiça trabalhista.
O estudo levantou dados dos motoristas de táxi que participaram da Pnad em todo o país, em dois períodos: 2014/2015, quando a Uber entrou em operação no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Belo Horizonte, e 2015/2016, quando chegou a Goiânia, Recife, Salvador e Fortaleza.