Turismo: praias poluídas com óleo arrecadam R$ 389 mi em impostos
Vazamento de petróleo tende a impactar negativamente a entrada de receitas na região. Alta temporada é nos meses de agosto e setembro
atualizado
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Para além do impacto ambiental que o vazamento misterioso de óleo causou em ao menos 68 municípios do Nordeste, a tragédia tem potencial de impactar negativamente a economia da região. Com mais de 850 mil turistas estrangeiros e 20 milhões de brasileiros visitando as praias anualmente, há pelo menos 1.600 estabelecimentos focados em receber esses visitantes que geram 29 mil empregos em todos os estados da região.
A chegada desses turistas representa uma arrecadação anual, em impostos e tributos, de R$ 389 milhões, segundo levantamento do (M)Dados, núcleo de análise de grande quantidade de informações do Metrópoles, com dados dos ministérios do Turismo e da Economia e também da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Dessa forma, o desastre ambiental toma contornos, igualmente, de crise econômica, visto que as manchas impactam tanto na paisagem quanto nas possibilidades de as pessoas entrarem no mar, por exemplo. Os meses da alta temporada são entre agosto e setembro.
De todos os estados, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Alagoas é o que mais soma municípios atingidos pelas manchas, com dez localidades. Pernambuco e Rio Grande do Norte vêm logo em seguida, com oito municípios. O Piauí teve somente um município atingido.
Na escala de arrecadação e na geração de empregos relacionados ao turismo, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte lideram. Na lanterna, estão a Bahia e o Piauí (veja dados na tabela abaixo).
No quesito internacional, o estado de Pernambuco é o que mais recebeu visitantes: mais de 235 mil turistas. Na sequência, aparecem os estados do Ceará e Rio Grande do Norte, com 215.971 mil e 213.206 mil, respectivamente.
Dados turísticos dos estados atingidos
Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte são os estados que mais movimentam o setor
Fontes: Ministério do Turismo, Economia, Fipe e Ibama
Manchas
Banhistas, pescadores e moradores de regiões litorâneas do Nordeste têm sido surpreendidos, desde o início de setembro, por manchas de óleo que sujam a água do mar, a areia das praias e afetam a fauna marinha. O óleo atingiu o litoral de todos os estados nordestinos.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), foram encontrados animais atingidos pelo óleo nas localidades – oito tartarugas marinhas e uma ave conhecida como bobo-pequeno. Desses animais, pelo menos 7 morreram devido à ingestão do produto.
As primeiras manchas de óleo foram vistas em cidades de Pernambuco no dia 2 de setembro. Desde então, a lista de locais atingidos aumenta todos os dias.
Venezuela
As manchas de óleo levaram o governo brasileiro a travar um duro embate com a Venezuela, de Nicolás Maduro, sobre a origem do petróleo. Uma investigação realizada pela Marinha e pela Petrobrás constatou que as manchas que se espalharam pelo mar no Nordeste vêm, em parte, de uma “mistura de óleos venezuelanos”.
O material recolhido das águas equivale a mais de 500 barris de petróleo e alcançou mais de 130 pontos no litoral dos nove estados da região. Na manhã desta terça-feira (08/10/2019), o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), insinuou, sem oferecer indícios, que as manchas poderiam ter sido fruto de uma ação criminosa.