Três cubanos do Mais Médicos que ficaram no país se elegem vereadores
Médicos que se naturalizaram brasileiros, após a experiência no programa federal, ficaram entre os mais votados em algumas cidades do país
atualizado
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Três médicos cubanos que participaram do Mais Médicos e que ficaram no Brasil, após o fim do acordo com Cuba, foram eleitos vereadores nas eleições desse domingo (6/10). Eles fazem parte do grupo de remanescentes do programa federal que enveredaram na política, revelado pelo Metrópoles na sexta-feira (4/10).
Em Mineiros do Tietê (SP), cidade de 11,3 mil habitantes e que fica a 271 quilômetros de São Paulo, o médico Angel Alfonso Coello Escalona, o Dr Cubano (PL), foi o segundo mais votado, com 423 votos. Ele atuou no Mais Médicos a partir de 16 de abril de 2014 e obteve a naturalização brasileira em janeiro de 2022.
Outro que ficou entre os mais votados foi o médico Lazaro Ruben Garcia Matias, o Dr Lazaro (União). Ele ficou em quarto lugar e foi eleito em Arame (MA), cidade maranhense de 25 mil habitantes e que fica a 475 quilômetros da capital São Luís. O cubano teve 1.096 votos.
Lazaro foi selecionado nas primeiras turmas do Mais Médicos. Conforme os registros do programa, ele começou a atuar em 21 de setembro de 2013 e optou por ficar no Brasil, após o encerramento da parceria entre o governo brasileiro e a Organização Panamericana de Saúde (Opas), no final de 2018. Ele foi naturalizado brasileiro em janeiro de 2020.
Dr. Cubano foi eleito em Mossoró (RN)
Em Mossoró (RN), Yoanis Infante Rodriguez, tem outro Dr. Cubano. Pelo PSDB, ele foi mais um dos médicos eleitos no pleito deste ano. Ele teve 1.515 votos e ocupará, a partir de 1º de janeiro, uma das 21 vagas na câmara da cidade.
Yoanis começou a atuar no Mais Médicos em 2 de maio de 2014. Após o fim do acordo, e mesmo sem o devido registro profissional, ele ficou no Brasil e chegou a trabalhar como balconista de farmácia em Mossoró para se manter no país.
No Instagram, Yoanis se diz médico, empresário e naturalizado brasileiro. A campanha dele na cidade adotou o seguinte slogan: “Mossoró quer o doutor!”.
Suplentes
Além dos três cubanos eleitos, outros dois ficaram como suplentes nas eleições desse domingo. Camilo Francisco Ramos Pérez, o Dr. Camilo (PV), obteve 124 votos em Cornélio Procópio (PR), mas não se elegeu, ficando como suplente.
O outro é Leonardo Javier Puente Cuesta, o Dr Leonardo Cubano (PL), candidato em São Gabriel da Palha (ES). Ele obteve 203 votos e não garantiu uma vaga na câmara municipal.
O que diz a lei sobre estrangeiros candidatos no Brasil
A Constituição Federal estabelece regras tanto para quem pode votar, quanto para quem pode se candidatar no Brasil. O artigo 14 estipula as seguintes condições de elegibilidade: nacionalidade brasileira, pleno exercício dos direitos políticos, alistamento eleitoral, domicílio eleitoral na circunscrição, filiação partidária e idades mínimas, que são:
- 35 anos para presidente, vice-presidente e senador;
- 30 anos para governador e vice-governador;
- 21 anos para deputados, prefeitos e vice-prefeitos;
- 18 anos para vereador.
No artigo 12, a Constituição define quem são considerados brasileiros. Nesse caso, entram as categorias de brasileiro nato (nascido no Brasil ou filho de brasileiro nascido no exterior, desde que registrado, também, em repartição brasileira) e de naturalizado, que é o caso dos médicos cubanos candidatos nas eleições deste ano.
Os estrangeiros naturalizados, no entanto, não podem se candidatar para qualquer cargo no Brasil, mas, para vereador, vice-prefeito e prefeito, podem. São privativas de brasileiros natos as seguintes posições:
- Presidente e vice-presidente da República;
- Presidente da Câmara dos Deputados;
- Presidente do Senado Federal;
- Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF);
- Carreira diplomática;
- Oficial das Forças Armadas;
- e ministro de Estado da Defesa.