TRE-SP retira de prédio 10 mil urnas de 2009 não utilizadas em 2022
Neste domingo (20/11), vídeos circularam nas redes sociais insinuando que a retirada das urnas teria relação com suposta fraude nas eleições
atualizado
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Vídeos que mostram a retirada de urnas urnas eletrônicas em um prédio no Centro de São Paulo movimentaram as redes sociais de bolsonaristas neste domingo (20/11). As imagens exibem os equipamentos, em caixas, sendo colocados dentro de caminhões. Em uma gravação, o autor diz “estranhar” a movimentação.
Ao Metrópoles, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) confirmou o transporte e esclareceu se tratar de 24 mil urnas eletrônicas modelo 2009 que obtiveram uma “antecipação de baixa patrimonial”, uma vez que o TRE-SP recebeu, no início do ano, 44.880 novas máquinas modelo 2020 para utilização. A informação também foi confirmada ao portal pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Portanto, as urnas transportadas neste domingo não foram usadas em nenhum dos turnos das eleições de 2022. Neste domingo, foram retiradas cerca de 10 mil máquinas deste lote já inutilizado. O restante será recolhido no próximo dia 27/11.
As urnas, modelo 2009, estavam armazenadas pelo tribunal, de forma temporária, no prédio que aparece nas imagens, localizado na rua Líbero Badaró. Em 7 de novembro, via ofício, o TRE definiu que o transporte ocorreria em três domingos do mês de novembro (13, 20 e 27), “em razão das restrições de circulação de caminhões no centro da cidade”.
“Essas urnas 2009, que, repise-se, por ocasião das eleições já estavam armazenadas para baixa, foram objeto das filmagens deste domingo”, destaca a nota do TRE-SP (leia a íntegra abaixo).
Veja o documento que comprova a determinação de recolhimento e as datas determinadas:
Contas de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram, ao longo do dia, criar uma correlação entre o episódio e a fala de Valdemar Costa Neto de sábado (19/11), em que o presidente do partido afirma que apresentará ao TSE uma denúncia que comprovaria “problemas em urnas eletrônicas” fabricadas antes de 2020. No entanto, o pedido do TRE-SP para remoção das urnas de 2009 foi feito no dia 7/11, portanto, antes da fala de Valdemar.
Veja as imagens:
Leia a íntegra da nota do TRE-SP:
“Em razão do recebimento, por parte deste TRE/SP, de 44.880 urnas modelo 2020 para as eleições deste ano, a Secretaria de Tecnologia da Informação viu por bem recolher 24.445 urnas eletrônicas modelo 2009, para baixa patrimonial. Estas urnas modelo 2009 foram armazenadas temporariamente no prédio de propriedade deste Tribunal, na Rua Líbero Badaró.
Com vistas a liberação, ainda que parcial, do espaço do prédio da Libero Badaró, este Tribunal obteve a antecipação da retirada de 10.000 urnas por parte do TSE, por meio de sua transportadora Rodoviária, o que se convencionou ocorrer nos domingos 13, 20 e 27 em razão das restrições de circulação de caminhões no Centro da Cidade. Tal fato foi comunicado à CET. E tratado no processo SEI 0042560-15.2022.6.26.8000.
Essas urnas 2009, que, repise-se, por ocasião das eleições já estavam armazenadas para baixa, foram objeto das filmagens deste domingo”.
Processo de descarte das urnas
De acordo com o TSE, a vida útil das urnas eletrônicas é de cerca de 10 anos e seis eleições. O descarte é feito de forma “ecologicamente correta”, por meio de licitação.
O processo é auditado no local por servidores da corte. “A vencedora do certame assume o compromisso de seguir um rigoroso protocolo de segurança. Ao fim do processo, deverá apresentar um relatório final ao TSE”, esclarece o tribunal.
Veja a explicação do TSE sobre o descarte das máquinas:
“As urnas eletrônicas são recolhidas, desmontadas e têm os materiais descaracterizados, ou seja, moídos ou quebrados em pequenas partes. Os suprimentos são separados por tipo: metal, plástico, placas leves (com mais probabilidade de ter metais nobres), placas pesadas (com menor valor de mercado), borracha e outros. Quase todo o equipamento é reciclado. Algumas empresas contratam cooperativas de reciclagem que geram diversos produtos.
Por questões ambientais e em prol da segurança do processo eleitoral, a empresa ganhadora da licitação deve comprovar que tais materiais foram efetivamente usados para reciclagem.”