“Tratada igual lixo”, diz paciente de médico preso acusado de cárcere
Cirurgião plástico Bolívar Guerrero, 63, foi preso na segunda (18/7), em Duque de Caxias, no RJ. Paciente diz que seios ficaram deformados
atualizado
Compartilhar notícia
Rio de Janeiro- Mais uma vítima do médico equatoriano Bolívar Guerrero Silva, 63, decidiu procurar a Delegacia da Mulher de Duque de Caxias (Deam), na Baixada Fluminense do Rio, após a repercussão da prisão do cirurgião plástico. Ao menos oito mulheres já fizeram registro de ocorrência na especializada
“Eu fiz minha cirurgia de prótese na mama dia 14 de janeiro de 2021, mas ficou horrorosa. No dia 2 de agosto do mesmo ano, fiz o reparo. Na primeira cirurgia, fui tratada igual princesa, o médico foi na sala falar comigo, a outra médica também, eu paguei, tudo direitinho, sendo que meu peito ficou imperfeito. Eu questionei e na segunda cirurgia, fui tratada igual um lixo pela equipe médica completa. A anestesista falou que eu estava ali de novo porque gostava, porque eu não cuidei do meu peito direito e por isso ele tinha cedido a prótese”, contou a vendedora Fernanda Almeida, a O Dia.
A mulher conta que pagou R$ 8.100 na primeira cirurgia plástica e R$ 3.100 no segundo procedimento de reparo, mas a autoestima foi destruída pelo resultado.
Toda a cirurgia foi assinada por Bolívar. A médica citada por Fernanda não teve o nome divulgado. A vítima conta que percebeu o erro cirúrgico assim que voltou para o quarto:
“Quando eu saí do centro cirúrgico, meu peito saiu deformado, com a cicatriz da minha auréola toda torta, tipo quadrada. Estava um peito meu em cima e outro embaixo. Eu questionei a doutora e ela disse que meu peito não tinha saído de lá daquele jeito, mas eu tinha fotos, só que depois de um tempo, descobri que ela não era médica, porque ela não teve postura de médica”, disse a mulher.
Embora as reclamações tenham sido feitas com a suposta médica, a vítima reafirmou a participação do médico em todos os procedimentos. “Eu fiz tudo com ele e ela juntinhos. Não cheguei a falar com ele pra fazer a reclamação porque estava tratando tudo com ela, mas quando procurei fazer a cirurgia foi com eles juntos, está tudo carimbado no nome dele”, conta a vítima.
A mulher chegou a abrir um processo contra o médico, mas até agora não foi chamada para depor. A decisão de procurar a delegacia veio após a repercussão do caso:
“Era um sonho, eu tenho 24 anos, não uso roupa decotada, é difícil, fica um em cima e um embaixo, nitidamente. Eu imaginava minha autoestima lá em cima, mas não foi isso que aconteceu”, lamenta Fernanda.
A prima de Fernanda também realizou procedimentos cirúrgicos com Bolívar. A mulher fez uma cirurgia plástica na barriga e também lida com imperfeições:
“A barriga dela um lado está mais alto que o outro, a cicatriz ficou horrorosa. Eu espero que a justiça seja feita e ele pague pelo o que fez, eu fui vitima e outras também foram”, lamenta Fernanda.
Prisão do médico
Bolívar foi preso na tarde de segunda-feira (18/7), no meio de uma cirurgia realizada no Hospital Santa Branca, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ele é acusado de manter uma paciente em cárcere privado por dois meses.
A mulher, de 36 anos, realizou uma abdominoplastia com o médico no início de março. Segundo a polícia, a vítima estava internada desde junho deste ano, em estado grave e com várias complicações após a cirurgia.
A paciente tentou ser transferida por duas vezes, mas o cirurgião dificultou o processo. O pedido de socorro veio da tia da mulher, que procurou a Deam para fazer a denúncia.
A Polícia Civil foi até o hospital na tarde desta segunda-feira (18/7) para resgatar a mulher. Eles cumpriram mandados de prisão preventiva, de busca e apreensão e de condução coercitiva.
O médico está preso temporariamente e vai responder por cárcere privado e associação criminosa. A Deam também intimou os funcionários da unidade hospitalar, que serão ouvidos nos próximos dias.
O Hospital Santa Branca negou que houvesse situação de cárcere privado em suas dependências. Em nota, eles alegaram que o médico Bolívar Guerrero não pertence ao quadro de sócios da empresa e disse que todos os custos foram mantidos pelo cirurgião.