Transplante com HIV: MP denuncia sócios e funcionários de laboratório
Entre os denunciados estão dois sócios, que são pai e filho, e quatro funcionários do laboratório, já presos. “Tinham plena ciência”, diz MP
atualizado
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O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) ofereceu à Justiça, nesta terça-feira (22/10), denúncia contra sócios e funcionários do laboratório PCS Saleme, envolvido no caso dos transplantes de órgãos com HIV que contaminaram seis pessoas.
Entre os denunciados estão os sócios, pai e filho, Walter Vieira e Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, e os funcionários, já presos, Jacqueline Iris Bacellar de Assis, Ivanilson Fernandes dos Santos, Cleber de Oliveira Santos e Adriana Vargas dos Anjos.
Conforme a denúncia, os mencionados devem responder por associação criminosa, lesão corporal e falsidade ideológica. Jacqueline, além desses crimes, deve se tornar ré, ainda, por falsificação de documentação particular.
A denúncia foi feita pela 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada dos Núcleos de Duque de Caxias e Nova Iguaçu. Ela pede, ainda, segundo o MPRJ, a prisão preventiva de todos os envolvidos, com o objetivo de assegurar o andamento das investigações.
O laboratório PCS Saleme havia sido contratado pela Fundação Saúde para fazer exames sorológicos em órgãos doados no Rio de Janeiro. Após série de negligências, falhas e resultados falsos, órgãos com HIV foram transplatados em pacientes do estado.
“Indiferença com a vida”, diz MP
No relato da denúncia, o MP enfatiza que os envolvidos “tinham plena ciência de que pacientes que recebem órgãos transplantados recebem imunossupressores para evitar a sua rejeição, e que a aquisição de qualquer doença em um organismo já fragilizado, principalmente HIV, seria devastadora”.
O texto menciona, ainda, além de resultados falsos, que as unidades do laboratório não tinham alvará e licença sanitária de funcionamento. Só o relatório de inspeção da Vigilância Sanitária identificou quase 40 irregularidades.
Para o MP, o que foi apurado no inquérito instaurado demonstra “a indiferença com a vida e a integridade física dos pacientes transplantados”.
“[Os denunciados] não hesitaram em modificar protocolos de segurança motivados apenas por dinheiro”, pontua a promotora Elisa Ramos Pittaro Neves, responsável pela denúncia.