Transferidos por falta de oxigênio, 14 pacientes do AM morreram em GO
Os últimos dois pacientes de Manaus transferidos para tratamento da Covid-19 em Goiás desde o mês passado, morreram nesta semana
atualizado
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Goiânia – Dos 49 pacientes transferidos de Manaus (AM) para Goiás (GO), para tratamento da Covid-19, 14 morreram. O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), ligado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), informou a morte dos dois últimos pacientes da capital do Amazonas no estado esta semana.
De acordo com a unidade hospitalar, os dois homens, com idades de 44 e 61 anos, estavam internados desde o dia 28 de janeiro de 2021. Eles já chegaram de Manaus em estado de saúde que necessitava de suporte ventilatório e internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo o HC/UFG, os pacientes estavam em estado gravíssimo.
A equipe psicossocial do hospital fez o acolhimento dos familiares das vítimas. Em nota, o HC/UFG e a EBSERH lamentaram as perdas e se solidarizaram com as famílias.
Colapso
Os pacientes manauaras foram trazidos para Goiás, após um colapso no sistema de saúde do Amazonas, que gerou, inclusive, falta de oxigênio no Estado. Mais de 460 pacientes foram transferidos para outros estados em vôos da Força Aérea Brasileira (FAB) para tratamento das complicações da Covid-19.
Do total de pacientes que vieram para Goiás, 33 ficaram no Hospital das Clínicas e, 14 foram levados para o Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP), na região metropolitana da capital. Destes, 8 morreram no HC/UFG e outros 6, no HMAP. 35 pessoas receberam alta e puderam voltar para casa.
Alta
Depois de 29 dias internado e longe da família, o engenheiro elétrico Valderi Romão da Silva, de 51 anos, recebeu alta na quinta-feira (18/2) e deixou o HMAP. Para ele, que chegou ao estado com 75% dos pulmões comprometidos, as pessoas brincaram com a Covid-19 e perderam o amor ao próximo.
Valderi foi o último dos 14 pacientes que foram transferidos para a unidade de saúde a deixar o local. Dos demais, seis morreram e sete já voltaram para casa. Ele faz parte do primeiro grupo transferido pela Força Aérea Brasileira (FAB), no dia 18 de janeiro, auge da crise sanitária no Amazonas.
“Passei o ano todo, praticamente, isolado e não sei como peguei a doença. As pessoas, na verdade, são muito irresponsáveis, não têm amor à própria vida e nem à do próximo. Muitos estão brincando ainda. O que a gente vê no mundo todo é a irresponsabilidade das pessoas”, diz ele.
O engenheiro chegou a ser intubado e, nos últimos dias, estava na enfermaria. Ele viu o noticiário e acompanhou a repercussão das aglomerações no feriado de Carnaval. “Boa parte do que acontece é culpa das pessoas. A gente vê pelo próprio Carnaval, o que aconteceu. As pessoas não assumem a responsabilidade”, reflete.